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ALGUMAS COISAS QUE OS NÃO CALVINISTAS DEVERIAM SABER SOBRE O CALVINISMO



por
Colin Maxwell



Esta é uma tentativa de corrigir alguns dos mal-entendidos sobre o Calvinismo. Isto não pretende ser uma defesa doutrinária detalhada das Doutrinas da Graça.

1) Calvinismo e Hiper-calvinismo são pólos opostos. Os termos não devem ser usados como sinônimos. Um hiper-calvinista não é apenas um calvinista zeloso. Ambos consideram o outro como calvinistas “mistos”. Ninguém chama a si mesmo de hiper-calvinista.

2) Sim, os calvinistas se dividem em várias facções. Mas existem muitas escolas doutrinárias, e.g. Dispensacionalismo, Governo da Igreja, Adoração... nós cantamos somente Salmos ou usamos hinos? Quais hinos? Nós usamos música? Qual música? Com que conjunto de textos nós baseamos nossa tradução da Bíblia? É o Textus Receptus que é importante ou a (KJV) AV ? Ou ambos? Etc.

3) O termo livre-arbítrio precisa ser definido para evitar confusão. Calvinistas poderão afirmá-lo ou negá-lo, dependendo do que eles achamque você quis dizer... Isto algumas vezes leva a acusações de contradição. Consulte as Confissões Calvinistas padrão, e.g. a Confissão de Fé de Westminster, capítulo 9, para uma definição de termos.

4) O termo livre agência não é automaticamente o mesmo que livre-arbítrio quando usado por um calvinista. Ele é o termo calvinista preferido para livre-arbítrio. Preferido de forma a evitar a confusão tratada no ponto acima.

5) Calvinistas acreditam na responsabilidade do homem, mas negam sua capacidade de arrepender-se e crer no Evangelho. Os dois termos não são sinônimos. Calvinistas crêem que a incapacidade do homem de arrepender-se e crer é causada por seu próprio pecado, e a sua incapacidade não anula a sua responsabilidade.

6) Calvinistas não acreditam que os homens são fantoches, bonecos de madeira ou robôs, mas seres responsáveis e tratados assim por Deus, mesmo quando decaídos.

7) Calvinistas não são fatalistas. Calvinistas acreditam que Deus ordenou o fim e também os meios para este fim. Portanto, eles crêem no evangelismo como o meio que Deus usa para cumprir sua intenção de salvar os eleitos. Não é verdadeiro dizer que os calvinistas acreditam que Deus salva homens sem o Evangelho. Calvinistas acreditam em oração.

8) Calvinistas acreditam que é obrigação dos homens arrependerem-se e crerem no Evangelho. Esta é um de nossas disputas com alguns hiper-calvinistas.

9) Calvinistas acreditam que o Evangelho deve (para citar Calvino) ser pregado indiscriminadamente aos eleitos e réprobos (Comentário de Isaías 54:13), visto que não sabemos quem são eles, mas somente Deus.

10) Calvinistas não limitam o valor ou mérito ou dignidade do sangue de Cristo. Eles limitam a intenção do sangue para salvar qualquer um além dos eleitos. Nós estamos satisfeitos o bastante (como estava João Calvino) com a afirmação de que o sangue de Cristo é suficiente para o mundo inteiro, mas eficiente somente para os eleitos.

11) Calvinistas não pregam apenas os Cinco Ponttos e nada mais. Pelo menos não mais que Dispensacionalistas que pregam apenas sobre profecias ou Pentecostais que só pregam sobre os dons do Espírito, etc.

12) Calvinistas não lêem os Cinco Pontos em todos os textos da Escritura. Muitos dos maiores comentários bíblicos, amados e valorizados por todos os cristãos (e.g, Mattew Henry) foram escritos por calvinistas.

13) Calvinistas acreditam que os homens podem resistir ao Espírito Santo. Eles acreditam que mesmo os eleitos podem resistir ao Espírito Santo, e o fazem... mas somente até o momento em que o Espírito regenera seus corações de forma que não resistam mais a Ele. Os não-eleitos efetivamente resistem a ele por toda a vida.

14) Calvinistas não acreditam que todos os homens são levados se debatendo e gritando irresistivelmente a Cristo. Nós acreditamos na graça irresistível. A vontade não é ignorada na salvação. Nenhum homem vem a Cristo involuntariamente, ou se lamenta por ter sido trazido.

15) Calvinistas não acreditam que existam almas lá fora que querem ser salvas, mas não podem ser salvas porque não são eleitas.

16) Calvinistas, sem ter acesso ao Livro da Vida do Cordeiro, vêem todo homem como potencialmente eleito e pregam o evangelho a ele.

