A GRAÇA SEGUNDO O ARMINIANISMO



Samuel Paulo Coutinho

1 INTRODUÇÃO

No meio protestante existe um extenso debate sobre a ordo salutis (ordem da salvação), que, segundo Roger Olson, “é uma tentativa de colocar em ordem lógica, não cronológica, os eventos que antecedem, conduzem e sucedem ao início da salvação de uma pessoa”.[1] O objetivo da ordo salutis é, portanto, apresentar organizadamente de que maneira eventos tais como fé, arrependimento, regeneração, santificação e glorificação se inter-relacionam. Diversos tipos de arranjo encontram lugar entre os protestantes e, mesmo em grupos aparentemente homogêneos como os calvinistas, não há completo acordo quanto à ordo salutis. [2] Há ainda teólogos que rejeitam a esquematização do processo de salvação por entenderem não encontrar apoio escriturístico para tal.[3]
Importa-nos saber sobre uma das mais importantes diferenças entre a ordo calvinista e arminiana. A regeneração na ordo calvinista precede a fé, visto que, conforme Wayne Gruden, é “essa obra de Deus que nos dá capacidade espiritual de responder a Deus com fé”.[4] Já na ordo arminiana a regeneração é posterior à fé, desde que o trabalho de capacitação do homem é realizado pela graça preveniente e qualquer bênção da salvação, incluindo a regeneração, somente é recebida após a união com Cristo que acontece mediante a fé. Todavia, ocorre que existe uma poderosa declaração do próprio Arminio na qual, à primeira vista, ele coloca a regeneração como evento anterior à fé, o que estaria em desacordo com a visão arminiana:

Mas em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de e por si mesmo, pensar, desejar, ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito participante desta regeneração ou renovação, eu considero que, visto que ele está liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer aquilo que é bom, todavia não sem a ajuda contínua da Graça Divina.[5]

Em primeiro lugar, essa declaração destrói qualquer falsa acusação de pelagianismo, semipelagianismo ou depravação parcial. Sem dúvidas Arminio acreditava que o homem, sem a iniciativa divina, jamais poderia ser salvo (e os verdadeiros arminianos concordam totalmente com o teólogo holandês). Em segundo lugar, ela apresenta claramente a necessidade de uma forma de regeneração para que o homem possa pensar, desejar, ou fazer aquilo que é realmente bom. A questão é saber o que Jacó Arminio, um teólogo formado ainda no século XVI, desejou demonstrar com o uso do termo “regeneração”. Será que ele pensava nela do mesmo modo que os teólogos dos séculos XVIII, XIX, e XX? Tinha ele a noção do desenvolvimento teológico denominado ordo salutis? Era sua intenção apresentar um caminho da salvação? Qual a fonte que Arminio bebeu sobre o assunto? Como essa declaração pode ser interpretada a luz de outras reflexões do próprio Arminio?

2 CONTEXTO HISTÓRICO

2.1 A ênfase nos aspectos subjetivos da salvação e a formulação conhecida como “ordo salutis” é muito posterior à época de Arminio.

O debate sobre a ordem da salvação é relativamente novo na história da igreja. “Antes da reforma protestante houve muito pouco interesse em esquematizar a sequência lógica ou temporal do processo de salvação, mesmo nas grandes summas medievais”.[6] Após a reforma, a noção de um caminho da salvação “foi desenvolvida pela primeira vez no século XVIII, a era da decadência dogmática e escolasticismo. O desenvolvimento da ordo salutis foi supostamente parte de uma crescente sistematização da teologia, de uma tendência especulativa e racionalista”.[7] A própria utilização da expressão “ordo salutis” data do século XVIII e é atribuída a Frank Buddeus e Jakobus Karpov entre os anos de 1724 e 1739.[8]
Arminio nasceu no ano de 1560, 43 anos após Lutero fixar suas 95 teses em Wittenberg e 4 anos antes da morte de Calvino. Foi aluno de Theodore Beza, o sucessor de Calvino em Genebra. Finalizou seus estudos e tornou-se ministro reformado ainda no século XVI. Nesta época, nenhum debate sobre a ordo salutis existiu. Os teólogos protestantes anteriores e contemporâneos de Arminio não se preocuparam em desenvolver um arranjo sequencial dos processos salvíficos. A atenção deles estava muito mais voltada para os aspectos objetivos do que para os aspectos subjetivos da salvação. “Enquanto em Lutero e Calvino toda a ênfase caia sobre o evento da redenção realizado com a morte e ressurreição de Cristo [historia salutis], mais tarde, sob a influência do pietismo, misticismo e moralismo, a ênfase foi deslocada para o processo da apropriação individual da salvação [ordo salutis] dada em Cristo e para seu efeito místico e moral na vida dos crentes”.[9] Segundo Berkouwer, “é dito que a reforma tratou de forma mais simples e escriturística o caminho da salvação quando ela justamente o colocou dentro do foco de uma simples correlação de graça e fé”.[10]
Temos aqui a primeira consideração: embora seja possível investigar qual a provável ordem de salvação dos primeiros protestantes, deve-se considerar que essa não é tarefa simples. Suas reflexões teológicas nunca objetivaram um arranjo dos aspectos subjetivos da salvação. O trabalho de Cristo pelos homens, ao contrário do trabalho do Espírito nos homens, era a base sobre a qual a teologia se desenvolvia.  Desta forma, Arminio jamais intentou discutir a ordem lógica dos benefícios da salvação a partir da perspectiva do indivíduo. Para ele, a ordo salutis, conforme a conhecemos hoje, era uma ideia desconhecida.

