SUICÍDIO DE PASTORES, UMA PRÁTICA CADA VEZ MAIS COMUM EM NOSSOS DIAS.



O suicídio sempre foi um dos grandes tabus no meio evangélico, recentemente temos acompanhado pelos noticiários o caso de pastores que se suicidaram e tal atitude trouxe novamente este tema para o centro do debate aonde tem se discutido sobre quais motivos seriam capazes de levar um ministro do evangelho a tal atitude de desespero a ponto de, segundo o entendimento de alguns, comprometer a sua condição diante de Deus como salvo em Jesus Cristo?
Um dos casos mais recente aconteceu em Cornélio Procópio (PR) no último domingo. O pastor Ricardo Moisés, da Igreja Assembleia de Deus, se enforcou em sua casa que fica nos fundos da igreja.  Com 28 anos de idade, Ricardo foi encontrado já sem vida por sua esposa, que chegou a acionar o SAMU e a Polícia Militar, mas era tarde demais.
Nesta terça-feira (12) o pastor Júlio César Silva, ex-presidente da Assembleia de Deus Ministério Madureira em Araruama (RJ) tirou a própria vida também por enforcamento. O corpo do pastor foi encontrado na varanda de sua casa, localizada em um condomínio na região nobre da cidade.
Ainda que o motivo dessas mortes não tenha sido revelado por suas famílias, os números cada vez maiores de pastores que cometem suicídio têm preocupado instituições em todo o mundo. O Instituto Schaeffer, dos Estados Unidos, chegou a pesquisar sobre a saúde mental de líderes religiosos e revelou que 70% dos pastores lutam constantemente com a depressão, e 71% estão “esgotados” física e mentalmente.
Ainda de acordo com esta pesquisa, 80% dos pastores acreditam que o ministério pastoral afeta negativamente suas famílias e 70% dizem não ter um amigo próximo. Assim como o número geral de suicídios, os casos com vítimas que lideram igrejas também têm a depressão como principal causa. Além da doença, fatores como traições ministeriais, baixos salários, isolamento, falta de amigos e problemas conjugais também foram registrados.

O pastor e escritor Geremias Couto faz a seguinte observação sobre este assunto:
A morte por suicídio de um pastor assembleiano ontem me leva a algumas considerações. A primeira delas é que em razão do ofício somos tentados a mostrar uma face que nem sempre reflete o que vai no coração. É que as pessoas de perto ou de longe precisam pensar que estamos bem. Somos guias do rebanho e estamos proibidos de qualquer tropeço sob pena de a casa vir abaixo.
Outro ponto é o nosso próprio encastelamento, que nos distancia pouco a pouco do povo a quem servimos. Este, por sua vez, também se afasta por achar que como pastores temos uma aura de santidade que nos difere e nos põe num patamar privilegiado de modo que ele - o povo - precisa manter certa distância reverencial. Com isso, ficamos isolados e perdemos o senso de pertencimento. Logo somos presa da prepotência.”

Apesar dos casos em questão se referirem a pastores assembleianos, esta tem sido uma realidade vivida por pastores das mais diversas denominações, eu mesmo já compartilhei de situações de amigos pastores que viveram quadros sérios de depressão e descredito ministerial. Certa vez em viagem com um desses amigos, ele me confessou, “Vicente, igreja não ama pastor, igreja ama o que o pastor representa e principalmente o que ele faz em favor das carências e necessidade do rebanho. Se eu um dia não poder mais servir aos interesses da igreja ou tiver qualquer problema que inviabilize meu ministério, as únicas pessoas que terei ao meu lado nesse momento será a minha família, ou o que resta dela.
Temos uma mania viciada no meio evangélico brasileiro, fruto da ignorância funcional de muitos “cristãos” que é a ideia de que pastor é um ser inerrante e infalível, pastor é alguém alto suficiente em seu pedestal imponente, alguém que para muitos deixou até mesmo de ser humano e alguns pseudo-pastores se aproveitando desta ausência de um referencial genuinamente bíblico, abraçam esta condição, usurpando uma posição fora da vontade de Deus para seu ministério.
É preocupante esta situação pelo fato do suicídio para alguns não ser uma prática apenas física como também de consciência e espiritualidade, quantos pastores já não se suicidaram por terem tomado caminhos errados não somente em seus ministérios, como principalmente em suas vidas cristãs, a morte física é só uma questão de tempo, porem a morte espiritual já é uma realidade latente.
Precisamos entender que pastor é gente, ele sofre, sangra, chora, cai, peca, na Bíblia não encontraremos um personagem perfeito e isso se dá para que a perfeição de Deus, manifesta em Cristo tivesse destaque em suas vidas. Os profetas no Antigo Testamento foram homens que passaram pelas mais diversas situações como depressão, desobediência, angustia e oposições extremas, o apostolo Paulo vai expor em vários momentos nas suas epistolas suas tribulações e fraquezas como motivo para gloriar-se em Cristo e para despertar a igreja a continuar intercedendo por sua vida e ministério. O pastor não pode assumir uma condição fora da sua realidade, ele não pode viver em função do seu status, assim como a igreja não pode se deixar levar por essas coisas, desconsiderando a necessidade e apoiar o seu líder e família sendo sensível as suas carências e necessidades. É lamentável e triste tal situação, porem reflete o estado decadente de uma igreja irreverente e indiferente ao que realmente nos torna igreja de Cristo para a gloria de Deus.


DEUS VOS ABENÇOE! 

Bibliografia do Artigo:
Site JM Notícias
Facebook do Pr. Geremias Couto

PRINCÍPIOS PARA UMA PREGAÇÃO GENUINAMENTE BÍBLICA



“ Para mim a pregação é a mais elevada, a maior e mais gloriosa vocação para qual alguém pode ser chamado”

