TEMER SE REÚNE COM GRUPOS RELIGIOSOS EM SEU PRIMEIRO DIA COMO PRESIDENTE


  A primeira reunião do presidente em exercício Michel Temer, de origem libanesa, depois de dar posse aos ministros e fazer seu primeiro pronunciamento no cargo não foi técnica, partidária ou administrativa. Temer recebeu na sala de reuniões do gabinete presidencial, no terceiro andar do Palácio do Planalto, um grupo de líderes religiosos, evangélicos e de igrejas como a Católica Maronita e a Católica Ortodoxa Antioquina. O presidente ouviu trechos do Evangelho e rezou o Pai Nosso com os religiosos e alguns dos parlamentares evangélicos. A pedido do arcebispo metropolitano da igreja ortodoxa de São Paulo, Temer gravou uma mensagem para a sociedade libanesa desejando paz aquela terra. 
 Segundo o arcebispo ortodoxo, Temer é comendador e frequentador da igreja em São Paulo, ele disse ainda "O presidente está pedindo uma benção, ele nos convidou. Mas nossa missão não é política, mas religiosa, ele pode falar de politica em outro lugar." O Pr. Silas Malafaia, que também participou da reunião, também comentou sobre o encontro "Não teve nenhum viés politico, viemos só para abençoar. Para falar de politica temos nossos parlamentares." Para o arcebispo da igreja Maronita a reunião foi uma forma de propor a tão falada e importante união nacional, ele disse, " O presidente quer mostrar que é presidente de todo o Brasil, não de uma fração ou grupo específico."

Matéria da Jornalista Luciana Nunes Leal do Estadão de 12 de mais de 2016

MINHA OPINIÃO: 

    O presidente Michel Temer tem como uma de suas grandes qualidades, ser um articulador muito bem relacionado é uma das características mais fortes da sua história política, antes mesmo de ser efetivado como presidente em exercício, ele teve que se valer de toda sua retórica persuasiva na busca de meios que o fizessem está onde está. Em relação ao encontro com o grupo de evangélicos e católicos, acho uma oportunidade salutar, desde que a igreja deixe bem clara sua posição em relação ao estado, tivemos algumas experiências recentes traumáticas no tocante a esta relação, temos que ser vigilantes e participativos, não somente no caráter espiritual, mas também como cidadãos desta nação. Acredito que não somente a igreja, mas toda nação deve ter uma outra postura em relação a atual conjuntura política do nosso país, a igreja em especial tem um papel importante, pois toda grande mudança deve começar a partir daqueles que foram lavados e remidos no sangue de Jesus Cristo. Uma palavra que gostaria de destacar na reportagem acima é que, segundo os líderes presentes, o encontro foi promovido para abençoar o mandato do presidente e isso não o faremos somente com nossas orações, faremos sendo igreja de verdade, orando, acompanhando de perto o desenrolar do governo, cumprindo nosso papel de cidadão e denunciando sempre que necessário aquilo que vá de encontro aos valores eternos registrados na Palavra de Deus. 

QUE DEUS ABENÇOE NOSSO BRASIL!


Vicente Leão  
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VIDA MINISTERIAL: UM CHAMADO DE DEUS OU UM NEGOCIO DO HOMEM?


 Muitas vezes já ouvimos falar, em nossas igrejas e em meios religiosos, sobre vida ministerial, algo bastante conhecido por todos os cristãos. Todos nós sabemos desse importante ministério do qual a própria bíblia fala em Efésios 4.11, que Deus chamou pessoas para uma vida ministerial. Em toda a Bíblia, vemos que muitos homens foram chamados para exercerem uma vida ministerial, podemos citar alguns exemplos:

Um deles é Moisés que ouviu a voz de Deus em uma sarça e logo percebeu que o Senhor o estava chamando para uma vida ministerial a fim de guiar o povo até a terra prometida que emanava leite e mel. Moisés viveu até o dia em que o Senhor permitiu e poderia ter vivido muito mais ainda se não fosse sua desobediência. Um homem quando é chamado por Deus recebe poder e autoridade para exercer aquilo que o Senhor lhe destinou. Vemos Moisés sendo vitorioso em suas lutas simplesmente por que foi chamado pelo Senhor Deus de Israel.
O profeta Isaías é outro que foi chamado pelo Senhor para viver um grande ministério. Isaías realizou seu ministério com grande sucesso porque era aprovado pelo Senhor. Creio firmemente que Moisés, Isaías, Davi, Pedro, Paulo e tantos outros foram chamados realmente pelo Senhor para exercerem uma vida ministerial; uns para pastores, e outros para profetas, outros para evangelistas e outros para doutores (Ef. 4.11).
Conheço muitos homens de Deus que foram chamados pelo Senhor Jesus Cristo para cuidar de sua igreja nesses últimos dias aqui na terra. Homens que tem uma vida ministerial muito abençoada por Deus e que são exemplos para muitos que desejam essa vida. Já ouvi muitos deles relatarem suas chamadas para esse ministério. Certa vez um deles contou-me que tinha muitos sonhos trabalhando no campo missionário e um belo dia ele foi convidado pelo Pastor de sua igreja para fazer parte do corpo de Pastores de sua denominação. Ele já é pastor há vários anos e tem zelado muito por esse trabalho. Quando o ministério é dado pelo Senhor Jesus Cristo vemos vidas serem abençoadas e não maltratadas, como vemos em muitas igrejas por onde andamos.
Infelizmente em nossos dias, vemos homens negociarem ministérios. Quando falo de ministério não estou falando só de pastor não; falo também de evangelistas, diáconos, presbíteros, cooperadores, missionários e muitos outros que existem nas igrejas. Muitas vezes já ouvi que cargos foram negociados em mesas de pizzarias, restaurantes, secretarias de igrejas, corredores de convenções e em meio de ruas.
Todos os homens que Deus chamou, foram através de um coração quebrantado e uma vida cheia do Espírito Santo. Hoje estamos vendo muitas pessoas ingressarem no ministério só porque são bons oradores, tem uma formação acadêmica, são simpatizados por seus lideres, tem condições financeiras por serem empresários ou também por que são filhos de Pastores ou de lideres da igreja. Isso tem causado um verdadeiro prejuízo para igreja de Cristo. Não sou contra a pessoa ter uma formação acadêmica, ser empresário ou filho de pastor; o que em parte até ajuda na vida ministerial. O que é inaceitável é essa pessoa exercer um ministério na igreja sem ter um chamado de Deus.
Muitos crentes estão sofrendo por causa de gente que não possui o chamado de Deus e estão sendo dirigentes, pastores, evangelistas ou missionários de igrejas. Por mais que isso não seja justificativa, há muita gente se afastando das igrejas porque foram magoadas, caluniadas, acusadas de pecados.
Há igrejas que tem vinte, trinta, quarenta anos e não conseguem avançar no crescimento por causa desses ministros que não possuem o chamado do Senhor para a vida ministerial.
Finalizo dizendo que, se você não possui esse chamado ministerial, nunca o aceite só porque lhe acharam bonito ou rico ou porque é filho de pastor. Se você realmente possui o chamado vá em frente, pois o Senhor cuidará de tudo. Ele é o dono da obra. Não seja um evangelista, pastor, diácono, presbítero, missionário só para agradar seu líder, a não ser que Deus tenha lhe chamado para uma vida ministerial.
Dc. João Paulo Via: Portal Fiel