2.2 O significado do termo “regeneração” para os primeiros teólogos protestantes diverge do significado atual.

Os teólogos arminianos e calvinistas de hoje concordam que a regeneração é o ato único de Deus pelo qual ele infunde a nova vida no ser humano, e que é uma operação unilateral (monergística) e instantânea. Nas palavras dos próprios teólogos, a regeneração “é o ato secreto de Deus pelo qual ele nos comunica nova vida espiritual. Isso é algumas vezes chamado ‘nascer de novo’”.[11] É “um ato criativo de Deus, transmitindo nova vida a pecadores espiritualmente mortos”.[12] É “a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior”.[13]
Notem que o significado corrente é restrito a um evento bem específico e sugere que o mesmo ocorre de forma súbita. Ao contrário disso, os protestantes do século XVI pensavam na regeneração de forma não tão bem definida. Algumas vezes eles utilizavam o termo regeneração como sinônimo de uma parte bem específica da salvação, que não necessariamente o novo nascimento, e outras vezes como um processo que se desenvolve no tempo e que abrange desde a conversão (fé e arrependimento), até os efeitos de uma vida espiritual (santificação). Calvino em suas Institutas afirma:
Portanto, interpreto o arrependimento com uma palavra: regeneração, cujo objetivo não é outro senão que em nós seja restaurada a imagem de Deus, a qual fora empanada e quase apagada pela transgressão de Adão. [14]
Para Willian G. T Shedd, os primeiros teólogos reformados “submetem ao termo ‘regeneração’ tudo o que pertence ao desenvolvimento, bem como ao início da nova vida espiritual”.[15] Segundo Berkhof, Lutero “falava da regeneração ou do novo nascimento num sentido muito amplo. Calvino também usava o termo num sentido muito abrangente, como um designativo de todo o processo pelo qual o homem é renovado, incluindo, além do ato divino que origina a nova vida, também a conversão (arrependimento e fé) e a santificação”.[16]
Chegamos à segunda consideração: imaginar prematuramente que os teólogos protestantes do século XVI ao utilizarem o termo “regeneração” tinham em mente o mesmo significado usado atualmente, ou mesmo que o termo possuía um único significado inflexível, pode ser muito prejudicial ao intérprete.

2.3 Os primeiros protestantes, importantes fontes de Arminio, não defenderam a precedência da regeneração em relação à fé. O embrião da ordo calvinista surge somente dez anos após a morte de Arminio.