Dr. Martyn LIoyd-Jones


    Se a igreja cristã quiser manter um testemunho ativo nesta geração, e se os crentes em Cristo desejarem crescer e torna-se cristãos maduros e eficientes, então é da maior importância que os pastores, mestres e outros líderes providenciem para o seu povo o “leite sincero da Palavra” mediante a mensagens centralizadas na Bíblia e dela derivadas. Essa tem sido a mais urgente necessidade da igreja moderna, uma igreja que tem se secularizado ao ponto de considerar a exposição bíblica algo fora de moda e como resultado dessa postura o rebanho do Senhor tem sofrido com os efeitos nocivos da desnutrição espiritual travestida de misticismo, prosperidade materialista, individualismos e tantos outros males que tem tornado a participação evangelística da igreja irrelevante.
    Para a realização da árdua missão de sermos ministros do Evangelho de Cristo, precisamos estar comprometidos com certas verdades. (1) A Bíblia é a Palavra de Deus. Agostinho vai dizer “Quando a Bíblia fala, Deus fala. ” Isso mostra que se eu posso entender uma passagem em seu contexto, então o que eu sei é o que Deus quer dizer. (2) Toda Bíblia é a Palavra de Deus. Todos os 66 livros são igualmente inspirados por Deus e fazem parte da sua revelação especial a humanidade. (3) A Bíblia é auto-atestatória. Se pessoas podem ser expostas a um entendimento bíblico regular e constante, então elas não precisam de argumentos sobre a veracidade das Escrituras. (4) Isso conduz a abordagem de uma pregação do tipo “Assim diz o Senhor”. Não me refiro a um método homilético aqui, mas a um desejo de abrir as Escrituras de modo que a autoridade da mensagem de apoie na Bíblia. (5) O estudante da Bíblia precisa chegar a intenção do autor da Bíblico.  Esse aspecto vamos trabalhar com mais propriedade quando formos falar sobre noções de intepretação Bíblica, aonde vamos responder perguntas como, o que o autor bíblico quis dizer ao leitor da Bíblia? A Bíblia não pode significar o que não significou. (6) A Bíblia é um livro sobre Deus. Ela não é um livro religioso, de auto ajuda nem nada do tipo, ele trata sobre quem Deus é e o que ele pensa e quer. (7) Nós não tornamos a Bíblia relevante. Nosso dever com a exposição Bíblica não é torná-la relevante, mas mostra a sua relevância.

A pregação Bíblica genuína apresenta um Deus supremo Senhor sobre tudo e todos, a verdade não somente sobre o que ele faz, mas principalmente sobre quem ele é, vamos analisar adiante alguns aspectos desta característica inequívoca do labor homilético.

 Deus deve ser supremo na Pregação

1.    O Alvo da Pregação: A glória de Deus

Uma pregação verdadeiramente bíblica glorifica única e exclusivamente a Deus. Não existe espaço para a promoção, nem tão pouco a glorificação, de quem prega, pois, o ministério da pregação tem como começo, meio e fim o Pai, o Filho e o Espirito Santo. O viés dominante na pregação é a graça soberana de Deus, o seu tema unificador deve ser o zelo que o próprio Deus tem com a sua glória e o objetivo sublime da pregação é o infinito e inexaurível ser de Deus e sua santidade. Com isso, mesmo diante das coisas ordinárias da vida que venha a ser apresentadas na pregação, estes assuntos não somente serão levantados. Serão elevados até Deus.

2.    A Base da Pregação: A cruz de Cristo

O alvo da pregação é a glória de Deus na sua submissão prazerosa de sua criação. E, portanto, há um obstáculo a esta pregação em Deus e há um obstáculo no homem. O orgulho do homem não se deleita na glória de Deus, enquanto que a Justiça de Deus não deixará que sua glória seja escarnecida. Portanto, onde encontramos alguma esperança de que a pregação atingirá seu alvo, que Deus seja glorificado naqueles que estão satisfeitos nele? Na cruz de Cristo, Deus encarregou-se de superar os dois obstáculos a pregação. Ela supera o obstáculo objetivo, externo, da oposição da justiça de Deus ao orgulho humano e supera o obstáculo subjetivo interno de nossa oposição orgulhosa a gloria de Deus. A Pregação Bíblica encontra sua validade na cruz de Cristo.

3.    O Dom da Pregação: O poder do Espirito Santo

A supremacia de Deus na pregação exige que o nosso alvo constante nela seja expor e engrandecer a glória de Deus e que a suficiência plena cruz do filho de Deus seja confirmada consciente de nossa pregação e a humilhação de nosso orgulho. Porém, nada disso ocorrerá, no entanto exclusivamente em nós. O trabalho soberano do Espirito de Deus deve ser o poder pelo qual tudo é alcançado. É o Espirito Santo que nos conscientiza da nossa real condição como pregadores da Palavra de Deus, meros canais, servos aos quais o Senhor por sua graça redentora nos usa para o louvor da sua glória. Precisamos admitir, suplicar confiar e deixar ele atuar a partir da exposição das Sagradas Escrituras, para que então possamos agradecer a Deus o privilégio de servir ao seu soberano proposito na pregação da sua Palavra Fiel.

4.    Serenidade e Alegria na Pregação

A seriedade na pregação era uma marca sempre presente no ministério de Jonathan Edwards, um dos principais avivalistas da igreja, ele era um homem intimamente comprometido no exercício da sua vocação. Ele afirma em um de seus sermões “Se um ministro possui luz sem calor, e entretém seus ouvintes com discursos eruditos, sem o aroma do poder da fé ou qualquer manifestação de fervor de espirito, e sem zelo por Deus e pelo bem das almas, ele poderá agradar a ouvidos desejosos, e preencher a mente de seu povo com noções vagas; mas provavelmente não ensinará seus corações nem salvará suas almas.” Ele possuía uma convicção esmagadora da realidade das glorias do céu e dos horrores do inferno, o que tornava sua pregação totalmente séria, sendo criticado severamente por seu fervor em razão de promover um despertamento religioso que ocorreu na sua época. Estamos diante de uma realidade evangélica aonde é notória a ausência de serenidade, provocando uma manifestação de alegria alheia aos reais resultados da pregação Bíblica. Precisamos levar em consideração o exemplo de Edwards, pregando a Palavra de Deus com fervor, mas um fervor reverente a glória divina.

Tornando Deus supremo na Pregação

5.    Mantenha Deus no centro

Para que o Senhor seja supremo em nossa pregação, ele primeiro tem que ser em nossas vidas, mesmo porque, aquilo que falamos deve refletir o que vivemos com Deus. Mas uma vez me valendo do exemplo do Jonathas Edwards, ele incorpora a verdade de que a teologia existe para a doxologia. Em todas as áreas da sua vida Edwards transmitia sua paixão para com Deus, este é o motivo pelo qual ele se torna tão importante, quando focalizamos a supremacia de Deus na pregação.

6.    Submeta-se a doce soberania

Quando Jonathas Edwards se aquietou e contemplou a grande verdade de que Deus é Deus, viu um Ser majestoso cuja simples existência subentendia poder infinito, conhecimento infinito e santidade infinita. Para Edwards, o poder infinito, ou a soberania absoluta de Deus, era o fundamento da suficiência plena de Deus. E sua suficiência plena era o fundamento de sua perfeita santidade. A outra inferência proveniente de sua visão de Deus é que o dever do homem é deleitar-se em sua glória. Ele entendia que não havia verdadeira religiosidade sem sentimentos santos e que a fé salvadora era perseverante. Ele entendeu Deus como um ser totalmente soberano, autossuficiente e todo-suficiente, infinito em santidade e, portanto, perfeitamente glorioso.