A CRISE DO CRESCIMENTO NO MEIO EVANGÉLICO BRASILEIRO

 

A igreja evangélica passa por uma intensa crise de identidade no Brasil. Fala-se em crescimento, mas que tipo de crescimento? De um lado, dados do IBGE apontam para 42,5 milhões como sendo o número de evangélicos; do outro, a impressão interna é a de um crescimento desordenado, deficitário, sem raízes ou fundamentação sólida.
O que tem crescido – e que deve ser motivo de preocupação e análise – é o número cada vez maior de novas igrejas e ministérios. Disputas por poder – da impossibilidade de ascensão ministerial – e interesses pessoais, econômicos, são alguns dos vários motivos pelos os quais levam lideranças a organizarem suas próprias denominações.
Na maioria das vezes acrescentam-se expressões de impacto ou títulos adicionais, como Assembleia de Deus Coluna de Fogo e Avivamento Bíblico Restaurado, permanecendo nas novas denominações aspectos da igreja-mãe. Raramente são abertas novas igrejas por diferenças doutrinárias ou estratégia de trabalho e visão diferenciados.
É possível encontrar, em uma mesma rua, avenida ou bairro, até duas ou mais assembleias de Deus, por exemplo.  Quase sempre são alugados pequenos salões, que passam a abrigar um pequeno número de membros, na maioria das vezes de uma mesma família, ou círculo de amizades.
São igrejas sem ação, que fomentam uma espécie de “religiosidade” mesclada com interesses pessoais, e um completo desinteresse para com a vida pessoal de seus membros ou congregados, de suas necessidades de habitação, alimentação, vestuário.
Diferenciam-se de suas vizinhas pela eloquência de suas pregações – extremamente desprovidas de compaixão – e canções repetitivas. Não há diálogo, não há cooperação entre igrejas vizinhas, sendo um reflexo do que se dá em nível nacional. A Igreja, no Brasil, é uma igreja de múltiplas faces, de múltiplos interesses e projetos pessoais. A unidade é, portanto, uma utopia.
Igualmente tem diminuído a presença da Igreja na sociedade, no diálogo com a população. A Igreja caracteriza-se como uma igreja de templos, de reuniões infindáveis, de liturgia rotineira e massante. Ao invés de crescer para além de suas paredes, muitas igrejas têm se retraído cada vez mais.
Resultado: crentes passam a exercer uma fé alienada da Igreja, de seus templos e liturgias. Saem em busca de Deus, de uma experiência espiritual mais profunda, desprovida de regras e costumes que os distanciem de Deus. Outros desistem da fé, voltam às práticas anteriores à conversão, desiludidos com seus líderes e irmãos. É uma realidade em ascensão! 

Por  Via Gnotícias 


ROGER SCRUTON FALA SOBRE A ARTE DE SE OFENDER E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Por quê não devemos nos autocensurar[*]




Roger Scruton

Qualquer discussão sobre a liberdade de expressão precisa lidar com duas questões importantes: piadas e raça. Piadas não são opiniões, mas podem causar tanta ofensa quanto. Deveria, então, haver o mesmo nível de liberdade para fazer piadas quanto para expressar opiniões?

A questão da raça tem sido objeto de profunda autoanálise nas comunidades modernas. O genocídio mais terrível da história recente, o Holocausto, ocorreu porque as pessoas se sentiram livres para odiar os judeus e divulgar este ódio por formas de expressão protegidas pela lei. A opressão dos negros nos EUA e a sua exclusão dos privilégios da cidadania foi defendida livre e destrutivamente até muito recentemente. E, novamente, as opiniões eram protegidas pela lei. Estes casos, e similares, não justificariam a crença de que a liberdade de expressão não é boa em si mesma e que grupos suscetíveis de serem alvo de ódio coletivo devam ser protegidos deste abuso?

Estas são duas questões de grande preocupação para nós. O caso da Charlie Hebdo, na França, nos lembra que piadas podem gerar tanta ofensa a ponto de inspirar as mais violentas respostas. E não é surpresa que o comediante francês Dieudonné M’bala, que frequentemente inclui piadas antissemitas em seu roteiro de stand up, atualmente esteja banido de muitos lugares na França e na Bélgica.

Devemos lembrar, todavia, que ofensas podem ser tomadas mesmo quando não são feitas. Há feministas radicais que tomam as mais inocentes afirmações sobre a mulher e as incluem na sua obscura agenda sexista. Até mesmo o uso gramatical correto do pronome masculino para se referir a homens e mulheres de forma generalizada tem causado ofensa e sido banido nos campi universitários por todos os Estados Unidos. Não é que você queira ofender alguém, mas quando se está diante de especialistas em se ofender, que cultivaram a arte de se ofender ao longo de muitos anos, é a maior satisfação para eles quando um homem inocente cai na armadilha de falar “incorretamente”.

