COMO ERA A VIDA NOS TEMPOS DE ABRAÃO - DR RODRIGO SILVA


NESTE VÍDEO O DR. RODRIGO SILVA IRÁ NOS TRAZER INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE COMO ERA A VIDA NOS DIAS DE ABRAÃO.

A REFORMA PROTESTANTE DO SÉCULO XVI - RESUMO HISTÓRICO



Alderi Souza de Matos

1. Antecedentes – final da Idade Média

1.1 Os Estados Nacionais

Nos séculos que antecederam a Reforma Protestante, a Igreja não vivia em um vácuo, mas sim em um contexto político e social mais amplo com o qual tinha múltiplas interações. No final da Idade Média, houve o surgimento dos chamados “estados nacionais”, as modernas nações européias, o que representou uma grande ameaça às pretensões do papado. Na Alemanha (Sacro Império Romano), Rudolf von Hapsburg foi eleito imperador em 1273. Em 1356, um documento conhecido como Bula de Ouro determinou que cada novo imperador seria escolhido por sete eleitores (quatro nobres e três arcebispos). Havia descentralização política, isto é, o poder dos príncipes limitava a autoridade do imperador, e forte tensão entre a igreja e o estado.

Na França, houve o fortalecimento da monarquia com Filipe IV, o Belo (1285-1314). Esse rei enfrentou com êxito o poder da Igreja e dos papas e preparou a França para tornar-se o primeiro estado nacional moderno. Na Inglaterra, o parlamento reuniu-se pela primeira vez em 1295. Esse país teve um grande rei na pessoa de Eduardo I (†1307), que subjugou os nobres e enfrentou com êxito o papa na questão de impostos.

1.2 O Declínio do Papado

Este período começa com o pontificado de BonifácioVIII (1294-1303), um papa arrogante e ambicioso que entrou em confronto direto com o rei Filipe IV acerca de impostos e da autoridade papal. Bonifácio publicou três famosas bulas: Clericis Laicos, na qual reclama que os leigos sempre foram hostis ao clero; Ausculta Fili (“Escuta, filho”), dirigida ao rei francês, Unam Sanctam (1302), denominada “o canto do cisne do papado medieval”. Irritado com as ações papais, Filipe enviou suas tropas, o papa foi preso e faleceu um mês após ser libertado.

Seguiu-se um período de crescente desmoralização do papado. Clemente V (1305-1314), um papa francês, transferiu a Cúria, ou seja, a administração da Igreja, para Avinhão, ao sul da França, no que ficou conhecido como o “Cativeiro Babilônico da Igreja” (1309-1377). Em toda parte, cresceram as críticas às extravagâncias e ao luxo da corte papal. João XXII (1316-1334) mostrou-se eficiente na cobrança de taxas e dízimos para cobrir essas despesas. Finalmente, ocorreu o chamado “Grande Cisma”, em que houve dois e posteriormente três papas rivais em Roma, Avinhão e Pisa (1378-1417). Diante dessa situação constrangedora, surgiu em toda a Europa um clamor por “reformas na cabeça e nos membros”.

1.3 O Movimento Conciliar

Durante o “Grande Cisma”, cada papa considerou-se o único legítimo e excomungou o rival. Assim, houve a necessidade de um concílio para resolver a crise. O Concílio de Pisa (1409) elegeu um novo papa, mas os outros dois recusaram-se a serem depostos, resultando em três papas ao mesmo tempo. João XXIII, o segundo papa pisano, convocou o Concílio de Constança (1414-1417), que depôs os três papas, elegeu Martinho V como único papa, decretou a supremacia dos concílios sobre o papa e condenou os pré-reformadores João Wycliff, João Hus e Jerônimo de Praga. O Concílio de Basiléia (1431-1449) reafirmou a superioridade dos concílios. Finalmente, o Concílio de Ferrara-Florença (1438-1445) tentou a união com a Igreja Ortodoxa (frustrada pela conquista de Constantinopla pelos turcos em 1453) e reafirmou a supremacia papal. Essa tentativa fracassada de tornar a Igreja mais democrática e governá-la através de concílios ficou conhecida como conciliarismo.