7.    Torne Deus supremo

A essência da mensagem de Edwards pode ser encontrada em 10 características, as quais são tão valiosas para nossos próprios dias, que serão apresentadas como desafios e não somente como fatos sobre Edwards.

·         Desperte sentimentos santos:  Uma boa pregação tem como objetivo encorajar “emoções santas” tais como ódio do pecado, deleite em Deus, esperança em suas promessas, gratidão por sua misericórdia, desejo de santidade e compaixão terna.
·         Ilumina as mentes: É crucial levar luz a mente porque os sentimentos que não são provenientes de seu entendimento da verdade não são afetos santos.
·         Sature com as Escrituras: Afirmo que uma boa pregação é “saturada com as Escrituras” e não “baseado nas Escrituras”, pois as Escrituras são mais (e não menos) do que a base para uma boa pregação.
·         Empregue analogias e imagens: A experiencia e as Escrituras nos revelam que o coração é tocado de forma poderosa, não quando a mente se encontra absorta em ideias abstratas, mas quando é preenchida com imagens vividas da realidade estupenda.
·         Use ameaças e advertências: Edwards conhecia seu inferno, mas melhor ainda seu céu. Boas mensagens bíblicas incluem advertências a congregação.
·         Peça uma resposta: Não somos meramente passivos, nem Deus faz alguma coisa e nós, o resto. Deus faz tudo, e nós fazemos tudo. Deus fornece tudo, e nós desempenhamos tudo. Porque é isto que ele produz, a saber nossas próprias ações.
·         Sonde as operações do coração: A pregação poderosa é como uma cirurgia. Sob a unção do Espirito Santo, ela localiza, perfura e remove a infecção do pecado.
·         Submeta-se ao Espirito Santo em Oração: O pregador deve labutar em oração para colocar sua pregação sob a influência divina. 
·         Tenha um coração quebrantado e compassivo: Uma boa pregação procede de um espirito quebrantado e dócil. Apesar de toda sua autoridade e poder, Jesus era cativante, pois era manso e humilde de coração.
·         Seja intenso: Uma pregação que compele os ouvintes produz a impressão de que algo grandioso está em jogo. Com a visão de Edwards sobre a realidade do céu e do inferno, e da necessidade de perseverar em uma vida de santos afetos e piedade, a eternidade estava em jogo no domingo.

Pregar o Evangelho é uma atividade importante e prazeroso no ministério cristã. Porém, em nossos dias ela tem se tornado um desafio cada vez mais desgastante e sucateado por conta da falta de compromisso com a causa do evangelho da cruz.
Precisamos hoje mais do que nunca, colocar o nosso compromisso com a exposição fiel das Sagradas Escrituras acima de qualquer conveniência e vaidade humana. Que o homem nada fale de si mesmo, mas que o Senhor tenha liberdade para ministrar aos corações com poder e glória.

Deus vos abençoe!


BIBLIOGRAFIA DO ARTIGO
·         Supremacia de Deus na Pregação
Autor: John Piper
Editora: Shedd

·         Pregação e Pregadores
Autor: D. Martyn LIoyd-Jones
Editora: Fiel






INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO DE MARTINHO LUTERO - PR. JONAS MADUREIRA


Nesta palestra o pastor Jonas Madureira irá nos dá informações preciosas sobre o contexto e os motivos que levaram Martinho Lutero a promover a Reforma Protestante.

INTRODUÇÃO Á TEOLOGIA BÍBLICA


Neste vídeo voce terá uma exposição objetiva e bem fundamentada sobre um dos campos mais importantes do estudo da teologia.

A CONFLITUOSA CONFUSÃO DA MASCULINIDADE E FEMINILIDADE DEPOIS DA QUEDA



Para a mulher ele disse, "Eu aumentarei muito a sua dor ao dar a luz; na dor você trará ao mundo crianças, ainda assim o seu desejo deverá ser para com seu marido, e ele deverá ditar as regras sobre você... se você se der bem, como você não seria aceita? E se você não se der bem, o pecado baterá à sua porta; o desejo do pecado será para você, mas você deverá dominá-lo."

Na semana passada focamos nossa atenção em Gênesis 1:27. Essa é a base extremamente importante para a compreensão do que é ser humano, especialmente o que significa ser o humano masculino e o humano feminino. "Então Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança; masculino e feminino Ele os criou." Moisés adicionou as palavras "masculino e feminino "para ter certeza que ninguém faça confusão pensando que a palavra HOMEM neste verso (“ Ele criou o homem à Sua própria imagem”) refere-se apenas ao humano masculino e não ao humano feminino. Gênesis 5:1-2 faz o mesmo ponto: "Esse é o livro das gerações de Adão. Quando Deus criou o homem (Adão), Ele o fez semelhante a Deus. Homem e Mulher Ele os criou, e Ele os abençoou e deu o a eles o nome de Homem (Adão) quando eles foram criados." Então o ensinamento claro em Gênesis é que os seres humanos, tanto o homem quanto a mulher, são totalmente diferentes de todas as demais criaturas, pois os humanos sozinhos são a imagem e semelhança de Deus – tanto o homem quanto a mulher.

Então eu disse na semana passada que Deus nos criou à sua imagem COMO HOMEM E MULHER, isso quer dizer igualdade de pessoa, de dignidade, respeito mutuo, harmonia, complementaridade e destino unificado.

Igualdade de pessoa significa que o homem não é menos que a mulher porque ele tem cabelo em seu peito como um gorila, uma mulher não menos que o homem porque ela tem menos pelo no peito como um peixe. Eles são iguais em sua pessoa e suas diferenças não mudam aquela verdade básica.

Igualdade de dignidade significa que eles devem ser honrados de maneira igual como seres humanos à imagem de Deus. Pedro diz (em Pedro 1, 2:17) "honrar a todos," isto é, todos os seres humanos. Existe uma honra a ser utilizada em relação às pessoas apenas por elas serem seres humanos. Existe até mesmo a honra que devemos até mesmo ao pior dos criminosos, como um Ted Bundy, apenas pelo fato dele ser um ser humano e não um cachorro. E essa honra pertence igualmente tanto ao homem quanto a mulher.

O respeito mútuo quer dizer que homens e mulheres devem ser igualmente zelosos para respeitar e honrar um ao outro. O respeito não deve partir apenas de uma direção. Criados à imagem de Deus, homem e mulher devem se olhar com um tipo de temor respeitoso o qual modera, mas não é destruído pelo pecado.

A harmonia significa que deve existir uma cooperação pacífica entre homens e mulheres. Devemos encontrar maneiras de lubrificar as engrenagens de nossos relacionamentos a fim de existir trabalho em equipe e também uma harmonia além de uma ajuda mútua e prazer.