Tipicamente, uma piada procura tirar a gravidade de uma questão afim de que se possa rir dela. A maioria das piadas étnicas são assim — ajudam um grupo a lidar com a diversidade étnica ajudando as pessoas a estarem satisfeitas com seu próprio grupo, sem sentir-se ameaçado pelos demais. Algumas vezes o seu próprio grupo é que precisa de uma visão engraçada, como por exemplo as inúmeras piadas que mostram judeus suas com excentricidades engraçadas, a invés de retratá-los como uma ameaça. As piadas se tornam populares porque suavizam as coisas, tornando a realidade, com todas as suas divisões, menos ameaçadora. Aqui vai uma conhecida piada sobre o norte da Irlanda:

Um homem para o outro na rua, aponta uma arma para seu peito e diz:
— Católico ou Protestante?
O outro responde:
— Ateu!
— Mas ateu católico ou ateu protestante? – responde o primeiro.

Uma piada como essa aponta tanto para o absurdo do conflito sectário quanto para o fato de ele ser um pretexto, uma desculpa para o ódio, e não uma resposta para tal. Isso nos mostra como a arte de se ofender é usada por pessoas ignorantes para ganhar uma vantagem injustificada sobre resto de nós.

É claro que há piadas de mau gosto, piadas desagradáveis ou maliciosas. Nós ensinamos nossas crianças e não contar piadas deste tipo e a não rir quando outras pessoas as contam. O humor é orientado pelo julgamento moral. Nosso alvo é incliná-lo à aceitação e perdão, longe da malícia e do desprezo. Mas como devemos lidar com as piadas que realmente ofendem?

Não é possível impor leis contra a ofensa. Não há legislação, ou invenção de novos crimes e punições que consigam expressar a ironia, o perdão e a boa vontade às mentes treinadas na arte de ofender­-se. Isso é tão verdadeiro em relação a feministas radicais quanto a sectários e radicais islâmicos. Por mais que tenhamos o dever moral de rir destas piadas, eles tornaram isso algo perigoso. Mas não devemos jamais perder de vista o fato de que são eles os transgressores, e não nós. Aqueles que vêem deboche em tudo — e reagem com ódio implacável quando pensam estar se deparando com ele—, são os verdadeiros ofensores.

E sobre os discursos racistas? Seriam essas expressões diferentes de outros tipos de expressões protegidas ou há razões especiais para criminalizá-la? O Holocausto justifica banir as opiniões que deram origem a ele? Muitas pessoas pensam que sim, e na França a legislação foi além disso e criminalizou aqueles que nagavam a ocorrência do Holocausto.

Opiniões racistas não vão desaparecer apenas porque proibimos sua expressão. Na verdade, proibir pode causar uma especial fascinação. O que houve de mais destrutivo na propaganda nazista não foi a expressão daquelas horríveis opiniões, mas a supressão daqueles que as refutavam. Foi a falta da liberdade de expressão que fez com que as ideias nazistas fugissem do controle, livres dos argumentos que as exporiam ao ridículo. Em contraste, os negros nos Estados Unidos ganharam o status de cidadãos iguais, em parte, devido à liberdade de discussão, levando os americanos comuns a compreenderem que os estereótipos racistas são irracionais e injustos. É porque eles epressaram sua opinião que os racistas foram vencidos.

Esta questão é de vital importância para nós, na Grã Bretanha. O policiamento da esfera pública com o intuito de suprimir opiniões “racistas” causou uma espécie de psicose pública, uma sensação de andar na ponta dos pés em um campo minado, desviando­se de bombas de ódio que podem explodir na sua cara. E essa bomba foi plantada e preparada por pessoas muitas das quais vêem na acusação de racismo uma forma útil de minar a crença em nosso país e sua forma de viver. Consequentemente a polícia, funcionários públicos, vereadores e professores têm hesitado em pensar da forma como eles sabem ser a verdade, ou agir contra aquilo que eles sabem ser errado. Vemos isso nos casos de abuso sexual ocorridos em Rotherham e outros lugares, onde a relutância em destacar uma comunidade imigrante como criminosa fez com que devidas atitutes não fossem tomadas. Meu último romance “Os Desaparecidos” é uma tentativa de explorar em profundidade a desordem moral que adentrou nossa sociedade por meio deste tipo de autocensura que impede a um professor, um policial ou assistente social de agir, precisamente quando isto é mais necessário.

A autocensura é ainda pior do que a censura de estado. Por que inibe a discussão completamente. Devido a migrações em massa nossa sociedade tem passado por mudanças radicais e potencialmente traumáticas sem o benefício da discussão pública, como se não tivéssemos escolha a respeito de nosso futuro. A profundidade da confusão e do ressentimento estão começando a se tornar perceptíveis — não somente aqui mas por toda a Europa —, algo que a liberdade de discussão teria evitado. Aqueles que tentam iniciar esta discussão estão sujeitos à caça às bruxas e sofrido pressões que poucos conseguem suportar. O resultado disso tem sido a perda de argumentos racionais em lugares onde nada é mais necessário do que argumentos racionais.

Uma última palavra sobre a arte de se ofender. Em nenhum outro lugar esta arte tem sido mais cultivada do que nos campi universitários dos Estados Unidos, onde uma nova cultura do medo foi instalada para capturar a psiquê do adolescente. Quando uma discussão toca questões dogmáticas como raça, sexo, orientação sexual ou política, muitas vezes o professor é obrigado a alertar os alunos que vai entrar nestes temas, para não se enveredar em áreas que possam trazer à memória do aluno algum evento traumático em sua vida. A visita de palestrantes com visões “heréticas” sobre feminismo ou homossexualidade são também precedidas de alertas no campi. Alguns campi inclusive oferecem espaços seguros onde os estudantes podem buscar consolo no caso de terem sido expostos à contaminação por pontos de vista ortodoxos.