17) Calvinistas acreditam na eleição incondicional mas eles não acreditam na salvação incondicional. A não ser que o homem nasça de novo, ele não entrará no Reino dos céus (João 3:3). A não ser que ele se arrependa, ele perecerá (Lucas 13:3). A não ser que seja convertido, etc... todas estas são condições da salvação.

18) Calvinistas acreditam que a regeneração precede a fé em Cristo. Nós não confundimos o termo regeneração com justificação ou salvação. O Espírito de Deus regenera o pecador eleito capacitando-o a abandonar seu pecado e voluntariamente abraçar a Cristo e então ser justificado pela fé e salvo pela eternidade. Regeneração, portanto, não é sinônimo de justificação ou salvação assim como convicação de pecado não é sinônimo de conversão a Cristo.

19) Perseverança dos santos não significa que os calvinistas crêem que eles podem levar sua querida vida sem qualquer referência a observar o poder de Deus. Isto simplesmente significa que nós cremos que os cristãos provarão ser vencedores, de acordo com 1 João 5:4-5, etc...

20) Alguns calvinistas usam a frase redenção particular em oposição à expiação limitada porque eles podem ver como a posição da redenção geral também limita a expiação, embora de uma forma diferente, isto é, ela não realiza a tudo que se pretende.
21) Calvinistas não acreditam que João Calvino era infalível... não mais que Metodistas acreditam que João Wesley foi infalível ou Dispensacionalistas dão a Schofield ou John Darby a palavra final.

22) Embora os calvinistas creiam que a graça salvadora e o arrependimento são dons de Deus, dados somente a seus eleitos, eles não crêem que Deus exercita a fé por eles ou arrepende-se por eles. O pecador eleito, capacitado pelo poder de Deus, realmente se arrepende e crê por si mesmo.

23) Embora possa não haver um meio-termo real entre a posição calvinista e aquela dos não-calvinistas, ainda assim muitos calvinistas acreditam que os dois lados realmente pregam o Evangelho. Apesar de nossas diferenças em muitos dos detalhes, um homem que prega que Cristo morreu pelos ímpios e que a obra foi suficiente para salvar aquele que se arrepende e crê está realmente pregando o Evangelho. Nós nos regozijamos na pregação do Evangelho de John Wesley tanto quanto na de George Whitefield, apesar de (naturalmente) considerarmos Whitefield um teólogo melhor.

24) Não há nenhuma contradição ou paradoxo entre a soberania de Deus e a responsabilidade do homem. Em nenhum lugar a Escritura diz que o homem é responsável porque ele é livre, ou seja, a afirmação de que a responsabilidade pressupõe a liberdade é uma falácia. Pelo contrário, a Escritura ensina que o homem é responsável porque Deus, que é soberano, o considerada assim. Além do mais, Paulo, em Romanos 1, afirma que é o conhecimento inato do homem que o torna responsável pelos seus atos, e não a sua suposta liberdade. Isso está de acordo com o que Jesus diz em João 9:41: “Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado”.

25) Embora os calvinistas creiam que até mesmo atos pecaminosos são ordenados por Deus (Efésios 1:11/Provérbios 16:4), isso não faz de Deus o autor do pecado. Concordamos com o Dr. Clark, que ao escrever seu livro sobre o problema do mal, disse: “Deus não é o autor deste livro, como os arminianos seriam os primeiros a admitir; mas ele é a causa última dele, como a Bíblia ensina. Todavia, eu sou o autor. Autoridade, portanto, é um tipo de causa, mas há outros tipos. O autor de um livro é a sua causa imediata; Deus é a sua causa última... Deus não comete mais pecado do que ele está escrevendo essas palavras”.


Então, aqui está. Eu não espero que esta lista realmente convença alguém da verdade da posição calvinista. Isto não intenta ser uma defesa doutrinária do Calvinismo. Eu dei poucas referências porque queria manter curto e de fácil acesso. As confissões calvinistas padrão (isto é, a Confissão de Fé de Westminster, etc.) devem ser consultadas para afirmações definitivas. O Dictionary of Theological Terms (Rev. Alan Cairus) é uma ferramenta inestimável. Espero que esclareça mais que alguns poucos mal-entendidos. É desanimador ao extremo ver uma caricatura de sua fé ridicularizada. Talvez alguém do outro lado da batalha (não-calvinistas) possa esforçar-se e esclarecer alguns mal-entendidos que os calvinistas porventura tenham.

Traduzido, modificado e expandido por: Josaías Cardoso 
Agradecemos ao tradutor, que gentilmente se dispôs a traduzir esse artigo para o site Monergismo.com.
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