Devemos ter o cuidado em observar as considerações até aqui apresentadas, de forma a não concluir precipitadamente que os reformadores conscientemente e propositalmente desenvolveram uma ordo salutis tal qual a mentalidade contemporânea propõe. Entretanto, cabe-nos verificar se houve alguma sugestão por parte deles quanto à precedência da regeneração em relação à fé, o que daria força à ideia de que Arminio possuía uma fonte onde buscar esse entendimento. Nosso alvo é averiguar se existe ou não a sugestão de “infusão de nova vida precedendo a fé” no contexto teológico da época, e não advogar que alguém defendeu essa ou aquela ordem.
“‘A salvação foi atribuída’ pelos reformadores ‘à livre graça de Deus e sua aceitação com fé. Assim, apenas graça e fé eram consideradas dentro da ordo salutis.’”[17] Para Richard B. Gaffin Jr, a ordo de Calvino começava com a “união com Cristo, seguida pelos dois benefícios distintos, mas sem priorização, justificação e santificação”; ao passo que Lutero pensava na “justificação como causa da união com Cristo e da santificação”.[18] Segundo Berkhof, para Calvino as bênçãos da salvação “estavam adredemente preparadas, sendo apropriadas por eles por meio da fé”.[19] Calvino entendia que a fé era o ponto crucial para o recebimento dos benefícios da salvação, ou seja, alguém só poderia receber de Deus qualquer benefício referente ao processo da salvação após estar ligado à Cristo mediante a fé.
É importante lembrar que os primeiros teólogos protestantes enfatizavam os aspectos objetivos da salvação e não os subjetivos, entretanto, quando trataram da regeneração, em nem nenhum sentido afirmaram-na como precedendo a fé.[20] Ao invés disso, diversas vezes consideraram-na como consequência da fé. Por exemplo, Calvino, no mesmo item onde argumentou ser a fé, e não a regeneração, a principal obra do Espírito Santo na salvação, afirmou que o Espírito ilumina o homem levando-o à fé e assim (depois) o regenera para que seja nova criatura:
Portanto, como na pessoa de Cristo dissemos achar-se perfeita salvação, assim, para que nos tornemos dela participantes, “batiza-nos ele no Espírito Santo e no fogo” [Lc 3.16], iluminando-nos à fé viva de seu evangelho, e assim nos regenera para que sejamos “novas criaturas” [2Co 5.17], e, purificados das impurezas profanas, a Deus nos consagra por templos santos [1Co 3.16, 17; 6.19; 2Co 6.16; Ef 2.21]. [21]
Calvino também titula o capítulo 3 do livro 3 de suas Instituas como “Somo Regenerados Mediante a Fé”, colocando a fé precedendo a regeneração. Neste mesmo capítulo, artigo 1 (Edição clássica – Latim, p. 70), ele afirma:
Ora, uma vez que Cristo nos confere ambas essas coisas, isto é, novidade de vida e reconciliação graciosa, e a ambas alcançamos pela fé, discute-se a razão e método de ensinar, ambas as quais começo a dissertar neste ponto.
Calvino, ao comentar os textos de 1Jo 5.1 e Jo 1.13, também afirma:
Ele confirma por outra razão que a fé e o amor fraternal estão unidos, pois visto que Deus nos regenera pela fé, ele deve necessariamente ser amado por nós como um Pai, e este amor compreende todos os seus filhos.[22]
Podem pensar que o evangelista inverte a ordem natural fazendo a regeneração preceder a fé, ao passo que, ao contrário, a regeneração é efeito da fé, e portanto deve ser posicionada depois. Eu respondo que ambas as afirmações concordam perfeitamente, pois pela fé recebemos a semente incorruptível (1Pe 1.23), pela qual somos nascidos de novo a uma vida nova e divina.[23]
Em seu Prefácio à Carta aos Romanos, Lutero declara:
Fé é uma obra de Deus em nós, a qual transforma-nos e leva-nos a nascer novamente de Deus (cf. João 1).[24]
Theodore Beza, o sucessor de Calvino em Genebra, argumenta:
Da mesma forma como a alma produz os seus efeitos quando é naturalmente unida ao corpo, assim, quando pela fé, Jesus Cristo habita em nós de uma maneira espiritual, Seu poder ali produz e revela Suas graças. Essas são descritas nas Escrituras pelas palavras “regeneração” e “santificação”, e fazem-nos novas criaturas no que diz respeito às qualidades que podemos ter (João 3:03, Efésios 4:21-24).[25]
Melanchthon, reformador luterano e autor da Confissão de Augsburgo (1530), escreve em “Apologia da Confissão de Augsburgo” (1531):
Esta fé especial, pela qual o homem crê que os pecados lhe são remitidos por Cristo, e que Deus é aplacado, e é propício, por amor de Cristo, obtém, portanto, a remissão dos pecados e nos justifica. E porque no arrependimento, isto é, nos terrores, consola e erige os corações, nos regenera e traz o Espírito Santo, a fim de então podermos cumprir a lei de Deus, a saber, amar a Deus, temê-Ia veramente, afirmar veramente que Deus atende preces, obedecer-lhe em todas as aflições, mortificar a concupiscência.[26]
Zacharias Ursinus (1534-1583), co-autor do Catecismo de Heidelberg (1562), em seu comentário sobre o mesmo catecismo, escreve:
Em resumo, os efeitos da fé são justificação e regeneração, que é iniciada nesta vida e será perfeita no porvir (Rm 3:28; 10:10; Acts 13:39).[27]
O artigo 24 da Confissão Belga (1561) declara:
Cremos que a verdadeira fé, tendo sido acesa no homem pelo ouvir da Palavra de Deus e pela obra do Espírito Santo, regenera o homem e o torna um homem novo. Esta verdadeira fé o faz viver na vida nova e o liberta da escravidão do pecado.[28]