Por mais engraçado que isso seja, tenha cuidado para não rir, principalmente se você não for um professor concursado. Aqueles que desejam manter os alunos em um estado de vulnerabilidade paparicada, protegidos das ideais contrárias e inexperientes na argumentação, atualmente patrulham os campi e o resultado é que estes lugares, que deveriam ser o último bastião da razão em um mundo confuso, tornaram-se lugares onde as mentes confusas encontram consolo. Este exemplo ilustra claramente como os ataques à liberdade de expressão podem chegar longe a ponto de obstruir o caminho para o conhecimento. E, ao final disso tudo, devemos valorizar a liberdade que John Stuar Mill corretamente defendeu —como o fundamento de uma sociedade livre —, sem a qual nunca saberemos aquilo que pensamos.

[*] Roger Scruton. A Point of View: Why people shouldn’t feel the need to censor themselves. BBC News. 8 de novembro de 2015.

Tradução: Filipe Azevedo Revisão: Hugo Silver

MENSAGEM DA CRUZ: AUTOCONHECIMENTO E SERVIÇO - REV. JONAS MADUREIRA


Uma palavra de edificação e benção com o Rev. Jonas Madureira

TEODICEIA - O PROBLEMA DO SOFRIMENTO E DO MAL

 


·      INTRODUÇÃO – (O QUE É TEODICÉIA?)

    “O problema da relação de Deus com o pecado continua um mistério para nós, mistério que não somos capazes de resolver. Pode-se dizer, porém que o Seu decreto para permitir o pecado, embora assegure a entrada do pecado no mundo, não significa que Ele tem prazer nele; significa somente que ele considera sábio, com o propósito da sua auto-revelação permitir o mal moral, por mais detestável que seja a sua natureza” (Louis Berkhof, do livro Teologia Sistemática, pg,109. Autor de orientação calvinista)

    “Considerando a largura e a profundidade do problema do mal, concordamos com Peter Kreeft quando diz que a existência do mal e do sofrimento é mais um mistério do que um problema. Comparou-o ao amor e disse que, uma vez que estamos envolvidos subjetivamente, achamos difícil compreender plenamente todas as razões porque o mal acontece. (...), portanto reconhecemos nossa explicação incompleta para justificar todos os propósitos que o mal e a dor possam ter na vida de um indivíduo” (Norman Geisler, do livro Fundamentos Inabaláveis, pg. 255. Autor de orientação Arminiana)

      A palavra “Teodicéia” provem deTheos, Deus e Dike, Justiça. São as tentativas de justificar os caminhos de Deus com os homens. As citações supra relacionadas. De posicionamentos teológicos diferentes (opostos até), foram transcritas para expor o tamanho do problema da existência do mal. Entendamos primeiramente que o mal, aqui é aquele que desfigura aquilo que naturalmente inferimos como o bem. Por exemplo, naturalmente sabemos que não relatar um fato como ele aconteceu realmente, mas inventar ou mudar tal fato enquanto estamos relatando constitui-se em uma mentira, um desvio da verdade. Algo em nós nos dirige acerca do que é certo e errado. Este é o grande problema do ateísmo e do Panteísmo.

       Para o Panteísmo, o mal é uma ilusão. O pensamento do Ateísmo reduz-se a apenas identificar o mal, porém sem o seu contra-senso, o bem. Apenas taxar o mal como “ilusão”, como fazem os panteístas é tratar o problema quase que ingenuamente, pois a nossa subjetividade intelectual (emoções) são os principais agentes que nos induzem a pensarmos que algo, naquilo que está “errado”, tem que ser mudado. Mas por que  precisaria ser mudado, se tudo é ilusão? Bem, é verdade que o Hinduísmo obrigou-os seus adeptos a aceitarem a sua vida (“karma”), pois os males da mesma são apenas “ilusão”. Porem por que os hinduístas tem hospitais, escolas? Por que se precaveem de desastres naturais e epidemias? Por que tem programas contra fome e a pobreza, se tudo é ilusão, como afirmam? Cremos que de fato, é ilusão crermos que o mundo e ilusão.
      Tão insatisfatória quanto a proposta dos hinduístas é o pensamento ateísta. Ora, o ateu não reconhece a existência de Deus, porém, reconhece a existência do mal. Isto é um contra- senso, pois Deus é a fonte suprema do BEM, e o bem é o oposto do MAL, logo, aceitar o mal, sem a existência do bem, é aceitar a ferrugem sem o ferro, a explosão sem oxigênio para combustão, um tiro de arma de fogo sem pólvora, as ações consideradas “más”, sem um exemplo padrão de “bom”. A idéia ateísta, portanto, é insustentável, pois se auto anula. A proposta teísta cristã vai explicar de forma mais satisfatória e de forma mais lógica a existência do mal, pois se há mal, é necessário que haja seu contra-senso. Se há malignidade de forma imensa, há o bem de forma imensa.
       Creio que você, caro irmão, já deve ter se apercebido da problemática deste assunto: como justificar um Deus Todo-Poderoso e Todo-bondoso juntamente com a existência do mal? Esta questão é oriunda do famoso paradoxo de Epicuro, um dilema lógico sobre o problema do mal. Esse argumento é muito utilizado pelos ateus nos debates. O objetivo do argumento é mostrar que a existência de Deus é logicamente incompatível com o mal e o sofrimento no mundo. O argumento se desenrola da seguinte forma:

1- Se Deus quer evitar o mal, mas não pode fazê-lo, então não é Onipotente.
2- Se é capaz de fazê-lo, mas não quer, então não é amoroso.
3- Mas se Deus pode e quer evitar, então por que permite o mal?
4- E se não pode e nem quer evitar o mal, então por que chamá-lo de Deus?