1.4 Movimentos dissidentes

Outro aspecto desse período de efervescência foi o surgimento de alguns movimentos dissidentes no sul da França que despertaram forte oposição da Igreja Católica. Um deles foi o dos cátaros (em grego = “puros”) ou albigenses (da cidade de Albi), surgidos no século 11. Caracterizavam-se por um sincretismo cristão, gnóstico e maniqueísta, com um dualismo radical (espiritual x material) e extremo ascetismo. Foram condenados pelo 4° Concílio Lateranense em 1215 e mais tarde aniquilados por uma cruzada. Para combater esses e outros hereges, a Inquisição foi oficializada em 1233.

Outro movimento foi liderado por Pedro Valdo ou Valdes († c.1205), de Lião, cujos seguidores ficaram conhecidos como “homens pobres de Lião”. Tinham um estilo de vida comunitário, ensinavam as Escrituras no vernáculo (enfatizando o Sermão do Monte), incentivavam a pregação de leigos e de mulheres, negavam o purgatório. Condenados pelo Concílio de Verona em 1184, foram muito perseguidos, refugiando-se em vales remotos e quase inacessíveis dos alpes italianos. Mais tarde, abraçaram a Reforma Protestante, sendo assim uma das poucas Igrejas protestantes anteriores à Reforma do Século 16.

1.5 Primeiros Movimentos de Reforma

Nos séculos 14 e 15, surgiram alguns movimentos esporádicos de protesto contra certos ensinos e práticas da Igreja Medieval. Um deles foi encabeçado por João Wycliff (1325?-1384), um sacerdote e professor da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Wycliff atacou as irregularidades do clero, as superstições (relíquias, peregrinações, veneração dos santos), bem como a transubstanciação, o purgatório, as indulgências, o celibato clerical e as pretensões papais. Seus seguidores, conhecidos como os lolardos, tinham a Bíblia como norma de fé que todos devem ler e interpretar.

João Hus (c.1372-1415), um sacerdote e professor da Universidade de Praga, na Boêmia, foi influenciado pelos escritos de Wycliff. Definia a igreja por uma vida semelhante à de Cristo, e não pelos sacramentos. Dizia que todos os eleitos são membros da igreja e que o seu cabeça é Cristo, não o papa. Insistia na autoridade suprema das Escrituras. Hus foi condenado à fogueira pelo Concílio de Constança. Seus seguidores ficaram conhecidos como Irmãos Boêmios (1457) e foram muito perseguidos. Foram os precursores dos Irmãos Morávios, que veremos posteriormente, outro grupo protestante cujas raízes são anteriores à Reforma do século 16. Outro indivíduo incluído entre os pré-reformadores é Jerônimo Savonarola (1452-1498), um frade dominicano de Florença, na Itália, que pregou contra a imoralidade na sociedade e na Igreja, inclusive no papado. Governou a cidade por algum tempo, mas finalmente foi excomungado e enforcado como herege.

1.6 Movimentos Devocionais

Além dos movimentos que romperam com a Igreja, houve outros que permaneceram na mesma por se concentrarem na vida devocional, sem críticas aos dogmas católicos. Um deles foi o misticismo, bastante forte na Inglaterra, Holanda e especialmente na Alemanha (Reno). Os principais místicos dessa época foram Meister Eckhart (†1327); Tauler (†1361) e os “Amigos de Deus”, Henrique Suso (†1366) e mais tarde o célebre teólogo e líder eclesiástico Nicolau de Cusa (1401-1464). O misticismo dava ênfase à união com Deus, ao amor, à humildade e à caridade, e produziu uma belíssima literatura devocional.

Outro importante movimento foi a Devoção Moderna, que se manteve forte durante todo o século 15. Suas ênfases recaíam sobre a espiritualidade, a leitura da Bíblia, a meditação e a oração. Também valorizava a educação, criando ótimas escolas. Foi um movimento leigo, para ambos os sexos, e também exerceu grande influência sobre os reformadores protestantes. Os participantes eram conhecidos como Irmãos da Vida Comum. A obra mais importante e popular produzida por esse movimento foi o belíssimo livreto devocional A Imitação de Cristo (1418), escrito por Thomas à Kempis.