Enfim, parece que Arminio não teve em quem se apoiar para colocar a regeneração (ato instantâneo de infusão de nova vida) antes da fé. Se essa foi realmente sua intensão, então ele foi o primeiro teólogo protestante a manifestar objetivamente essa ideia.
Chamo a atenção do leitor para perceber a grande ironia de se concluir precipitadamente que Arminio defendeu a precedência da regeneração em relação à fé: o teólogo holandês seria considerado o fundador da ordo calvinista, de forma que todo calvinista contemporâneo poderia se denominar um legítimo arminiano! O bode expiatório do calvinismo seria na verdade o fundador de uma das doutrinas diferenciais do calvinismo, e o Sínodo de Dort, ao invés de rejeitar o pensamento de Arminio, seria o primeiro a reforça-lo. Mas certamente não é este o caso.
O primeiro documento reformado oficial que menciona a regeneração precedendo a fé foi elaborado no Sínodo de Dort (1618-1619), dez anos após a morte de Arminio. Os Cânones de Dort afirmam:
Esta conversão é aquela regeneração, renovação, nova criação, ressurreição dos mortos e vivificação, tão exaltada nas Escrituras, a qual Deus opera em nós, sem nós. Mas esta regeneração não é efetuada pela pregação apenas, nem por persuasão moral. Nem ocorre de tal maneira que, havendo Deus feito a sua parte, resta ao poder do homem ser regenerado ou não regenerado, convertido ou não convertido. Ao contrário, a regeneração é uma obra sobrenatural, poderosíssima, e ao mesmo tempo agradabilíssima, maravilhosa, misteriosa e indizível. De acordo com o testemunho da Escritura, inspirada pelo próprio autor desta obra, regeneração não é inferior em poder à criação ou à ressurreição dos mortos. Consequentemente todos aqueles em cujos corações Deus opera desta maneira maravilhosa são, certamente, infalivelmente e efetivamente regenerados e de fato passam a crer. Portanto a vontade que é renovada não é apenas acionada e movida por Deus, mas ela age também, sob a ação de Deus, por si mesma. Por isso também se diz corretamente que o homem crê e se arrepende mediante a graça que recebeu.[29]
Sobre esta declaração, duas coisas precisam ser ditas:
(1) Naquele tempo, conforme anteriormente apresentado, o termo “regeneração” não tinha um significado tão bem definido como hoje e poderia abranger diversos eventos, entre os quais, obras prévias e preparatórias que, embora às vezes declaradas como parte da regeneração, não faziam parte da própria essência da mesma; nesta linha, o artigo anterior do próprio credo afirma que Deus opera a conversão fazendo “com que ouçam o Evangelho mediante a pregação e poderosamente ilumina suas mentes pelo Espírito Santo de tal modo que possam entender corretamente e discernir as coisas do Espírito de Deus”.
(2) De acordo com o puritano John Owen (1616-1683), um dos mais eminentes teólogos protestantes [30], os clérigos ingleses presentes no sínodo de Dort criam que há um conjunto de obras antecedentes e conducentes à regeneração, as quais, segundo ele, incluíam iluminação, convencimento do pecado e mudança nas afeições e no comportamento [31]. O interessante é que ele mesmo repudia a atitude dos teólogos contemporâneos que escarneciam do conceito de obras prévias defendido pelos clérigos ingleses.  Estas foram as palavras de Owen:
Em primeiro lugar, em referência à própria obra de regeneração, positivamente considerada, podemos observar de forma geral que existem obras prévias e preparatórias, ou operações nas almas dos homens que são antecedentes e conducentes. Mas mesmo a regeneração não consiste nisso, nem pode ser extraída disso. Esta é, em essência, a posição dos teólogos da igreja da Inglaterra no sínodo de Dort, dois dos quais morreram bispos e outros deles foram dignificados na hierarquia. Menciono isso, pois aqueles que desprezam essas coisas não podem de maneira nenhuma considerar as cinzas deles com menosprezo e desdém. É justo, sem dúvida, para qualquer homem, sobre bases honestas, a discordância em relação aos julgamentos e determinações deles;  mas é típico da geração dos novos teólogos entre nós fazê-lo atribuindo-lhes estupidez, com desdém, desprezo, escárnio e zombaria quanto ao que eles acreditavam e ensinavam.[32]
Assim, em função do desenvolvimento teológico da época, e como pelo menos parte do corpo sinodal possuía um entendimento diferente daquele que a declaração parece exprimir (que a primeira obra é a regeneração), permanece a dúvida se os termos “regeneração” e “novo nascimento” foram pretendidos para o sentido que nos é aparentemente mais óbvio. Mas é fato que este documento é o enunciado embrionário da tardia ordo salutis calvinista.
Diante disso, a terceira consideração importante é que o intérprete das palavras de Arminio deve levar em conta que as influências do professor de Leiden jamais defenderam a fé como efeito da regeneração. O próprio fundador do calvinismo considerava a fé a causa instrumental do recebimento de todos os benefícios da salvação, incluindo a regeneração. Arminio não encontrou em seus mestres a precedência da regeneração. Desta forma, se ele não for o próprio criador desta doutrina, parece improvável que ele tenha tratado do recebimento de nova vida espiritual antes da união com Cristo pela fé.   Além disso, destaca-se o fato de o embrião da ordo calvinista surgir somente 10 anos após a morte de Arminio (ainda que permaneça a dúvida se a intensão dos teólogos presentes no Sínodo foi a de defender a regeneração como ato inicial do processo salvífico).