A complementaridade significa que a música de nossos relacionamentos não devem apenas soar apenas como o coro de uma só voz. Deve ser o som integrado de um soprano e de um baixo, um alto e um tenor. Isso significa que as diferenças entre homens e mulheres serão respeitadas e afirmadas e valorizadas. Isso significa que homem e mulher não tentarão se duplicar, mas sim vão enfatizar no outro as qualidades únicas necessárias para o enriquecimento mútuo.

Finalmente, o destino unificado significa que homem e mulher, quando estão juntos na fé do Cristo, são “herdeiros da graça da vida” (Pedro 1, 3:7). Estamos predestinados para ter um prazer igual da revelação da glória de Deus nos anos que estão por vir.

Então ao criar os seres humanos como homem e mulher a sua imagem, Deus tinha algo em sua grandiosa mente. Ele ainda tem isso em sua mente. E em Jesus Cristo, Ele pretende redimir a visão das destruições do pecado.

Vimos brevemente na semana passada o que o pecado fez com que a relação entre homens e mulheres. Quero esclarecer isso que melhor hoje. Originalmente havia planejado apenas tocar neste assunto e utilizar o meu tempo na visão da masculinidade e da feminilidade antes da queda. Mas a mensagem tomou um rumo diferente e o que vou fazer é ajustar para que se esclareça essa visão pré-queda da masculinidade e da feminilidade na semana que vem. Quero que percebam muito precisamente que o conflito é entre homens e mulheres, e o quanto essa confusão é grande hoje em dia sobre o que significa ser homem e ser mulher.

Vamos dar uma olhada em Gênesis 3:16. Adão e Eva ambos cometeram um pecado contra Deus. Eles desconfiaram de sua bondade e deram as costas para Ele a fim de depender de suas próprias sabedorias do que é ser feliz. Então eles rejeitaram a Sua palavra e eles comeram da fruta daquela árvore do conhecimento do bom e do mal. Deus os chama para os comunicar e descrever como as coisas da vida do ser humano serão daquele momento em diante devido ao pecado. Em Gênesis 3:16 Deus diz à mulher, "Eu multiplicarei imensamente a sua dor ao dar à luz; em dor deverás dar à luz aos seus filhos, e seu desejo deverá ser sobre o seu marido e ele deverá te dominar." Essa é a descrição do curso. É uma descrição de miséria, ao uma descrição de casamento. Essa é a maneira que deverá ser na história onde o pecado tem o controle. Mas o que realmente está sendo dito aqui? Qual é a natureza deste relacionamento destruído depois do pecado?

A chave está em reconhecer a relação entre as últimas palavras deste verso (3:16b) e as últimas palavras de Gênesis 4:7. Aqui Deus está avisando Caim sobre os eu ressentimento e a sua fúria contra Abel. Deus diz a ele que o pecado está quase controlando a sua vida. Note no final do verso 7: "O pecado está se postando na porta; ele o deseja, mas você deve dominá-lo (literalmente:você deve ditar as regras sobre ele)."

Um paralelo aqui entre 3:16 e 4:7 é extremamente próximo. As palavras são virtualmente as mesmas em Hebreu, mas também se pode observar o mesmo em Inglês. Em 3:16 Deus diz à mulher, "Seu desejo deverá ser sobre os seu marido, e ele deverá te dominar." Em 4:7 Deus diz à Caim, "O desejo do pecado está sobre você, e você deve dominá-lo."

Agora a razão pela qual é importante notar esse detalha é que isso nos mostra mais claramente o que significa "desejo." Quando em 4:7 se diz que o pecado está postando na porta do coração de Caim (como um leão, Gênesis 49:9) e que o desejo é por ele, significa que o pecado quer se apoderar dele. Ele quer derrotá-lo e dominá-lo e fazê-lo de escravo do pecado. Agora quando voltamos ao 3:16 provavelmente veremos o mesmo significado no desejo pecaminoso da mulher. Quando se diz, "Seu desejo deverá ser sobre seu marido, "significa que o pecado dominou a mulher, ela deseja controlar ou dominar ou explorar o homem. E quando o pecado se apodera do homem ele responderá da mesma maneira e a sua força controlará a mulher, a dominará.

Então o que realmente é descrito no decorrer de 3:16 é o terrível conflito entre homem e mulher que tanto marcou a história humana. Masculinidade como Deus criou foi depravada e corrompida pelo pecado. Feminilidade como Deus criou foi depravada e corrompida pelo pecado. A essência do pecado é a sua própria confiança e sua própria exaltação. Primeiramente em conflito com Deus, e depois em exploração um com o outro.

Então a essência da masculinidade corrompida está no esforço de se engrandecer para subjugar e controlar e explorar as mulheres para os seus próprios prazeres. E a essência da feminilidade corrompida está no esforço de se engrandecer para subjugar e controlar e explorar os homens para os seus próprios prazeres. E a diferença é encontrada principalmente nas diferentes fraquezas que podem ser exploradas em um e em outro.

Como regra os homens têm mais forca bruta do que as mulheres e por isso eles podem abusar e ameaçar e apenas sentar e estralar os seus dedos. Está na moda dizer esse tipo de coisas hoje em dia. Mas isso é também verdade em relação às mulheres como pecadoras. Somos na imagem de Deus homens e mulheres; e somos depravados, homens e mulheres. Mulheres podem não ter a mesma força bruta que os homens, mas elas sabem as maneiras de subjugar os homens. Elas podem frequentemente girar em torno deles com suas palavras e onde as suas palavras falham, elas sabem que a sua fraqueza está na luxúria.

Caso tenha alguma dúvida da capacidade de controle que uma mulher pecadora tem sobre um homem pecador apenas reflita por um momento na força número um de divulgação no mundo – o corpo feminino. Ela pode vender qualquer coisa, pois ela sabe da fraqueza universal do homem e como controlá-lo com isso. A exploração de mulheres por homens pecaminosos é evidente, pois é frequentemente severo e violento. Mas um momento de reflexão mostrará que a exploração de homens por mulheres pecadoras é tão perverso quanto em nossa sociedade. A diferença está nas sanções de nossa sociedade pecaminosa que considera um tipo mais perverso do que o outro. (Existem sociedades que é exatamente o oposto.)

Esse não é a maneira que Deus queria que fosse antes do pecado, quando o homem e a mulher eram dependentes Dele em relação ao modo de vida. Isso é o resultado da revolta contra Deus. Como então Deus queria que fosse? Como deveria ser a relação entre Adão e Eva antes do pecado entrar no mundo?

Nós já vimos parte da resposta. Eles foram criados a imagem de Deus de acordo com Gênesis 1:27 então a relação deles deveria ser governada pela igualdade de pessoa, igualdade de dignidade, respeito mútuo, harmonia, complementaridade e um destino unificado. Mas isso é apenas parte da resposta. É como dizer a um bailarino e uma bailarina: Lembrem-se, vocês são ambos igualmente bailarinos realizados; vocês dois são ambos iguais em relação aos demais parceiros; vocês devem procurar executar harmoniosamente; um deve completar os movimentos do outro; e não se esqueça que deverão repartir os aplausos.