1.7 Os humanistas bíblicos

O interesse pelas obras da Antiguidade levou ao estudo da Bíblia nas línguas originais pelos chamados humanistas bíblicos. Os principais deles foram o italiano Lorenzo Valla (†1457), estudioso do Novo Testamento; o inglês John Colet (†1519), estudioso das epístolas paulinas; o alemão Johannes Reuchlin (†1522), notável hebraísta; o francês Lefèvre D’Étaples (†1536), tradutor do Novo Testamento; e o holandês Erasmo de Roterdã (1466?-1536), “o príncipe dos humanistas”, que publicou uma edição crítica do Novo Testamento grego com uma tradução latina, talvez a obra mais importante publicada no século 16, que serviu de base para as traduções de Lutero, Tyndale e Lefèvre e muito influenciou os reformadores protestantes. Esse retorno às Escrituras muito contribuiu para a Reforma do Século 16.

1.8 Situação Geral

O final da Idade Média foi marcado por muitas convulsões políticas, sociais e religiosas. Entre as políticas destacou-se a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), entre a Inglaterra e a França, na qual tornou-se famosa a heroína Joana D’Arc. Houve também muitas revoltas camponesas, o declínio do feudalismo, a expansão das cidades e o surgimento do capitalismo. No aspecto social, havia fomes periódicas e o terrível flagelo da peste bubônica ou peste negra (1348). As guerras, epidemias e outros males produziam morte, devastação e desordem, ou seja, a ruptura da vida social e pessoal. O sentimento dominante era de insegurança, ansiedade, melancolia e pessimismo. Isso era ilustrado pela “dança da morte”, gravuras que se viam em toda parte com um esqueleto dançante.

Na área religiosa, houve a erosão do ideal da cristandade ou “corpus christianum”, a sociedade coesa sob a liderança da igreja e dos papas. A religiosidade era meritória, com missas pelos mortos, crença no purgatório e invocação dos santos e Maria. Ao mesmo tempo, havia grande ressentimento contra a igreja por causa dos abusos praticados e do desvio dos seus propósitos. Isso é ilustrado pela situação do papado no final do século 15 e início do século 16. Os chamados papas do renascimento foram mais estadistas e patronos das artes e da cultura do que pastores do seu rebanho. A instituição papal continuou em declínio, com muitas lutas políticas, simonia, nepotismo, falta de liderança espiritual, aumento de gastos e novos impostos eclesiásticos. Como papa Alexandre VI (1492-1503), o espanhol Rodrigo Borja foi um generoso promotor das artes e da carreira dos seus filhos César e Lucrécia; Júlio II (1503-1513) foi um papa guerreiro, comandando pessoalmente o seu exército; Leão X (1513-1521), o papa contemporâneo de Lutero, teria dito quando foi eleito: “Agora que Deus nos deu o papado, vamos desfrutá-lo”.

2. A Reforma Protestante  – 1ª Parte

2.1 O contexto social e religioso

Vimos, no final da seção anterior, alguns elementos que caracterizavam a sociedade européia às vésperas da Reforma. Havia muita violência, baixa expectativa de vida, profundos contrastes socioeconômicos e um crescente sentimento nacionalista. Havia também muita insatisfação, tanto dos governantes como do povo, em relação à Igreja, principalmente ao alto clero e a Roma. Na área espiritual, havia insegurança e ansiedade acerca da salvação em virtude de uma religiosidade baseada em obras, também chamada de religiosidade contábil ou “matemática da salvação” (débitos = pecados; créditos = boas obras).

Foi bastante inusitado o episódio mais imediato que desencadeou o protesto de Lutero. Desde meados do século 14, cada novo líder do Sacro Império Romano era escolhido por um colégio eleitoral composto de quatro príncipes e três arcebispos. Em 1517, quando houve a eleição de um novo imperador, um dos três arcebispados eleitorais (o de Mainz ou Mogúncia) estava vago. Uma das famílias nobres que participavam desse processo, os Hohenzollern, resolveu tomar para si esse cargo e assim ter mais um voto no colégio eleitoral. Um jovem da família, Alberto, foi escolhido para ser o novo arcebispo, mas havia dois problemas: ele era leigo e não tinha a idade mínima exigida pela lei canônica para exercer esse ofício. O primeiro problema foi sanado com a sua rápida ordenação ao sacerdócio.