3 REGENERAÇÃO À LUZ DE ARMINIUS

3.1 Para o professor de Leiden, a união com Cristo era o fator crucial para o recebimento das bênçãos da salvação, inclusive a regeneração.

O leitor de Arminio, se não tomar o devido cuidado, pode facilmente interpretá-lo equivocadamente. É difícil resistir à tentação de impor ao termo “regeneração” o significado que nos é comum. Mas devemos nos lembrar de que ele era um teólogo do século XVI e, como tal, enxergava a salvação de uma ótica objetiva, dando ênfase à graça e ao trabalho de Cristo por nós.
Jacó Arminio, semelhante a Calvino, considerou a união com Cristo a porta de entrada salvação. Para ele, todas as bênçãos salvíficas, inclusive a regeneração, vinham através da união com Cristo, mediante a fé. Isto ele declarou de maneira muito consistente:
Porque Cristo se torna nosso pela fé, e somos enxertados em Cristo, feitos membros do seu corpo, da sua carne e dos seus ossos, e desta forma estabelecidos com ele, unidos ou conectados juntos, para que possamos receber dele o poder vivificante do Espírito Santo, pelo qual o velho homem é mortificado e ressuscitado para uma nova vida. [33]
O teólogo holandês foi ainda mais contundente ao declarar que a fé precede a regeneração. Neste discurso ele não tinha em mente uma “ordem”, mas sim a ideia de uma “condição” para união com Cristo e para consequente regeneração:
Além disso, mesmo a verdadeira fé viva em Cristo precede a regeneração estritamente considerada, e consiste da mortificação ou morte do velho homem, e a vivificação do novo homem, como Calvino, na mesma passagem de suas Institutas, publicamente declarou, e de uma maneira que concorda com as Escrituras e com a natureza da fé. [34]
Note a expressão “estritamente considerada” e a definição de regeneração declarada logo em seguida. Arminio desejou restringir a aplicação do vocábulo “regeneração”. Parece-nos estranho que um termo teológico tão bem estabelecido e definido necessite ser qualificado para possibilitar seu correto entendimento. Acontece que, na época, o termo carregava um significado flexível e o professor sentiu a necessidade de indicar ao intérprete a que evento estava a se referir. Desta forma, Arminio utilizou a expressão para apontar estritamente para a mortificação do velho homem e vivificação do novo, um conceito aparentemente bem próximo do atual, embora muito mais objetivo. Enfim, para ele, estritamente considerada, a regeneração, enquanto benefício da salvação (novo nascimento), somente ocorreria mediante a união com Cristo através da fé.