      Assim, o ateu conclui que um Deus amoroso, Onisciente e Onipotente como o Deus bíblico, não pode existir, pois um Deus assim seria completamente incompatível com a realidade do mundo atual.

      O que acontece na verdade é que o Deus bíblico não se encaixa no conceito (concepção) de perfeição divina que os ateus idealizam, e por isso eles o rejeitam. Eles agem como se pudessem ditar o que Deus pode ou não fazer. Se as atitudes do Deus bíblico não estiverem de acordo com aquilo o que o ateu imagina ser o correto, isso significa que esse Deus não existe. É um raciocínio bem simplista:

"Se Deus não faz o que eu espero que ele faça, então ele não deve existir".

 Nem sequer cogitam na possibilidade de Deus ter razões próprias para permitir o mal.


·      COSMOVISÕES (CONCEITOS)

1.    TEÍSMO FINITO

     O chamado “Teísmo finito” assevera que Deus quer destruir o mal, mas não pode faze-lo, pois, o seu poder é limitado. Esta posição de que Deus tem limitações é algo que vem ganhando força atualmente. O teísmo finito encerra-se nas fileiras do Panenteísmo (não confundir com Panteísmo) ou teologia processual, que diz que Deus é mutável, está em continuo processo de mudança; ou no Neoteísmo, também conhecido como teologia aberta, pois advoga o fato de estar “reinventando” Deus sob a premissa de que seus conceitos são genuinamente cristãos ortodoxos. Entre outras asseverações, os neoateistas afirmam que:

     “Deus escolheu criar os seres humanos com liberdade incompatível, sobre a qual Ele não pode exercer total controle. ”

     “Deus valoriza tal liberdade a ponto de não interferir sobre ela, mesmo que esta produza resultados indesejáveis. ” (deísmo)

       “Deus não possui conhecimento exaustivo a respeito de como utilizaremos nossa liberdade, ainda que, algumas vezes, possa predizer com exatidão as decisões que tomaremos. ”

2.    TEÍSMO ORTODOXO

       O teísmo ortodoxo assevera que Deus é todo bondoso e todo poderoso, e não somente pode destruir o mal, como deveria faze-lo. Há uma diferença entre tornar o mal possível, e torna-lo real. Ao criar o homem com arbítrio Deus concedia-lhe o privilégio de agir como quisesse, ou bem ou mal: “Ordenou o Senhor Deus ao homem dizendo: De todas as arvores do jardim podes comer livremente; mas da arvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que comer dela, certamente morrerás.” (Gn 2. 16-17). Observando a condição explicada na instrução de Deus. Sendo assim, o mal poderia ser reduzido a condição de necessário para um mundo que tenha arbítrio. Alguns da escola de apologética chamada “subjetiva”, asseveram que a experiência e não a razão, é necessária para um correto posicionamento quanto a questão do mal. Discordamos deste ponto de vista mesmo reconhecendo o peso de inúmeros de seus pensadores, como Pascal, Kierkgaard e Karl Barth.

      A escola conhecida como “objetiva”, a qual coloca o problema para averiguação em meio a fatos objetivos, merece mais a nossa simpatia pois é possível sim raciocinarmos e concluirmos algo diante de fatos objetivos como são o mal e o bem no mundo. Mesmo que não tenhamos uma explicação plausível para o mal físico, ou seja, catástrofes naturais e para o metafisico, no que se refere a ausência do bem, conforme o pensamento de Leibniz, podemos inferir algumas conjecturas válidas para o que chamamos de “mal moral”, o que é indiscutivelmente a maior fonte de discussão nas construções da teodiceia. Se partirmos do ponto de vista que relaciona intrinsecamente a existência do mal com o arbítrio, talvez possamos esboçar um silogismo que explique esta contingencia tão desprovida de explicação.

Premissa 01: Impedir o mal seria impedir o bem
Premissa 02: O amor é o bem maior e requer arbítrio
Premissa 03: Deus se identifica diretamente com o bem maior
Conclusão: Impedir o mal, seria impedir escolhas livres, assim o bem maior seria impedido, logo, impedir o bem maior é o mal maior 


·      DEUS SOBERANO VS LIBERDADE DO HOMEM

     Como podemos coadunar a liberdade do homem e a soberania de Deus? Ora, sabemos que Deus é soberano (Gn 28.13; Is 45.5), e que não podemos responsabilizar Deus por todos os atos do homem pois, se assim fosse, Deus seria o autor do mal, e o homem estaria isento de qualquer culpa. Deus não é responsável pelos atos pecaminosos do homem, que tem como causa o homem. Aqui, precisamos de um pouco mais de atenção, para que evitemos falácias dúbias e para que possamos ter um respaldo bíblico-teológico e filosófico como resposta aos crescentes ataques de ateístas, agnósticos, deístas ou neoteístas.

        O problema, como era de se esperar, é muito mais complexo do que parece, e tal complexidade tem posto de ebulição o meio acadêmico:

1.       Podemos relacionar a origem do mal real com o arbítrio;
2.       Isto explica como o mal “entra” e se manifesta no Cosmos;
3.       Também explica, pela sequência do mundo aonde existe o “bem maior” que a possibilidade do mal se fez necessária, logicamente.
4.       Explicamos “como” o mal insurgiu-se. E quanto ao “por que” do consentimento divino?

       Por que Deus ainda permite o mal? As respostas dos grupos apresentados até agora mostram-se todas insatisfatórias pois, ou Deus é mostrado impotente, portanto menos que Deus (Uma violação da lei da não contradição), ou Deus não existe, o que é uma impossibilidade lógica por Deus é um Ser Necessário. Nossa resposta aos críticos deve levar em consideração a soberania divina em harmonia com a capacidade do homem de escolher pecar, isto é, criar os seus atos malignos.