Esse tipo de conselho é muito importante e afetará profundamente a beleza do espetáculo. Mas eles apenas souberem isso em relação à dança que irarão executar, eles não conseguirão. Eles precisam saber os movimentos, e as suas diferentes posições, além disso, precisam saber quem vai cair e quem vai pegar. Quem vai correr e quem vai ficar parado. É a essência da dança e do drama que os dançarinos saibam os movimentos distintos que eles devem fazer. Se eles não souberem os afazeres distintos que terão no palco não haverá drama e não haverá dança.

Então devemos perguntar isso: no drama da vida entre um homem e uma mulher antes da queda, Deus quis dizer que algumas responsabilidades cairiam mais em um do que no outro? Ambos devem mostrar respeito igual dissemos; mas eles devem mostrar esse respeito na mesma maneira? Ambos devem procurar por paz e harmonia servindo mutuamente uma ao outro; mas a forma de servir se mostrará da mesma maneira par ao homem e para a mulher?

Quero tentar desvendar uma visão da complementaridade e harmonia Bíblica nas próximas semanas. Estou convencido que a Bíblia ensina que os homens têm responsabilidades únicas dadas por Deus em relação as mulheres e as mulheres têm responsabilidades únicas dadas por Deus em relação aos homens. Essas responsabilidades não são idênticas, e elas não dependem de nossas capacidades. Elas estão baseadas em nossas masculinidade e feminilidade como Deus nos designou. E elas não estão limitadas apenas as funções biológicas no processo de reprodução.

Essas responsabilidades diferentes vão diretamente ao coração do significado de masculinidade e feminilidade como Deus nos criou. Mas é que elas estão sendo plenamente atacadas hoje em dia, e o resultado em nossa cultura é uma grande confusão.
Eu diria que duas gerações de homens e mulheres foram educadas em nosso país sem uma visão positive do que significa ser homem e ser mulher. Foram-nos dito muitas coisas negativas – coisas que não devemos ser, coisas das quais devemos ser liberados.
Por exemplo, masculinidade não é exploração sexual. Masculinidade não é legal, é apaticamente racional. Masculinidade não é a função rude – direcionada e orientada à conquista, etc. Então se liberem homens! Por outro lado a feminilidade não é se a doméstica maçante. A feminilidade maternidade apenas voltada ao lar. A feminilidade não é emocionalmente sem valor. A feminilidade não é a obediência sexual, etc. Então se liberem mulheres!

Mas quando a nossa conversa é sobre o que a masculinidade and a feminilidade NÃO é, o que temos? Um grande vácuo de confusão sobre o que elas são. Uma confusão frustrante, que cria culpa, e que é destrutiva. E com isso tudo uma grande quantidade de homossexualidade, uma epidemia de divórcio, um aumento da violência, crescimento do abuso doméstico, e milhares de suicídios todos os anos, 75% dos quais de homens. (Em 1981 houve 27.500 suicídios na América dentre os quais 75% eram homens.)

É simplesmente uma abdicação de nossa responsabilidade moral e espiritual dizer aos jovens para evitar os estereótipos negativos e depois não lhes dar o positive, o prático, a visão da bíblia do que é ser homem e mulher. E uma das razões nós abdicamos de nossa responsabilidade é porque é o caminho com menos resistência. É fácil estraçalhar os estereótipos negativos; mas é trabalho difícil e arriscado construir arquétipo positivo.

Ninguém vai criticar se criticar os estereótipos feios da masculinidade e da feminilidade. Esse é um passa tempo seguro e costumeiro. Mas centenas de pessoas esperam para te julgar caso tente desenvolver uma visão positive para as suas filhas do que significa ser feminina, ou para os seus filhos que significa ser masculino. Por isso nós geralmente não fazemos isso. Com isso os deixamos confusos – dizendo a eles o que não é certo, mas não apontamos aquilo que é certo.

Durante os nove anos de pastorado aqui já aconselhei dezenas e dezenas de casais que estavam à procura do casamento. Minha experiência tem sido que é extremamente raro encontrar um jovem casal que tem uma visão clara do que é ser um marido Cristão e uma esposa Cristã. Geralmente os casais prontamente admitem que eles não têm idéia do que é ser um homem e uma mulher significa ter responsabilidades especiais dadas por Deus. Ou, ou se eles pensam existir alguma responsabilidade especial, eles geralmente não sabem quais são essas responsabilidades. E essa confusão tem implicações sérias para a estabilidade do casamento e na maneira que esse casal preparará as crianças para a vida como homem e mulher.

Eu fiz menção a isso apenas para evidenciar o desafio que temos perante nós como igreja. Deus tem uma visão para a Masculinidade e Feminilidade resgatadas. Ele quer que nós recuperemos aquilo que perdemos devido ao pecado. E por isso na semana que vem quero começar a reconstruir a partir da palavra de Deus, da melhor maneira que puder a visão destorcida da masculinidade e da feminilidade que Deus ordenou antes da queda e que Ele está nos chamando a recuperar a través de Jesus Cristo. Eu rogo por suas preces e por suas considerações sérias a respeito dessas coisas. O que somos como homem e como mulher é focado direto no coração de nossa identidade pessoal. Se estamos confusos aqui, as repercussões serão profundas e perversas.




Obs: Artigo extraído do site LIVRO E SERMÕES BÍBLICOS de autoria do Rev. John Piper

QUAL O PROBLEMA COM O PASTORADO FEMININO?



Uma questão que permanece forte nos dias de hoje é a questão da ordenação feminina. Afinal, mulheres podem ser pastoras? Nós do VE acreditamos que tanto os homens quanto as mulheres foram criado à imagem de Deus, porém Deus deu funções distintas a cada um. Em Efésios 5 vemos que o homem é o cabeça da esposa, como Cristo é o cabeça da igreja. Da mesma forma, na igreja, Deus deu a função de liderança pastoral aos homens.
Oferecemos aqui respostas aos argumentos geralmente empregados em favor da ordenação de mulheres para o ministério pastoral.

1. Deus não criou originalmente o homem e a mulher iguais? Qual a base, pois, para impedir que a mulher seja ordenada? 

Resposta: De fato, lemos em Gênesis 1 que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. Entretanto, lemos no relato mais detalhado de Gênesis 2 que Deus lhes atribuiu papéis diferentes, dando ao homem o papel de liderar e cuidar da mulher e à mulher o papel de ser sua ajudadora, em submissão. Esta diferenciação é percebida por Paulo na ordem em que foram criados (primeiro o homem e depois a mulher, 1Tm 2.13), na forma como foram criados (a mulher foi criada do homem, 1Co 11.8) e no propósito para o que foram criados (a mulher foi criada por causa do homem, 1Co 11.9). A igualdade da criação, portanto, não anula a diferenciação de funções estabelecida na própria criação.