3.2 Arminio empregou o termo regeneração para fenômenos distintos

O eminente teólogo de Leiden fez uso de significados distintos para “regeneração”. Ecoando as vozes de sua época, ele algumas vezes tratou da regeneração como a própria salvação, enfatizando o processo progressivo de santificação iniciado nesta vida e perfeito somente no porvir. Arminio afirmou que as “obras de regeneração e iluminação não são completadas em um único momento” e, “por esta razão, em pessoas regeneradas, enquanto residem nestes corpos mortais, a carne cobiça contra o espírito (Gl 5:17).” [35]
Adicionalmente, Arminio considerou a “regeneração” ora como a própria obra do novo nascimento, ora como um processo preparatório para o novo nascimento (iluminação, pesar pelo pecado, temor, etc.). Algumas vezes também se referiu à regeneração como a soma dessas duas definições, ou seja, obras preparatórias seguidas da própria vivificação.  Neste último caso, obviamente a regeneração aparece como um processo progressivo, no entanto, não indica que exista algum momento antes da “regeneração estritamente considerada” em que o homem seja “parcialmente regenerado”.
A distinção de significados fica muito clara quando ele traça uma fronteira ente o homem não regenerado e o regenerado. Ele define que a expressão “não regenerado” pode ser aplicada a dois tipos de homens: (1) aos que permanecem privados do elemento inicial da ação do Espírito, e (2) aos que estão experimentando a ação preparatória do Espirito Santo, porém ainda não nasceram novamente. Segundo ele, o homem que experimenta a ação do Espírito e está no processo de regeneração (iluminação) ainda não é regenerado (vivificado):
“Porque o termo ‘não-regenerado’ pode ser entendido em dois sentidos:
(1) ou denota aqueles que não experimentaram nenhuma ação do Espírito regenerador, ou de seu direcionamento ou preparação para a regeneração, os quais são, portanto, privados do elemento inicial da regeneração;
(2) ou pode significar aqueles que estão no processo do novo nascimento e experimentam a ação do Espírito Santo que pertence ou à preparação, ou à própria essência da regeneração, mas que ainda não estão regenerados; isto é, eles são trazidos a confessar os seus pecados, a lamentar por causa deles, a desejar a libertação e buscar o Libertador que tem lhes sido apresentado; mas eles não estão ainda equipados com o poder do Espírito pelo qual a carne ou o velho homem é mortificado, e pelo qual um homem, sendo transformado em novidade de vida, é feito capaz de executar obras de justiça”.[36]
Se, tanto o homem que permanece em um estado de escuridão total, quanto o homem que está em processo de iluminação e de arrependimento, são pessoas “não-regeneradas” (ainda não vivificadas pelo Espírito), segue-se que todas as obras iniciais realizadas pelo Espírito, mesmo que sejam ditas parte do processo de regeneração, não implicam no próprio ato do novo nascimento; são obras antecessoras e preparatórias. Ele deixa isso ainda mais claro no seu discurso sobre Romanos 7:
“Mas um homem não regenerado não é apenas aquele que é totalmente cego, ignorante da vontade de Deus, que consciente e voluntariamente se contamina por pecados sem nenhum remorso de consciência,” […] mas também é aquele “que é afetado com uma sensação dolorosa do pecado, é oprimido com seu fardo e é contristado segundo Deus — que sabe que a justiça não pode ser adquirida pela lei, e que está , portanto, compelido a fugir para Cristo. Por todas essas particularidades, de qualquer maneira que sejam consideradas, elas não pertencem à essência e as partes essenciais de regeneração, penitência, ou arrependimento, que são mortificação, vivificação e despertamento; mas são apenas coisas anteriores, e podem ter algum lugar entre os começos, e, se for da vontade de alguém, elas podem ser reconhecidas como as causas do arrependimento e da regeneração, conforme Calvino eruditamente e nervosamente explicou-lhes em suas Institutas Cristãs (Lib. 3, cap. 3.)”. [37]
O conceito de obras preparatórias distintas da regeneração não é uma criação de Arminio. Além de John Owen e dos clérigos ingleses presentes em Dort, muitos outros puritanos dos séculos XVI e XVII como William Perkins (1558-1602), William Ames (1586-1633) e Richard Sibbes (1577-1635) [38], além do co-autor do Catecismo de Heidelberg Zacharias Ursinus (1534-1583) e, segundo Jacó Arminio, os próprios Beza e Calvino defenderam a ideia de uma graça preparatória e antecedente à regeneração, cuja essência difere do novo nascimento. Alguns deles, como Owen, descreveram esta graça como uma ação do Espírito, mediante a pregação do evangelho, que antecede qualquer benefício da salvação. Ela ilumina, convence, subsidia a mudança de comportamento e capacita o homem a preparar-se para receber a regeneração. Outros, como Perkins e Calvino, descreveram-na como um temor produzido por Deus que atinge o coração do homem, o qual convence-o de sua miséria.
Sobre essa graça prévia e preparatória, John Owen escreveu:
…há determinados efeitos espirituais internos realizados nas almas dos homens, dos quais a palavra pregada é a causa instrumental, que ordinariamente precedem a obra de regeneração, ou a real conversão a Deus. E eles são redutíveis a três pontos principais: — 1. Iluminação; 2. Convencimento; 3. Reformação. O primeiro destes diz respeito somente à mente; o segundo, à mente, à consciência e às afeições; e o terceiro, à vida e comportamento.[39]
Zacharias Ursinos declarou:
Alguns perguntam, em relação a este assunto: não são essas obras preparatórias para a conversão? Ao que nós respondemos: se por obras preparatórias se pretende algo como oportunidade de arrependimento, ou aquilo que Deus usa com a finalidade de efetuar o arrependimento em nós, o que pode ser dito verdade da conduta exterior e disciplina da vida, até o ponto de estar em conformidade com a lei divina; ouvir, ler e meditar na palavra de Deus; também a cruz, e as circunstâncias adversas; se é a tais trabalhos que se referem, podemos admitir que há obras que são preparatórias.[40]
William Perkins, contemporâneo de Arminio, escreveu:
Deus dá ao homem os meios externos de salvação, especialmente o ministério da palavra, e junto a ele envia alguma cruz externa ou interna para quebrar e subjugar a resistência da nossa natureza de forma a ela ser maleável à vontade de Deus … isto feito, Deus traz um homem ao exame da lei … ele faz o homem particularmente ver e saber seu próprio e completo pecado  pelo qual ele ofende a Deus … ele atinge o coração com um legítimo temor … ele faz o homem temer a punição e o inferno e ficar sem esperança de salvação relativa a qualquer coisa em si mesmo.[41]
Jacó Arminio, por sua vez, também cria nas obras prévias e preparatórias, as quais não faziam parte da essência da regeneração. Desta forma, o novo nascimento não seria a primeira obra do Espírito realizada no homem, mas sim a iluminação, temor e o pesar pelo pecado. Ele acreditava estar em perfeita harmonia com os ensinos de Calvino e Beza. Ao responder um dos artigos difamatórios atribuídos a ele, o teólogo holandês apresentou seu entendimento sobre as opiniões de Beza e Calvino quanto às obras preparatórias:
Veja a distinção que Calvino faz entre “temor inicial e filial”, e aquela de Beza, que é de opinião de que “tristeza e arrependimento do pecado não pertencem às partes essenciais da regeneração, mas apenas àquelas que são preparatórias”; mas ele coloca “a própria essência da regeneração na mortificação e na vivificação ou ressurreição”.[42]
Em suma, é plausível dizer que Arminio empregou o termo regeneração para descrever três fenômenos distintos (algumas vezes os itens 2 e 3 ligados):
(1) a própria salvação com ênfase na santificação iniciada nesta vida e perfeita somente no porvir;
(2) o processo pelo qual o Espírito leva o homem ao novo nascimento; uma sequência progressiva e abrangente, composta de obras preparatórias e conducentes à vivificação do novo homem, todavia, distinta da própria vivificação. Tal processo, visível na teologia dos séculos XVI e XVII, não pode ser confundido com entendimento contemporâneo de regeneração, e menos ainda com alguma espécie de regeneração parcial; [43]
(3) o ato do Espirito de vivificação do novo homem e mortificação da velha natureza; a própria essência da regeneração; uma obra que restaura o homem à condição de fazer o que é agradável a Deus, todavia não sem o auxílio da graça divina. Um benefício que somente pode ser recebido pela ligação com Cristo, mediante a fé.
Desta forma, o intérprete de Jacó Arminio deve ter pleno conhecimento dessas abordagens e saber contextualizá-las, de forma a não incorrer no erro de colocar na boca dele palavras e conceitos que lhe eram estranhos.