      Deus está na eternidade, isto é, “fora” do espaço-tempo como o conhecimento. Porém, interfere como quer, isto é, livremente no espaço-tempo. Esta é a chave! O Cosmos (espaço-tempo) é uma realidade infinitamente menor do que Deus. A Criação é, desta maneira, infinitamente menor do que Deus, que por sua vez está imensamente distanciado de tudo o quanto ele criou. Mas Deus não é exclusivamente transcendente a Criação. Ele age na mesma (no espaço-tempo), que para Deus está sempre “presente”, Deus pode, inclusive, fazer com que atos maus redundem em algo bom, e assim de fato, nenhum de seus planos pode ser frustrado, que ele tenha ciência de todos os atos que serão praticados pelos homens, o que a Escritura Sagrada afirma inúmeras vezes (Jo 14.49; Is 48.5; Jr 1.5; 1 Pe 1:2;etc).

       Um exemplo clássico nas Escrituras é fato acontecido em I Reis 22.1-37. Aparentemente ilógico o problema, pois Deus ali se utiliza, a princípio, de uma mentira para punir o rei maligno Acabe. Como um ser perfeitamente bom utilizaria um meio maligno? (a verdade é sempre associada ao bem, enquanto a mentira, ao seu contrassenso, o mal, logo Deus estaria usando um meio maligno). A solução para este problema de I Reis 22.1-37 estende-se a resposta do problema do mal, em todos os âmbitos, de acordo com o sistema do livre arbítrio. Deus dera a visão a Micaías, sobre o espirito de mentira, que estaria na boca dos profetas. Por que? Logicamente porque sabia que Micaías seria chamado, e que falaria o que realmente estava acontecendo. Logo, Acabe teria uma escolha: ou acreditaria em Micaías, ou nos profetas de Baal. O resultado desta escolha iria produzir o bem, ou o mal.

      Há quem diga que o homem perdeu seu arbítrio para a salvação no Éden. E, fica apenas com o arbítrio racional. Bem, de qualquer forma, se Deus livra-nos do mal, é necessário que o arbítrio inerente a nós, seres racionais, seja anulado. O mal seria portanto, o preço a pagarmos para vivermos em um mundo com arbítrio. Preferíamos nós ao contrário? Um mundo com arbítrio sugere a possibilidade do mal. Isto é, em ultima análise não faz de Deus o autor do mal, uma vez que deva haver um mundo melhor possível. Nós não estamos vivendo neste mundo “céu”, contudo, o mundo atual é um meio para chegarmos aquele. Observe que, neste sentido, não estamos afirmando coisa alguma, mas postulamos. Há implicações em se admitir que a resposta para Ap 22.3 (“Ali jamais haverá maldição”, isto é, na cidade santa, na nova Jerusalém celestial) é a supressão do arbítrio. Só podemos especular. Agostinho propôs uma serie de 3 sentenças que definem a história do homem, quanto ao pecado, desde a sua criação, baseada no arbítrio do homem no Éden, e em sua deterioração após a Queda:

- Antes da Queda a situação do homem era: “Poder não pecar”
- Depois da Queda a situação do homem era: “Não poder não pecar”
- Depois da Glorificação a situação do homem será: “Não poder pecar”
  
·      CONCLUSÃO

      Augustus Strong escreve em sua teologia sistemática “Deus criou um anjo bom, este anjo bom se tornou diabo”, a Bíblia nunca atribui a Deus a criação do mal, isso é uma blasfêmia, do outro lado a Bíblia lembra que o mal está debaixo do controle de Deus, o mal não é uma força autônoma, O diabo é o diabo de Deus, então o mal só vai até onde Deus estabeleceu, continuando nesta ideia trazendo para uma perspectiva bíblica, não há evidencias para uma vontade permissiva de Deus, Deus não permite o mal, ele usa o mal. A ideia aqui é que o diabo, o pecado e a maldade é um cão raivoso, como já dizia Agostinho, esse cachorro raivoso só vai até aonde a corrente permite, o diabo ele só vai até onde o Senhor permite, mesmo ele achando que pode vencer, que tem autonomia ele acha que história é um livro aberto, mas na verdade ele nunca saiu do controle de Deus. Em atos 2 e atos 4 os discípulos vão repetir que todo o mal que os homens intentaram contra Jesus Cristo foram pré-ordenados e pré-conhecidos pelo próprio Deus. A morte de Jesus não foi um acidente, não pegou Deus nem Jesus de surpresa, tudo foi ocorreu como no script divino. Em Ap 13.8, o apostolo vai registrar “digno é o cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. ” O que acontece na história é o desdobramento do que já aconteceu na eternidade e aonde nós vemos a resolução do problema do mal? Ap 21.22, Cristo voltará em gloria é o mal for completamente banido da criação. O cristão,ele vivi entre tempos, ele vivi entre o já e o ainda não, nós ainda enfrentamos a influência do mal, mas temos a certeza que este inimigo já está derrotado, nós estamos escutando os últimos sons de uma batalha que já foi encerrada.

CITAÇÃO: FRANKLIN FERREIRA 

DEUS VOS ABENÇOE!!
Vicente Leão

E DECADÊNCIA DE UM GOVERNO DESGOVERNADO

 