Quanto ao impedimento da idade, era necessária uma autorização especial do papa, o que levou a um negócio altamente vantajoso para ambas as partes. A família nobre comprou a autorização do papa Leão X mediante um empréstimo feito junto aos banqueiros Fugger, de Augsburgo. Ao mesmo tempo, o papa autorizou o novo arcebispo Alberto de Brandemburgo a fazer uma venda especial de indulgências, dividindo os rendimentos da seguinte maneira: parte serviria para o pagamento do empréstimo feito pela família e a outra parte iria para as obras da Catedral de São Pedro, em Roma. E assim foi feito. Tão logo foi instalado no seu cargo, Alberto encarregou o dominicano João Tetzel de fazer a venda das indulgências (o perdão das penas temporais do pecado). Quando Tetzel aproximou-se de Wittenberg, Lutero resolveu pronunciar-se sobre o assunto.

2.2 Martinho Lutero (1483-1546)

Martinho Lutero nasceu em 1483 na pequena cidade de Eisleben, na Turíngia, em um lar muito religioso. Seu pai trabalhava nas minas e a família tinha uma vida confortável. Inicialmente, o jovem pretendeu seguir a carreira jurídica, mas em 1505 defrontou-se com a morte em uma tempestade e resolveu abraçar a vida religiosa. Ingressou no mosteiro agostiniano de Erfurt, onde se dedicou a uma intensa busca da salvação. Em 1512, tornou-se professor da Universidade de Wittenberg, onde passou a ministrar cursos sobre vários livros da Bíblia, como Gálatas e Romanos. Isso lhe deu um novo entendimento acerca da “justiça de Deus”: ela não era simplesmente uma expressão da severidade de Deus, mas do seu amor que justifica o pecador mediante a fé em Jesus Cristo (Rom 1.17).

No dia 31 de outubro de 1517, diante da venda das indulgências por João Tetzel, Lutero afixou à porta da igreja de Wittenberg as suas Noventa e Cinco Teses, a maneira usual de convidar-se uma comunidade acadêmica para debater algum assunto. Logo, uma cópia das teses chegou às mãos do arcebispo, que as enviou a Roma. No ano seguinte, Lutero foi convocado para ir a Roma a fim de responder à acusação de heresia. Recusando-se a ir, foi entrevistado pelo cardeal Cajetano e manteve as suas posições. Em 1519, Lutero participou de um debate em Leipzig com o dominicano João Eck, no qual defendeu o pré-reformador João Hus e afirmou que os concílios e os papas podiam errar.

Em 1520, a bula papal Exsurge Domine (= “Levanta-te, Senhor”) deu-lhe sessenta dias para retratar-se ou ser excomungado. Os estudantes e professores da universidade queimaram a bula e um exemplar da lei canônica em praça pública. Nesse mesmo ano, Lutero escreveu várias obras importantes, especialmente três: À Nobreza Cristã da Nação AlemãO Cativeiro Babilônico da Igreja e A Liberdade do Cristão. Isso lhe deu notoriedade imediata em toda a Europa e aumentou a sua popularidade na Alemanha. No início de 1521, foi publicada a bula de excomunhão, Decet Pontificem Romanum. Nesse ano, Lutero compareceu a uma reunião do parlamento, a Dieta de Worms, onde reafirmou as suas idéias. Foi promulgado contra ele o Edito de Worms, que o levou a refugiar-se no castelo de Wartburgo, sob a proteção do príncipe-eleitor da Saxônia, Frederico, o Sábio. Ali, Lutero começou a produzir uma obra-prima da literatura alemã, a sua tradução das Escrituras.

2.3 A Reforma na Alemanha

A partir de então, a reforma luterana difundiu-se rapidamente no Sacro Império, sendo abraçada por vários principados alemães. Isso levou a dificuldades crescentes com os principados católicos, com o novo imperador Carlos V (1519-1556) e com o parlamento (Dieta). Na Dieta de 1526, houve uma atitude de tolerância para com os luteranos, mas em 1529 a Dieta de Spira reverteu essa política conciliadora. Diante disso, os líderes luteranos fizeram um protesto formal que deu origem ao nome histórico “protestantes”. No ano seguinte, o auxiliar e eventual sucessor de Lutero, Filipe Melanchton (1497-1560), apresentou ao imperador Carlos V a Confissão de Augsburgo, um importante documento que definia em 21 artigos a doutrina luterana e indicava sete erros que Lutero via na Igreja Católica Romana.