3.3 A frase que causa a confusão deve ser vista pela ótica do próprio Arminio.

Já está muito claro que não existe precedência da regeneração em relação à fé em Armino, pelo menos não se entendida como “o ato secreto de Deus pelo qual ele nos comunica nova vida espiritual”. Mas então o que o nobre protestante quis dizer com essas palavras:
Mas em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de e por si mesmo, pensar, desejar, ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom.[44]
O problema não está na frase que é relativamente muito simples, mas no emprego de uma ótica equivocada para interpretá-la. O maior motivo de tropeço para os intérpretes contemporâneos é o fato de a palavra “regeneração” estar presente na citação. Devido à nossa cosmovisão fundada em desenvolvimentos teológicos relativamente recentes, tendemos a buscar uma ordem que sequer entrou em pauta (note que os termos “fé” ou “crer” não foram utilizados por Arminio). Faça um exercício mental e tente encaixar a “fé” dentro das palavras do teólogo holandês.  O resultado provável seria o seguinte:
…mas é necessário que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que ele possa ter fé …..
Talvez essa seria a tentativa de qualquer um de nós. Mas que tal se um teólogo do século XVI participasse do exercício? Quem sabe o próprio Arminio? Ficaria mais ou menos assim:
…mas é necessário que ele seja regenerado (dotado com dons do Espírito Santo, tais como, , caridade, etc.,) e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom…
Parece-nos fora do comum, mas a fé foi colocada dentro da regeneração. Arminio fez exatamente isso no argumento imediatamente posterior em suas obras, no qual define o que significa essa regeneração necessária ao homem:
Com referência à Graça Divina, […] é uma infusão (tanto no entendimento humano quanto na vontade e afeições,) de todos aqueles dons do Espírito Santo que pertencem à regeneração e renovação do homem – tais como a fé, a esperança, a caridade, etc.; pois, sem estes dons graciosos, o homem não é capaz de pensar, desejar, ou fazer qualquer coisa que seja boa. [45]
Neste trecho ele se preocupa em explicar que por “regeneração” pretende se referir ao conjunto de dons do Espirito Santo necessários ao homem para que seja capaz de “pensar, desejar, ou fazer qualquer coisa que seja boa”, no qual está incluída a fé (fé, esperança, caridade, etc.,). Não existe uma ordem entre a fé e a regeneração neste texto porque ele parte do pressuposto que a fé está inserida dentro da regeneração. Ou seja, a regeneração aqui está sendo considerada uma soma dos dons do Espírito e não um evento da ordo salutis; é a própria salvação.
É evidente que a nossa cosmovisão teológica move-nos a uma interpretação equivocada das palavras de Jacó Arminio. O foco deste discurso é a necessidade da graça para execução de obras agradáveis a Deus; como poderia o homem regressar ao estado primitivo antes da queda; como poderia ser dotado novamente desta porção de conhecimento, santidade e poder que o capacitou a pensar, desejar e fazer o bem verdadeiro de acordo com o mandamento a ele entregue. Veja o discurso inteiro:
Esta é a minha opinião sobre o livre-arbítrio do homem: Em sua condição primitiva, conforme ele saiu das mãos de seu criador, o homem foi dotado de tal porção de conhecimento, santidade e poder, que o capacitou a entender, avaliar, considerar, desejar, e executar o bem verdadeiro, de acordo com o mandamento a ele entregue. Todavia nenhum destes atos ele poderia fazer, exceto através da assistência da Graça Divina. Mas em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de e por si mesmo, pensar, desejar, ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito participante desta regeneração ou renovação, eu considero que, visto que ele está liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer aquilo que é bom, todavia não sem a ajuda contínua da Graça Divina. [46]
Arminio estava explicando que o homem perdera o livre arbítrio na queda e, então, necessitaria ser alvo da graça divina para que fosse restaurado ao seu estado de liberdade. Se há alguma ordem neste discurso, ela envolve apenas graça (preveniente, excitante, seguinte e cooperante) e salvação (todos os benefícios incluídos). Ele está tratando o assunto sob uma ótica objetiva, não subjetiva; ampla, não específica ao ato inicial da salvação. O correto entendimento da frase é: para executar qualquer coisa verdadeiramente boa, o homem precisa da iniciativa e perpétuo auxílio da graça de Deus.