   Estamos acompanhando o desenrolar dos fatos políticos no Brasil e constatando, de maneira cada vez mais clara, a decadência da hegemonia petista a frente do nosso país, um fato que tem tudo para se tornar um marco histórico, assim como no caso do ex presidente Fernando Collor, o povo foi as ruas, se mobilizando de maneira democrática pelo fim da corrupção e da impunidade que tem consumido e comprometido o desenvolvimento democrático da nossa nação, principalmente nesses 13 últimos anos entre as gestões de Lula e Dilma. 
  Não estou afirmando que a solução para acabarmos com a atual crise seja simplesmente a destituição do atual governo, fazendo mais uma vez referencia ao caso do ex presidente Fernando Collor, o povo foi as ruas, fez seu papel, mas cometeu um erro crasso ao tratar o impeachment naquele momento como um fim e não como um meio de, a partir dali, colocar a politica nacional em ordem,vislumbrando um verdadeiro e maduro crescimento nacional, não simplesmente atreves de assistencialismos, mas com politicas de estruturação e valorização a serviços básicos prestados a sociedade como saúde, educação, saneamento básico, dentre outros, assim como um incentivo digno ao trabalhador que labuta diariamente, produzindo um retorno relevante na valorização do PIB do país. Por esta e outras razões o Brasil ainda é um país de terceiro mundo, o diretas já foi importante, mas ainda longe de ser o suficiente para evitar nosso atual e calamitoso momento nacional.
    De la pra cá fomos levados na conversa de políticos cheios de retórica, se auto anunciando como salvadores da pátria, eleitos por um povo que historicamente se permitiu ficar a merce desses criminosos de colarinho branco, achando que política é coisa de político até a hora das consequências da nossa omissão cidadã bater na porta da nossa casa com desemprego, zika, analfabetismo funcional ,dentre outros fantasmas criados pelo atual e famigerado sistema de gestão pública. 
   Estamos tendo mais uma oportunidade histórica de aprender com nossos erros e a partir daqui começar a construção de um verdadeiro Novo Brasil, construção esta que começa a partir de uma atitude diferente por parte da sociedade brasileira, não podemos confiar todas as nossas fichas, unica e exclusivamente em um partido ou coligação politica que prometa acabar com a fome e a pobreza nacional, esta responsabilidade é nossa enquanto sociedade, nós é que temos que nos mobilizar não somente contra a corrupção na politica, mas principalmente contra a corrupção social, que provoca a desigualdade e o preconceito de todo o tipo.
     Que a possível queda  deste governo, represente a ascensão de um povo que tenha compromisso nacional com o bem comum de seus compatriotas, entendendo que juntos somos mais fortes e eficientes do que qualquer intervenção militar, ou governo totalitário que se ache no direito de nos fazer de idiotas. Vamos em frente, por um Brasil para os brasileiros.

DEUS VOS ABENÇOE!!!

Vicente Leão  
         



O QUE É TEOLOGIA BÍBLICA

 


Descoberta – O que é Teologia Bíblica

A solução para os problemas com a pregação rasa descritos na Parte 1 é, na verdade, bastante simples: os pastores precisam a prender a usar a teologia bíblica em suas pregações. Contudo, tal aprendizado exige que comecemos com a pergunta: o que é teologia bíblica?

Teologia Bíblica versus Teologia Sistemática

A teologia bíblica, em contraste com a teologia sistemática, foca no enredo bíblico. A teologia sistemática, embora seja informada pela teologia bíblica, é atemporal. Don Carson argumenta que a teologia bíblica
se coloca mais próxima ao texto do que a teologia sistemática, almeja ser genuinamente sensível no tocante às distinções entre cada corpus e busca conectar os diversos corpora usando as suas próprias categorias. Idealmente, portanto, a teologia bíblica permanece como uma espécie de ponte entre a exegese responsável e a teologia sistemática responsável (ainda que cada uma dessas inevitavelmente influencia as outras duas). [1]
Em outras palavras, a teologia bíblica se limita mais intencionalmente à mensagem do texto ou corpus em consideração. Ela questiona quais temas são mais centrais para os escritores bíblicos em seu contexto histórico e procura discernir a coerência entre esses temas. A teologia bíblica foca no enredo da Escritura – o desdobramento do plano de Deus na história redentiva. Como nós consideraremos mais cuidadosamente na Parte 3, isso significa que nós deveríamos interpretar e então pregar cada texto no contexto de sua relação com todo o enredo da Bíblia.
A teologia sistemática, por outro lado, formula questões ao texto que refletem as questões ou preocupações filosóficas do momento. Os sistemáticos também podem – com um bom propósito – explorar temas que estão implícitos nos escritos bíblicos, mas que não recebem atenção primária no texto bíblico. Além disso, deveria ser evidente que qualquer teologia sistemática digna desse nome é edificada sobre a teologia bíblica.
A ênfase distinta da teologia bíblica, tal como Brian Rosner observa, é que ela “permite que o texto bíblico dite a pauta”. [2] Kevin Vanhoozer articula o papel específico da teologia bíblica ao dizer: “‘teologia bíblica’ é o nome dado a uma abordagem interpretativa da Bíblia a qual assume que a Palavra de Deus é textualmente mediada pelas diversas palavras, literária e historicamente condicionadas, dos seres humanos”. [3] Ou, “para exprimir a asserção de modo mais positivo, a teologia bíblica está em harmonia com os interesses dos próprios textos”. [4]
Carson expressa bem a contribuição da teologia bíblica:
Mas, idealmente, a teologia bíblica, como seu nome implica, mesmo ao trabalhar indutivamente a partir dos diversos textos da Bíblia, busca desvendar e articular a unidade de todos os textos bíblicos tomados juntos, recorrendo primariamente às categorias daqueles próprios textos. Nesse sentido, ela é teologia bíblica canônica, teologia bíblica “de-toda-a-Bíblia”. [5]
A teologia bíblica pode limitar-se à teologia de Gênesis, do Pentateuco, de Mateus, de Romanos ou até mesmo à teologia paulina. Contudo, a teologia bíblica pode também compreender todo o cânon da Escritura, no qual o enredo das Escrituras como um todo é integrado. Com muita frequência, pregadores expositivos limitam-se aos livros de Levítico, Mateus ou Apocalipse, sem considerar o lugar que eles ocupam no enredo da história redentiva. Eles isolam uma parte da Escritura da outra, e assim pregam de um modo truncado, ao invés de anunciarem todo o conselho de Deus. Gerhard Hasel corretamente destaca que nós precisamos fazer teologia bíblica de um modo “que busca fazer justiça a todas as dimensões da realidade de que os textos bíblicos testificam”. [6] Fazer tal teologia não é meramente uma tarefa para professores de seminário; é a responsabilidade de cada pregador da Palavra!
Pensemos novamente sobre as diferenças entre teologia bíblica e sistemática, para o que Carson traça o caminho. [7] A teologia sistemática considera a contribuição da teologia histórica e, assim, se utiliza da obra de Agostinho, Tomás de Aquino, Lutero, Calvino, Edwards e tantos outros ao formular o ensino da Escritura. A teologia sistemática procura anunciar a Palavra de Deus diretamente para o nosso tempo e nosso ambiente cultural. Obviamente, então, qualquer bom pregador deve ser versado na sistemática para anunciar uma palavra profunda e poderosa aos seus contemporâneos.
A teologia bíblica é mais indutiva e fundacional. Carson corretamente afirma que a teologia bíblica é uma “disciplina mediadora”, ao passo que a teologia sistemática é uma “disciplina culminante”. Nós podemos afirmar, então, que a teologia bíblica é intermediária, funcionando como uma ponte entre o estudo histórico e literário da Escritura e a teologia dogmática.
A teologia bíblica, então, trabalha a partir do texto em seu contexto histórico. Isso não significa afirmar que a teologia bíblica é um empreendimento puramente neutro ou objetivo. A noção de que nós podemos separar nitidamente o que o texto significava do que ele significa, como pretendia Krister Stendahl, é uma quimera. Scobie diz o seguinte acerca da teologia bíblica:
As suas pressuposições, baseadas em um compromisso com a fé cristã, incluem a crença de que a Bíblia transmite uma revelação divina, que a Palavra de Deus na Escritura constitui a norma da fé cristã e da vida cristã, e que todo o variado material tanto do Antigo como do Novo Testamentos pode de algum modo ser relacionado ao plano e propósito do único Deus de toda a Bíblia. Tal teologia bíblica situa-se em algum lugar entre o que a Bíblia “significava” e o que ela “significa”. [8]
Segue-se, então, que a teologia bíblica não está confinada apenas ao Novo Testamento ou ao Antigo Testamento, mas que ela considera ambos os Testamentos juntos como a Palavra de Deus. De fato, a teologia bíblica trabalha a partir da noção de que o cânon da Escritura funciona como a sua norma e, assim, ambos os Testamentos são necessários para desvendar a teologia da Escritura.