2. A subordinação feminina não é parte da maldição por causa da queda? E Cristo não aboliu a maldição do pecado? Por que, então, as mulheres cristãs não podem exercer o ministério em igualdade com os homens?

Resposta: Sem dúvida um dos castigos impostos por Deus à mulher foi o agravamento da sua condição de submissão. Entretanto, a subordinação feminina tem origem antes da queda, ainda na própria criação. O homem não foi feito da mulher, mas a mulher foi feita do homem. O homem não foi criado por causa da mulher, mas sim a mulher por causa do homem (1Co 11.8-9). Quanto à obra de Cristo, lembremos que seus efeitos não são total e exaustivamente aplicados por Deus aqui e agora. Por exemplo, mesmo que Cristo já tenha vencido o pecado e a morte, ainda pecamos e morremos. Outros efeitos da maldição impostos por Deus após a queda ainda continuam, como a morte, o sofrimento no trabalho e o parto penoso das mulheres. Além do mais, desde que os diferentes papéis do homem e da mulher já haviam sido determinados na criação, antes da queda, segue-se que continuam válidos. O que o Cristianismo faz é reformar esta relação de submissão para que a mesma seja exercida em amor mútuo e reflita assim mais exatamente a relação entre Cristo e a Igreja.

3. Há abundantes provas na Bíblia de que as mulheres desempenharam papéis cruciais, ocupando funções de destaque e sendo instrumento de bênção para o povo de Deus. Isto não prova que elas, hoje, podem ser ordenadas e exercer liderança?

Resposta: Estas provas demonstram apenas a tremenda importância do ministério feminino, mas não a existência do ministério feminino ordenado. Nenhuma destas mulheres era apóstola, pastora, presbítera ou diaconisa. Jesus não chamou nenhuma mulher para ser apóstola. As qualificações dos pastores em 1Timóteo 3 e Tito 1 deixam claro que era função a ser exercida por homens cristãos. O fato de que as mulheres sempre foram extremamente ativas e exerceram muitas e diferentes atividades e serviços na Igreja Cristã não traz como corolário que elas tenham sido, ou tenham que ser, ordenadas para tal.

4. Há evidência na Bíblia de que Hulda, Débora, Priscila e Febe eram líderes e exerciam autoridade. Isto não é prova bíblica suficiente para ordenação de mulheres?

Resposta: Há dois pontos a se ter em mente quanto ao ministério destas mulheres: (1) O fato de que a Bíblia descreve como Deus usou determinadas pessoas em épocas específicas para propósitos especiais não faz disto uma norma. Lembremos da utilíssima distinção entre o descritivo e o normativo na Bíblia. Deus usou o falso profeta Balaão (Nm 22.35). O desobediente rei Saul também profetizou em várias ocasiões (1Sm 10.10; 19.23), bem como os mensageiros que enviou a Samuel (1Sm 19.20,21). A descrição destes casos não estabelece uma norma a ser seguida pelas igrejas na ordenação de oficiais. O fato de que Deus transmitiu sua mensagem através de uma mulher não faz dela um oficial da Igreja. Há outros requisitos no Novo Testamento para o oficialato conforme lemos nas especificações explícitas que temos em 1Timóteo 3 e Tito 1.
 (2) Os profetas de Israel não recebiam um ofício mediante imposição de mãos para exercer uma autoridade eclesiástica oficial. Os reis e sacerdotes, ao contrário, eram “ordenados” para aquelas funções e as exerciam com autoridade. Não há sacerdotisas “ordenadas” em Israel, pelo menos nas épocas onde prevalecia o culto verdadeiro. Hulda foi uma profetiza em Israel, recebendo consultas em sua casa (2Re 22.13-15). A mesma coisa pode ser dita de Débora, que foi juíza em Israel numa época em que não havia reis e nem o sacerdócio funcionava, quando todos faziam o que parecia bem aos seus olhos. Seu ministério foi uma denúncia da fraqueza e falta de coragem dos homens daquela época (Jz 4.4-9; compare com Is 3.12). Sobre Priscila, sua liderança parece evidente, porém menos evidente é se ela era pastora ou presbítera. Quanto à Febe, ver a pergunta sobre ela mais adiante.

5. Podemos afirmar que o patriarcado, conforme o encontramos na Bíblia, especialmente no Antigo Testamento, é uma instituição nociva e perversa que denigre, inferioriza e humilha a mulher?

Resposta: O patriarcado, como o encontramos na Bíblia, especialmente no Antigo Testamento, não é simplesmente uma afirmação da masculinidade, não é jamais sinônimo de domínio macho ou um sistema de valores no qual o homem trata a mulher com descaso, desvalorizando-a e super valorizando-se. Muito menos sinônimo de exploração e domínio, como afirma o feminismo. Patriarcado é o sistema no qual os pais cuidam de suas famílias. A imagem do pai no Velho Testamento não é primariamente daquele que exerce autoridade e poder, mas do amor adotivo, dos laços pactuais de bondade e compaixão. Somente nas Escrituras hebraicas podemos encontrar um Deus Pai Todo-Poderoso e Todo-Bondoso. Os patriarcas refletem a paternidade de Deus, ainda que muito pobremente. O Deus dos Hebreus não é como os deuses masculinos irresponsáveis das culturas pagãs das cercanias de Israel, porque ele jamais abandona os filhos que gera, antes, deles cuida. Os patriarcas seguem o exemplo de Deus. Naquela cultura ensinava-se ao homem judeu que ele não era simplesmente um animal, agressivo, assertivo e violento, mas pai, cuja agressividade deveria ser transformada pela responsabilidade, que haveria de manifestar a gentileza e o cuidado pelos filhos e a expressão da completa masculinidade, que haveria de se unir com o ser feminino e o mundo feminino da família, ainda que mantivesse a separação necessária para o exercício da autoridade. O machismo é uma versão deturpada de alguns aspectos do patriarcado, e oprime as mulheres. Devemos lutar contra o machismo, e não deixar de reconhecer a verdade sobre o patriarcado.

6. Febe não era uma diaconisa, conforme Romanos 16.1-2? Isto não prova que as mulheres podem exercer autoridade eclesiástica na Igreja?