4 CONCLUSÃO

Três fatores são importantes na compreensão das palavras do teólogo holandês: (1) suas reflexões teológicas nunca objetivaram um arranjo dos aspectos subjetivos da salvação. Para ele, a ordo salutis, conforme a conhecemos hoje, era uma ideia desconhecida; (2) os teólogos protestantes do século XVI não entendiam a regeneração conforme o padrão atual e não raramente empregavam o termo com significados distintos; (3) suas influências jamais defenderam a fé como efeito da regeneração, por isso, ele não tinha em quem buscar tal entendimento. Pelo contrário, em sua época, a união com Cristo mediante a fé era considerada o ponto inicial para o recebimento dos benefícios da salvação.
Partindo dessas premissas para uma análise do entendimento de Arminio, o intérprete perceberá que o teólogo empregou o vocábulo “regeneração” com diferentes significados: (1) a própria salvação com ênfase na santificação progressiva (perfeita na glorificação); (2) obras antecedentes e conducentes ao novo nascimento; (3) a mortificação do velho e vivificação do novo homem. Nos momentos em que tratou especificamente da vivificação do homem, a própria essência da regeneração, colocou-a como benefício da união com Cristo mediante a fé.
A frase de Arminio que dá margem à confusão deve ser interpretada à luz do próprio teólogo holandês, na qual a única ordem pretendida foi a antecedência e continuidade da graça diante de qualquer ato agradável a Deus. Nela, segundo argumento do próprio Jacó Arminio, “regeneração” é usada como termo que inclui as dádivas do Espírito, “tais como a fé, a esperança, a caridade, etc.” Portanto, é inviável concluir que a fé é efeito da regeneração a partir desse discurso, já que ela foi incluída pelo próprio teólogo dentro da regeneração.
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[1] Roger E Olson. An Arminian Ordo Salutis (Order of Salvation), Disponível em:<http://www.patheos.com/blogs/rogereolson/2013/08/an-arminian-ordo-salutis-order-of-salvation/> Acesso em 28/08/2013.
[2] Por exemplo, a ampla maioria dos calvinistas (e demais cristãos) defende que a justificação é posterior a fé, porém teólogos como Maccovius, Comrie, A. Kuyper e A. Kuyper Jr. apontam a justificação como o processo inicial da ordo (Louis Berkhof, Systematic Theology. Eerdmans Publishing Co. Michigan, 1949,  p.418).
[3] Ver Fesko, Beyond Calvin: Union with Christ and Justfication in Early Modern Reformed Theology, Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 2012, p.53.
[4] Wayne Gruden, Teologia Sistemática, Ed. Vida, São Paulo,  2001, p.331.
[5] Arminio, Works. Disponível em: <http://www.arminianismo.com/index.php/categorias/obras/livros/114-james-arminius-as-obras-de-james-arminius-vol1-/184-3-sobre-o-livre-arbitrio-do-homem > Acesso em 29/08/2013.
[6] William A. Dyrness,Veli-Matti Kärkkäinen. Global Dictionary of Theology: A Resource for the Worldwide Church. p.622. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=ncqkZnDSeo4C&pg=PA622&dq=ordo+salutis&hl=pt-BR&sa=X&ei=lG4fUvimCO7K4APJ5oAY&redir_esc=y#v=onepage&q=ordo%20salutis&f=falseAcesso em: 29/08/2013.
[7] G. C. Berkouwer, Faith and Justification, Grand Rapids: Eerdmans, 1954, p.25.
[8] S.B. Ferguson e D.E Wright. New Dictionary of Theology, Leicester: IVP, 1988, p.480.
[9] Herman Ridderbos, Paul: An Outline of his Theology, Grand Rapids: Eerdemans, 1975, p.14. (Texto nos colchetes adicionados pelo autor do artigo).
[10] G. C. Berkouwer, Faith and Justification, Grand Rapids: Eerdmans, 1954, p 25.
[11] Wayne Gruden, Teologia Sistemática, Ed. Vida, São Paulo,  2001, p.329
[12] Joseph Mizzi. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/regeneracao/regeneracao-ct_joseph-mizzi.pdf> Acesso em 16/10/2013.
[13] Stanley Horton, Teologia Sitemática, pp. 375-377
[14] João Calvino, Institutas, Edição clássica (latim), Livro3, Cap 3, p. 77.
[15] Shedd, Willian G. T. Dogmatic Theology, Charles Scribner’s Sons: New York, 1888. p 491.
[16] Louis Berkhof, Systematic Theology. Eerdmans Publishing Co. Michigan, 1949, p.466.
[17] G. C. Berkouwer, Faith and Justification, Grand Rapids: Eerdmans, 1954, p 25.
[18] Conforme citado por J.V.Fesko em Beyond Calvin: Union with Christ and Justfication in Early Modern Reformed Theology, Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 2012, pp.18-20.
[19] Louis Berkhof, A história das doutrinas cristãs. Ed. PES, 1992, São Paulo, p. 197.
[20] Dr. David L. Allen. Disponível em: <http://sbctoday.com/2013/05/17/dr-david-l-allen-2013-john-316-presentation-part-33/#_ftn14,> Acesso em 30/08/2013.
[21] João Calvino, Institutas, Edição clássica (latim), Livro3, Cap 1, p. 23.
[22] João Calvino, Commentaries on the Catholic Epistles, (Edinburgh: The Calvin Translation Society, 1855), p. 250. Disponível em: <http://www.ccel.org/ccel/calvin/calcom45.v.vi.i.html> Acesso em: 29/08/2013.
[23] João Calvino, Commentary on John – Volume 1. Disponível em:<http://www.ccel.org/ccel/calvin/calcom34.vii.ii.html> Acesso em: 30/08/2013.
[24] Martin Lutero, Preface to the Letter of St. Paul to the Romans. Disponível em: <http://www.ccel.org/l/luther/romans/pref_romans.html> Acesso em: 30/08/2013.
[25] Theodore Beza, Faith and Justification. Disponível em: <http://www.apuritansmind.com/justification/faith-justification-by-dr-theodore-beza/> Acesso em 04/09/2013.
[26] Book of Concord, Augsburg Confession, Article IV (II): Of Justification. Disponível em: <http://bookofconcord.org/defense_4_justification.php> Acesso em: 30/08/2013.
[27] Zacharias Ursinus, Commentary on the Heidelberg Catechism (1591), trans. G. W. Williard (1851, reprint, Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed, 1985), Q. 21.
[28] Confissão Belga. Disponível em: <http://www.prca.org/prtj/Portuguese/Confissao_Belga.htm> Acesso em: 30/08/2013.
[29] Cânones de Dort, capítulos 3 e 4. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/credos/dort.htm> Acesso em: 4/09/2013.
[30] New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious, Volume 8,  p.293. Disponível em: <http://www.ccel.org/ccel/schaff/encyc08/Page_293.html> Acesso em 30/09/2013.
[31] Ver John Owen, Pneumatologia, pp.219-223 Disponível em: <http://www.ccel.org/ccel/owen/pneum.html> Acesso em 30/09/2013.
[32] Ibid., p.219
[33] Arminio, Works. Christian Classics Ethereal Library, Grand Rapids, MI. Vol 2, p.115. Disponível em:< http://deusamouomundo.com/wp-content/uploads/2013/12/Arminius-James-Works-of-J.-Arminius-v2.pdf> Acesso em 10/11/2013.
[34] Ibid.
[35] Arminio, Works. Christian Classics Ethereal Library, Grand Rapids, MI. Vol 1, p. 282. Disponível em: < http://deusamouomundo.com/wp-content/uploads/2013/12/Arminius-James-Works-of-J.-Arminius-v1.pdf> Acesso em 10/11/2013.
[36] Ibid., pp. 170-171.
[37] Arminio, Works. Christian Classics Ethereal Library, Grand Rapids, MI. Vol 2,  p.115. Disponível em:<http://deusamouomundo.com/wp-content/uploads/2013/12/Arminius-James-Works-of-J.-Arminius-v2.pdfl> Acesso em 10/11/2013.
[38] Sobre a doutrina da graça preparatória nos puritanos ver Norman Pettit, The Heart Prepared: Grace and Conversion in Puritan Spiritual Life (New Haven and London: Yale University Press, 1966) e Joel Beeke and Mark Jones, A Puritan Theology: Doctrine for Life Grand Rapids: Reformation Heritage Books, 2012.
[39] John Owen, Pneumatologia, p.221. Disponível em: <http://www.ccel.org/ccel/owen/pneum.html> Acesso em 30/09/2013.p.221
[40] Zacharias Ursinus, Commentary on the Heidelberg Catechism (1591), trans. G. W. Williard (1851, reprint, Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed, 1985), Q. 91.
[41] William Perkins, The Whole Treatise of the Cases of Conscience, Book I, Chapter V, pp. 50-51.
[42] Arminio, Works. Christian Classics Ethereal Library, Grand Rapids, MI. Vol 1, pp. 170-171. Disponível em: < http://deusamouomundo.com/wp-content/uploads/2013/12/Arminius-James-Works-of-J.-Arminius-v1.pdf>Acesso em 10/11/2013.
[43] O maior expoente arminiano da atualidade, Roger Olson, caiu nesse erro. Ele afirma que Arminio defendeu a regeneração parcial, como se no momento em que o Espírito começa a agir no homem, este já não está completamente morto. Disponível em: <http://deusamouomundo.com/o-que-e-arminianismo/> Acesso em: 11/12/2013.
[44] Arminio, Works. Disponível em: <http://www.arminianismo.com/index.php/categorias/obras/livros/114-james-arminius-as-obras-de-james-arminius-vol1-/184-3-sobre-o-livre-arbitrio-do-homem > Acesso em 29/08/2013.
[45] Arminio, Works. Disponível em: <http://www.arminianismo.com/index.php/categorias/obras/livros/114-james-arminius-as-obras-de-james-arminius-vol1-/183-4-sobre-a-graca-de-deus> Acesso em 29/08/2013.
[46] Arminio, Works. Disponível em: <http://www.arminianismo.com/index.php/categorias/obras/livros/114-james-arminius-as-obras-de-james-arminius-vol1-/184-3-sobre-o-livre-arbitrio-do-homem > Acesso em 29/08/2013.