Os problemas político-religiosos levaram a um período de guerras entre católicos e protestantes (1546-1555), que terminaram com um tratado, a Paz de Augsburgo. Esse tratado assegurou a legalidade do luteranismo mediante o princípio “cujus regio, eius religio”, ou seja, a religião de um príncipe seria automaticamente a religião oficial do seu território. O luteranismo também se difundiu em outras partes da Europa, principalmente nos países nórdicos, surgindo igrejas nacionais luteranas na Suécia (1527), Dinamarca (1537), Noruega (1539) e Islândia (1554). Lutero e os demais reformadores defenderam alguns princípios básicos que viriam a caracterizar as convicções e práticas protestantes:sola Scripturasolo Christosola gratiasola fidessoli Deo gloria. Outro princípio aceito por todos foi o do sacerdócio universal dos fiéis.

2.4 Ulrico Zuínglio (1484-1531)

Ulrico Zuínglio recebeu uma educação esmerada, com forte influência humanista. Inicialmente, foi sacerdote em Glarus (1506) e em Einsiedeln (1516). Influenciado pelo Novo Testamento publicado por Erasmo de Roterdã, tornou-se um estudioso das Escrituras e um pregador bíblico. Com isso, foi chamado para trabalhar na catedral de Zurique em 1518. Quatro anos mais tarde, surgiram as primeiras divergências com a doutrina católica. Zuínglio defendeu o consumo de carne na quaresma e o casamento dos sacerdotes, alegando não serem essas coisas proibidas nas Escrituras. Ele propôs o princípio de que tudo devia ser julgado pela Bíblia.

Em 1523, houve o primeiro debate público em Zurique e a cidade começou a tornar-se protestante. O reformador escreveu os Sessenta e Sete Artigos – a carta magna da reforma de Zurique – nos quais defendeu a salvação somente pela graça, a autoridade da Escritura e o sacerdócio dos fiéis, bem como atacou o primado do papa e a missa. Esse movimento suíço, conhecido como a “segunda reforma”, deu origem às igrejas “reformadas”, difundindo-se inicialmente na Suíça alemã e no sul da Alemanha. Em 1525, o Conselho Municipal de Zurique adotou o culto em lugar da missa e em geral promoveu mudanças mais radicais do que as efetuadas por Lutero.

Como estava acontecendo na Alemanha, também na Suíça houve guerras entre católicos e protestantes. Em 1529, travou-se a primeira batalha de Kappel. No mesmo ano, a Dieta de Spira mostrou aos protestantes a necessidade de uma aliança contra os seus adversários. Para tanto, era necessário que resolvessem algumas diferenças doutrinárias. Isso levou ao Colóquio de Marburg, convocado pelo príncipe Filipe de Hesse. Luteranos e reformados concordaram sobre a maior parte das questões doutrinárias, mas divergiram seriamente sobre o significado da Santa Ceia. Em 1531, Zuínglio morreu na segunda batalha de Kappel.

2.5 Os Reformadores Radicais (Anabatistas)

O terceiro movimento da Reforma Protestante surgiu na própria cidade de Zurique. Em 1522, homens como Conrado Grebel e Félix Mantz começaram a reunir-se com amigos para estudar a Bíblia. Inicialmente, eles apoiaram a obra de Zuínglio, mas a partir de 1524 passaram a condenar tanto Zuínglio quanto as autoridades municipais, alegando que a sua obra de reforma não estava sendo profunda o suficiente. Por causa de sua insistência no batismo de adultos, foram apelidados de “anabatistas”, ou seja, rebatizadores, sendo também chamados de radicais, fanáticos, entusiastas e outras designações. Por causa de suas atividades de protesto, nas quais chegavam a interromper cultos e celebrações da ceia, os líderes anabatistas sofreram punições de severidade crescente. Em 1526, Grebel morreu em uma epidemia, mas seu pai foi decapitado, Mantz foi afogado e outro líder, Jorge Blaurock, foi expulso da cidade.