Resposta: Temos de considerar os seguintes aspectos.
(1) Não é claro se Febe era realmente uma diaconisa. Muito embora no original grego Paulo empregue o termo “diácono” para se referir a ela, lembremos que este termo no Novo Testamento nem sempre significa o ofício de diácono. Pode ser traduzido como servo, ministro, etc. Portanto, nossa tradução “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está servindo à igreja de Cencréia” é perfeitamente possível e não é uma tradução preconceituosa.
(2) Mesmo que houvesse diaconisas na Igreja apostólica, é certo que elas não exerceriam qualquer autoridade sobre as igrejas e sobre os homens – a presidência era dos presbíteros, cf. 1Tm 5.17; o trabalho delas seria provavelmente com outras mulheres (Tt 2.3-4) e relacionado com assistência aos pobres. É interessante que a primeira referência que existe na história da Igreja sobre o trabalho de mulheres, diz assim: “A mulher deve servir às mulheres” (Didascalia Apostolorum). Isto queria dizer que elas instruíam as outras que iam se batizar, ajudavam no enterro de mulheres, cuidavam das pobres e doentes. Não há qualquer indício de que tais mulheres eram ordenadas para o exercício da autoridade eclesiástica.

7. O que fazer quando mulheres possuem visão pastoral, liderança, habilidades para o ensino ou capacidade administrativa, dons de evangelismo ou profecia?

Resposta: Que exerçam estas habilidades e dons dentro das possibilidades existentes nas Igrejas. Elas não precisam ser ordenadas para desenvolver seus ministérios e manifestar seus dons.

8. A resistência em ordenar mulheres hoje não decorre da reafirmação através dos séculos da inferioridade da mulher, feita por importantes teólogos e líderes da Igreja?

Resposta: A Igreja deve andar pelo ensino das Escrituras Sagradas. Se teólogos e líderes antigos defenderam idéias erradas sobre a inferioridade da mulher, cabe à Igreja corrigi-las à luz das Escrituras, que mostram que Deus criou o homem e a mulher iguais. Porém, corrigir os erros dos antigos neste ponto não significa ordenar mulheres, pois aí estaríamos cometendo um outro erro. Certamente as mulheres não são e nunca foram inferiores aos homens, mas daí a abolirmos os papéis distintos que lhes foram determinados por Deus na criação vai uma grande distância.

9. Existe algum texto na Bíblia que diga claramente “é proibido que as mulheres sejam ordenadas ao ministério”?

Resposta: Nenhuma das passagens usadas contra a ordenação feminina diz explicitamente que mulheres não podem ser ordenadas ao ministério. Entretanto, todas elas impõem restrições ao ministério feminino, e exigem que as mulheres cristãs estejam submissas à liderança cristã masculina. Essas restrições têm a ver primariamente com o ensino por parte de mulheres nas igrejas. Já que o governo das igrejas e o ensino público oficial nas mesmas são funções de presbíteros e pastores (cf. 1Tm 3.2,4-5; 5.17; Tt 1.9), infere-se que tais funções não fazem parte do chamado cristão das mulheres. Ainda, se o argumento do silêncio for usado, ele se vira contra a ordenação feminina, pois não há texto algum que diga que as mulheres devem ser ordenadas ao ministério da Palavra e ao governo eclesiástico, enquanto que as Escrituras atribuem ao homem cristão o exercício da autoridade eclesiástica e na família.

10. Se as mulheres recebem os mesmos dons espirituais que os homens, não é uma prova de que Deus deseja que elas sejam ordenadas ao ministério?

Resposta: Não. As condições para o oficialato na Igreja apostólica estão prescritas em 1Timóteo e Tito 1. Percebe-se que o dom do ensino é apenas um dos requisitos. Há outros, como por exemplo, governar a própria casa e ser marido de uma só mulher, que não podem ser preenchidos por mulheres cristãs, por mais dons que tenham.

11. O ensino de Paulo sobre as mulheres na Igreja se aplica hoje? Não estava ele influenciado pela cultura daquela época, que era muito diferente da nossa?

Resposta: É necessário fazer a distinção entre o princípio teológico supra cultural e aexpressão cultural deste princípio. Há coisas no ensino de Paulo que são claramente culturais, como a determinação para o uso do véu em 1Coríntios 11. Porém, enquanto que o uso do véu é claramente um costume cultural, ao mesmo tempo expressa um princípio que não está condicionado a nenhuma cultura em particular, que é o da diferença funcional entre o homem e a mulher. O que Paulo está defendendo naquela passagem é a vigência desta diferença no culto público — o véu é apenas a forma pela qual isto ocorreria normalmente em cidades gregas do século I. Notemos ainda que Paulo defende a participação diferenciada da mulher no culto usando argumentos permanentes, que transcendem cultura, tempo e sociedade, como a distribuição ou economia da Trindade (1Co 11.3) e o modo pelo qual Deus criou o homem (1Co 11.8-9).

12. Paulo escreveu suas cartas para atender a problemas locais e específicos. Como podemos aplicar hoje o que Paulo escreveu, se a situação e o contexto são diferentes?

Resposta: Quase todos os livros do Novo Testamento foram escritos em resposta a uma situação específica de uma ou mais comunidades cristãs do século I, e nem por isto os que querem a ordenação feminina defendem que nada do Novo Testamento se aplica às igrejas cristãs de hoje. A carta aos Gálatas, por exemplo, onde Paulo expõe a doutrina da justificação pela fé somente, foi escrita para combater o legalismo dos judaizantes que procuravam minar as igrejas gentílicas da Galácia, em meados do século I. Ousaríamos dizer que o ensino de Paulo sobre a justificação pela fé não tem mais relevância para as igrejas do final do século XX, por ter sido exposto em reação a uma heresia que afligia igrejas locais no século I? O ponto é que existem princípios e verdades permanentes que foram expressos para atender a questões locais, culturais e passageiras. Passam as circunstâncias históricas, mas o princípio teológico permanece. Assim, o comportamento inadequado das mulheres das igrejas de Corinto e de Éfeso, às quais Paulo escreveu determinando que ficassem caladas na Igreja, foi um momento histórico definido, mas osprincípios aplicados por Paulo para resolver os problemas causados por estas atitudes permanecem válidos. Ou seja, o ensino de que as mulheres devem estar submissas à liderança masculina nas igrejas e na família, sem ocupar posições de liderança e governo, é o princípio permanente e válido para todas as épocas e culturas.

13. Onde está na Bíblia que somente homens podem ser pastores, presbíteros e diáconos?

Resposta: Os textos mais explícitos da Bíblia são Atos 6.1-7; 1Timóteo 2.11-15; 1Coríntios 14.34-36 e 1Coríntios 11. 2-16. Algumas destas passagens foram analisadas com mais profundidade em outra parte deste caderno. Além disto, a relação intrínseca entre a família e a Igreja mostra que aquele que é cabeça na família (Efésios 5.21-33) também deve exercer a liderança na Igreja.

