SUICÍDIO DE PASTORES, UMA PRÁTICA CADA VEZ MAIS COMUM EM NOSSOS DIAS.



O suicídio sempre foi um dos grandes tabus no meio evangélico, recentemente temos acompanhado pelos noticiários o caso de pastores que se suicidaram e tal atitude trouxe novamente este tema para o centro do debate aonde tem se discutido sobre quais motivos seriam capazes de levar um ministro do evangelho a tal atitude de desespero a ponto de, segundo o entendimento de alguns, comprometer a sua condição diante de Deus como salvo em Jesus Cristo?
Um dos casos mais recente aconteceu em Cornélio Procópio (PR) no último domingo. O pastor Ricardo Moisés, da Igreja Assembleia de Deus, se enforcou em sua casa que fica nos fundos da igreja.  Com 28 anos de idade, Ricardo foi encontrado já sem vida por sua esposa, que chegou a acionar o SAMU e a Polícia Militar, mas era tarde demais.
Nesta terça-feira (12) o pastor Júlio César Silva, ex-presidente da Assembleia de Deus Ministério Madureira em Araruama (RJ) tirou a própria vida também por enforcamento. O corpo do pastor foi encontrado na varanda de sua casa, localizada em um condomínio na região nobre da cidade.
Ainda que o motivo dessas mortes não tenha sido revelado por suas famílias, os números cada vez maiores de pastores que cometem suicídio têm preocupado instituições em todo o mundo. O Instituto Schaeffer, dos Estados Unidos, chegou a pesquisar sobre a saúde mental de líderes religiosos e revelou que 70% dos pastores lutam constantemente com a depressão, e 71% estão “esgotados” física e mentalmente.
Ainda de acordo com esta pesquisa, 80% dos pastores acreditam que o ministério pastoral afeta negativamente suas famílias e 70% dizem não ter um amigo próximo. Assim como o número geral de suicídios, os casos com vítimas que lideram igrejas também têm a depressão como principal causa. Além da doença, fatores como traições ministeriais, baixos salários, isolamento, falta de amigos e problemas conjugais também foram registrados.

O pastor e escritor Geremias Couto faz a seguinte observação sobre este assunto:
A morte por suicídio de um pastor assembleiano ontem me leva a algumas considerações. A primeira delas é que em razão do ofício somos tentados a mostrar uma face que nem sempre reflete o que vai no coração. É que as pessoas de perto ou de longe precisam pensar que estamos bem. Somos guias do rebanho e estamos proibidos de qualquer tropeço sob pena de a casa vir abaixo.
Outro ponto é o nosso próprio encastelamento, que nos distancia pouco a pouco do povo a quem servimos. Este, por sua vez, também se afasta por achar que como pastores temos uma aura de santidade que nos difere e nos põe num patamar privilegiado de modo que ele - o povo - precisa manter certa distância reverencial. Com isso, ficamos isolados e perdemos o senso de pertencimento. Logo somos presa da prepotência.”

Apesar dos casos em questão se referirem a pastores assembleianos, esta tem sido uma realidade vivida por pastores das mais diversas denominações, eu mesmo já compartilhei de situações de amigos pastores que viveram quadros sérios de depressão e descredito ministerial. Certa vez em viagem com um desses amigos, ele me confessou, “Vicente, igreja não ama pastor, igreja ama o que o pastor representa e principalmente o que ele faz em favor das carências e necessidade do rebanho. Se eu um dia não poder mais servir aos interesses da igreja ou tiver qualquer problema que inviabilize meu ministério, as únicas pessoas que terei ao meu lado nesse momento será a minha família, ou o que resta dela.
Temos uma mania viciada no meio evangélico brasileiro, fruto da ignorância funcional de muitos “cristãos” que é a ideia de que pastor é um ser inerrante e infalível, pastor é alguém alto suficiente em seu pedestal imponente, alguém que para muitos deixou até mesmo de ser humano e alguns pseudo-pastores se aproveitando desta ausência de um referencial genuinamente bíblico, abraçam esta condição, usurpando uma posição fora da vontade de Deus para seu ministério.
É preocupante esta situação pelo fato do suicídio para alguns não ser uma prática apenas física como também de consciência e espiritualidade, quantos pastores já não se suicidaram por terem tomado caminhos errados não somente em seus ministérios, como principalmente em suas vidas cristãs, a morte física é só uma questão de tempo, porem a morte espiritual já é uma realidade latente.
Precisamos entender que pastor é gente, ele sofre, sangra, chora, cai, peca, na Bíblia não encontraremos um personagem perfeito e isso se dá para que a perfeição de Deus, manifesta em Cristo tivesse destaque em suas vidas. Os profetas no Antigo Testamento foram homens que passaram pelas mais diversas situações como depressão, desobediência, angustia e oposições extremas, o apostolo Paulo vai expor em vários momentos nas suas epistolas suas tribulações e fraquezas como motivo para gloriar-se em Cristo e para despertar a igreja a continuar intercedendo por sua vida e ministério. O pastor não pode assumir uma condição fora da sua realidade, ele não pode viver em função do seu status, assim como a igreja não pode se deixar levar por essas coisas, desconsiderando a necessidade e apoiar o seu líder e família sendo sensível as suas carências e necessidades. É lamentável e triste tal situação, porem reflete o estado decadente de uma igreja irreverente e indiferente ao que realmente nos torna igreja de Cristo para a gloria de Deus.


DEUS VOS ABENÇOE! 

Bibliografia do Artigo:
Site JM Notícias
Facebook do Pr. Geremias Couto