Equilibrando o Antigo e o Novo Testamento

Há uma maravilhosa dialética entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento no trabalho da teologia bíblica. O Novo Testamento representa a culminação da história da redenção iniciada no Antigo Testamento e, assim, a teologia bíblica é por definição uma teologia narrativa. Ela captura a história da obra salvadora de Deus ao longo da história. O desenrolar histórico do que Deus tem feito pode ser descrito como a “história da salvação” ou a “história redentiva”.
Também é proveitoso considerar as Escrituras a partir da perspectiva de promessa e cumprimento: o que é prometido no Antigo Testamento é cumprido no Novo Testamento. Nós precisamos tomar cuidado para não apagarmos a particularidade histórica da revelação do Antigo Testamento, de modo a expungir o contexto histórico do qual ele nasceu. Por outro lado, nós devemos reconhecer o progresso da revelação do Antigo Testamento para o Novo Testamento. Tal progresso da revelação reconhece a natureza preliminar do Antigo Testamento e a palavra definitiva que vem no Novo Testamento. Dizer que o Antigo Testamento é preliminar não elimina o seu papel crucial, pois nós só podemos entender o Novo Testamento quando também compreendemos o significado do Antigo Testamento, e vice-versa.
Alguns são hesitantes em abraçar a tipologia, mas tal abordagem é fundamental para a teologia bíblica, uma vez que é uma categoria empregada pelos próprios escritores bíblicos. O que é tipologia? Tipologias são as correspondências divinamente pretendidas entre eventos, pessoas e instituições do Antigo Testamento e o seu cumprimento em Cristo, no Novo, [9] como quando Mateus se refere em seu Evangelho ao retorno de Maria, José e Jesus do Egito usando a linguagem da saída de Israel do Egito (Mt 2.15; Êx 4.22; Os 11.1). Obviamente, não apenas os autores do Novo Testamento observam essas “correspondências divinamente pretendidas”. Os autores do Antigo Testamento também o fazem. Por exemplo, tanto Isaías como Oséias predizem um novo êxodo que será moldado de acordo com o primeiro êxodo. Do mesmo modo, o Antigo Testamento fala da expectativa de um novo Davi que será ainda maior do que o primeiro Davi. Nós vemos no próprio Antigo Testamento, portanto, uma gradação na tipologia, de modo que o cumprimento do tipo é sempre maior do que o próprio tipo. Jesus não é apenas um novo Davi, mas o maior Davi.
A tipologia reconhece um padrão e um propósito divinos na história. Deus é o autor final da Escritura – a história é um drama divino. E Deus conhece o fim desde o começo, de modo que nós, como leitores, podemos ver prenúncios do cumprimento final no Antigo Testamento.
1. D. A. Carson, “Systematic and Biblical Theology,” em New Dictionary of Biblical Theology (eds. T. Desmond Alexander e Brian S. Rosner; Downers Grove: InterVarsity, 2000), 94. Uma outra definição é apresentada por Charles H. H. Scobie: “A teologia bíblica pode ser definida como o estudo ordenado do entendimento da revelação de Deus contida nas Escrituras canônicas do Antigo e do Novo Testamentos” (“The Challenge of Biblical Theology,” Tyndale Bulletin 42 [1991]: 36).
2. Brian S. Rosner, “Biblical Theology,” in New Dictionary of Biblical Theology, 5.
3. Kevin J. Vanhoozer, “Exegesis and Hermeneutics,” in New Dictionary of Biblical Theology, 56.
4. Ibid., 56.
5. Carson, “Systematic and Biblical Theology,” 100.
6. Gerhard Hasel, “Biblical Theology: Then, Now, and Tomorrow,” Horizons of Biblical Theology 4 (1982): 66.
7. Para a discussão que segue, ver Carson, “Systematic and Biblical Theology,” 101-02.
8. Scobie, “The Challenge of Biblical Theology,” 50-51.
9. Para uma introdução mais completa à tipologia, ver David L. Baker, Two Testaments, One Bible (IVP, 1976), capítulo 7.