O PROBLEMA DA CORRUPÇÃO NO BRASIL




É dito a tempos que “a ocasião faz o ladrão”, e é inegável a verossimilhança do ditado, mas seria, no caso brasileiro, só a ocasião de ser uma pessoa política, a razão real da corrupção? Para responder a essa pergunta, iremos primeiramente definir: O que é corrupção?
Corrupção (do latim: Corruptus – “despedaçado”, ou em uma segunda acepção, “pútrido”) é o ato de se corromper, ou seja, obter vantagem indevida, seja por ação ou omissão, observando-se a satisfação de benefício próprio, a despeito do bem comum. Ao contrário do saber popular, a corrupção não é só política, e nem sempre envolve dinheiro. Existem três formas de se corromper: pelo abuso, pela omissão ou pelo desvio.

O abuso, que é tido como normal pela sociedade brasileira hierarquizada pode ser representado pela frase: “Você sabe com quem está falando?”. Trata-se de um traço autoritário da sociedade brasileira. Ela funciona para demarcar diferenças e posições hierárquicas. O seu uso pode ser traduzido como "me respeite, pois não sou do seu nível", ou, melhor ainda, "nós não somos iguais". A partir da famosa frase de Maquiavel: “Favori agli amici, nemici della legge” (Aos amigos favores, aos inimigos a lei), representa bem esse abuso, de um poder que deveria servir para a manutenção do bem comum, e é usado, na verdade, como pressuposto de superioridade daquele que o detém.

A omissão é, talvez, a forma de corrupção mais vista na nossa sociedade. Omitir-se é deixar de fazer ou dizer algo que deveria, deixando certo problema prosseguir ininterrupto. Todo brasileiro se omite. Deixamos de denunciar tudo o que vemos de errado, deixamos de ajudar aqueles que necessitam da nossa ajuda, deixamos de devolver aquilo que sabemos que não é nosso, e entre outras omissões comuns. Não só não denunciam, mas até votam naqueles que se corrompem “escrachadamente”.

O desvio é relacionado ao abuso em partes. É quando devida função ou recurso, seja ele público ou privado, é desviado por aqueles que o administram para se beneficiarem. É como o administrador que desvia o patrimônio daquilo que administra para si, ou o político que dá cargos de confiança para parentes. É o uso de patrimônio alheio do qual administra para si.

Podemos relacionar as três modalidades de ação aos costumes tupiniquins modernos, que desobedecem todos os seus deveres a favor de beneficiar-se, mas requer seus direitos baseando-se no nosso ordenamento jurídico. É como uma relação de dualidade entre o Legal e o Ilegal, do jovem delinquente que reclama dos abusos da polícia, ou do terrorista que anseia pelos direitos humanos. Mais uma vez, a lei é usada em benefício próprio, apenas, pelos “macunaímas” e “Leonardos” (Do romance Memórias de um Sargento de Milícias).

Provavelmente ninguém parou pra pensar o quanto afeta na sociedade essa mentalidade anômica, dessa carência de preceitos morais e éticos, sempre em busca da vantagem própria. É a “Lei de Gérson” aplicada, talvez uma frase infeliz do ex-jogador paa o momento, mas que reflete em totalidade como funciona a política no Brasil, até porque fazer política não é exclusividade parlamentar, mas um dever de todo cidadão, segundo disposto no parágrafo único do Artigo da Constituição Federal: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Aqueles que nos representam no Planalto, no Congresso, nos Ministérios, no Congresso, vieram de nós, por nós e para nós, e nos representam não apenas como as pessoas políticas que governam, mas como membros do POVO BRASILEIRO, como os nossos, aos quais confiamos os nossos direitos, nossas garantias e nosso patrimônio, ou seja, se eles são corruptos, são frutos da nossa sociedade, corrupta e "malandra".

 Felipe Pires Morandini