14. Onde está na Bíblia que os homens devem ser o cabeça da família?

Resposta: Há diversas passagens no Novo Testamento onde se trata dos papéis do homem e da mulher na família: Efésios 5.21-33; Colossenses 3.18-19; 1 Pedro 3.1-7; Tito 2.5. Em todos eles, a liderança da família é atribuída ao homem.

15. Os argumentos usados hoje para defender a submissão da mulher não são os mesmos usados no século passado por muitos cristãos para defender a escravidão?

Resposta: O fato de que no passado a Bíblia foi usada de forma errada para defender a escravidão não significa que a defesa da subordinação feminina seja igualmente feita de forma errada. Não devemos pensar que a relação entre o homem e a mulher na família e na igreja está no mesmo pé de igualdade que a escravidão. Primeiro, os papéis distintos do homem e da mulher estão enraizados na própria criação, enquanto que a escravidão não está. Segundo, o fato de que Paulo faz recomendações aos escravos cristãos para que sejam bons escravos não significa que ele aprovava a escravidão. Na verdade, as recomendações que ele dá aos cristãos que eram donos de escravos já traziam embutidas a idéia da dissolução do sistema de escravidão (Fm 16; Ef 6.9; Cl 4.1; 1Tm 6.1-2).

16. Havia uma mulher chamada Júnias que Paulo considera como apóstola, em Romanos 16.7. Se havia apóstolas, por que não pastoras, presbíteras e diaconisas? 

Resposta: A passagem diz o seguinte: “Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de mim” (Rm 16.7). Não é tão simples assim deduzir que Júnias era uma apóstola. Há várias questões relacionadas com a interpretação deste texto. Júnias é um nome masculino ou feminino? Existe muita disputa sobre isto, embora a evidência aponte para um nome masculino. Outra coisa, a expressão “notável entre os apóstolos” significa que Júniasera um dos apóstolos, já antes de Paulo, e um apóstolo notável, ou apenas que os apóstolos, antes de Paulo, tinham Júnias em alta conta? A última possibilidade é a mais provável. Em última análise, só podemos afirmar com certeza, a partir de Romanos 16.7, que, quem quer que tenha sido, Júnias era uma pessoa tida em alta conta por Paulo, e que ajudou o apóstolo em seu ministério. Não se pode afirmar com segurança que era uma mulher, nem que era uma “apóstola”, e muito menos uma como os Doze ou Paulo. A passagem não serve como evidência bíblica para a ordenação feminina no período apostólico. E essa conclusão está em harmonia com o fato de que Jesus não escolheu mulheres para serem apóstolos. Não há nenhuma referência indisputável a uma “apóstola” no Novo Testamento.

17. O Novo Testamento diz que, em Cristo, não há homem nem mulher, todos são iguais diante de Deus (Gl 3.28). Proibir as mulheres de serem oficiais da Igreja não é fazer uma distinção baseada em sexo?

Resposta: Não se pode discordar de que o Evangelho é o poder de Deus para abolir as injustiças, o preconceito, a opressão, o racismo, a discriminação social, bem como a exploração machista. E nem se pode discordar de que Cristo veio nos resgatar da maldição imposta pela queda. A pergunta é se Paulo está falando da abolição da subordinação feminina e de igualdade de funções nesta passagem. Está o apóstolo dizendo que as mulheres podem exercer os mesmos cargos e funções que os homens na Igreja, já que são todos aceitos sem distinção por Deus através de Cristo, pela fé? Entendemos que a resposta é não. Gálatas 3.28 não está ensinando a igualdade para o exercício de funções, mas a unidade de todos os cristãos em Cristo. Veja a análise desta passagem acima.

18. O conceito da submissão feminina ensinado na Bíblia não acarreta inevitavelmente o conceito de que o homem é melhor e superior à mulher?

Resposta: Infelizmente muitos têm chegado a esta conclusão, mas ela certamente é equivocada. O ensino bíblico é que Deus criou homem e mulher iguais porém com diferentes atribuições e funções. A Bíblia ensina que Deus tem autoridade sobre Cristo, Cristo tem autoridade sobre o homem, e o homem tem autoridade sobre a mulher. É uma cadeia hierárquica que começa na Trindade e continua na igreja e na família. Podemos inferir (guardadas as devidas proporções) que, da mesma forma como a subordinação de Cristo ao Pai não o torna inferior — como afirma a fé reformada em sua doutrina da Trindade — a subordinação da mulher ao homem não a torna inferior. Assim como Pai e Filho, que são iguais em poder, honra e glória, desempenham papéis diferentes na economia da salvação (o Filho submete-se ao Pai), homem e mulher se complementam no exercício de diferentes funções, sem que nisto haja qualquer desvalorização ou inferiorização da mulher. Em várias ocasiões o Novo Testamento determina que os crentes se sujeitem às autoridades civis (Rm 13.1-5; 1 Pe 2.13-17). Em nenhum momento, entretanto, este mandamento implica que os crentes são inferiores ou têm menos valor que os governantes. Igualmente, os filhos não são inferiores aos seus pais, simplesmente porque devem submeter-se à liderança deles (Ef 6.1). O conceito de subordinação de uns a outros tem a ver apenas com a maneira pela qual Deus estruturou e ordenou a sociedade, a família e a igreja.

19. Em 1Timóteo 3.11, ao descrever as qualificações do diácono, Paulo se refere às mulheres: “Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo”. Este versículo não prova que havia diaconisas nas igrejas apostólicas?

Resposta: Não necessariamente. Esta passagem tem sido entendida de diferentes modos: (1) Paulo pode estar se referindo às mulheres dos diáconos (Calvino). Porém, ele emprega para elas a expressão “é necessário” (1Tm 3.11), que foi a mesma que empregou para os presbíteros (3.2) e os diáconos (3.8), ao descrever suas qualificações. Logo, não nos parece que o apóstolo se refira às mulheres dos diáconos. (2) Paulo pode estar se referindo à todas as mulheres da igreja; entretanto, é bastante estranho que ele tenha colocado instruções para todas as mulheres bem no meio das instruções aos diáconos! (3) Paulo pode estar se referindo às assistentes dos diáconos, mulheres piedosas, que prestavam assistência em obras de misericórdia aos necessitados das igrejas (Hendriksen). (4) Paulo se referia à diaconisas. Porém, é no mínimo estranho que Paulo não empregou o termo apropriado para descrever a função delas (diaconisas), já que ele vinha falando de presbíteros e diáconos. A opção 3 nos parece a melhor e mais provável: havia mulheres piedosas nas igrejas apostólicas, não ordenadas como “diaconisas”, que ajudavam os diáconos nas obras de misericórdia, trabalhando diretamente com as mulheres carentes e necessitadas. É a estas que Paulo aqui se refere.


Artigo extraído do site VOLTEMOS AO EVANGELHO, de autoria do Rev. Augustus Nicodemus Lopes