O movimento logo se difundiu nas vizinhas Alemanha e Áustria e em outras partes da Europa. Um importante líder em Estrasburgo foi Miguel Sattler (c.1490-1527), que presidiu a conferência de Schleitheim (1527), na qual os anabatistas aprovaram aConfissão de Fé de Schleitheim. Essa confissão definiu os princípios anabatistas básicos: ideal de restauração da igreja primitiva; igrejas vistas como congregações voluntárias separadas do Estado; batismo de adultos por imersão; afastamento do mundo; fraternidade e igualdade; pacifismo; proibição do porte de armas, cargos públicos e juramentos. Os anabatistas foram os únicos protestantes do século 16 a defenderem a completa separação entre a igreja e o estado.

Os anabatistas adquiriram uma reputação negativa por causa de acontecimentos ocorridos na cidade de Münster (1532-1535). Influenciados por Melchior Hoffman, que anunciou o fim do mundo e a destruição dos ímpios, alguns anabatistas implantaram uma teocracia intolerante naquela cidade alemã. Finalmente, foram todos mortos por um exército católico. Já na Holanda, o movimento teve um líder equilibrado e capaz na pessoa deMenno Simons (1496-1561), do qual vieram os menonitas. Outro líder de expressão foi Jacob Hutter (†1536), na Morávia. Os menonitas e os huteritas viviam em colônias, tendo tudo em comum (ver Atos 2.44; 4.32). Cruelmente perseguidos em toda a Europa, muitos deles eventualmente emigraram para a América do Norte.

2.6 João Calvino (1509-1564)

João Calvino nasceu em Noyon, no nordeste da França. Seu pai, Gérard Cauvin, era secretário do bispo e advogado da igreja naquela cidade; sua mãe Jeanne Lefranc, morreu quando ele ainda era uma criança. Após os primeiros estudos em sua cidade, Calvino seguiu para Paris, onde estudou teologia e humanidades (1523-1528). A seguir, por determinação do pai, foi estudar direito nas cidades de Orléans e Bourges (1528-1531). Com a morte do pai, retornou a Paris e deu prosseguimento aos estudos humanísticos, publicando sua primeira obra, um comentário do tratado de Sêneca Sobre a Clemência.

Calvino converteu-se provavelmente em 1533. No dia 1º de novembro daquele ano, seu amigo Nicholas Cop fez um discurso de posse na Universidade de Paris repleto de idéias protestantes. Calvino foi considerado o co-autor do discurso e os dois amigos tiveram de fugir para salvar a vida. Calvino foi para a cidade de Angouleme, onde começou a escrever a sua obra mais importante, Instituição da Religião Cristã ou Institutas, publicada em Basiléia em 1536 (a última edição seria publicada somente em 1559). Após voltar por breve tempo ao seu país, Calvino decidiu fixar-se na cidade protestante de Estrasburgo, onde atuava o reformador Martin Butzer (1491-1551). No caminho, ocorreu um episódio marcante. Impossibilitado de seguir diretamente para Estrasburgo por causa de guerra entre a França e a Alemanha, o futuro reformador fez um longo desvio, passando por Genebra, na Suíça francesa. Essa cidade havia abraçado o protestantismo reformado há apenas dois meses (maio de 1536), sob a liderança de Guilherme Farel (1489-1565). Este, sabendo que o autor das Institutas estava de passagem pela cidade, o “convenceu” a permanecer ali e ajudá-lo.

2.7 A Reforma em Genebra

Logo, Calvino e Farel entraram em conflito com os magistrados de Genebra e dois anos depois foram expulsos. Calvino seguiu então para Estrasburgo, onde passou os três anos mais felizes e produtivos da sua carreira (1538-1541). Naquela cidade, ele pastoreou uma igreja de refugiados franceses, casou-se com a viúva Idelette de Bure (†1549), lecionou na academia de João Sturm, participou de conferências religiosas ao lado de Martin Butzer e publicou algumas obras importantes, entre elas a segunda edição das Institutas e oComentário de Romanos, o primeiro dos muitos que escreveu.

Eventualmente, os magistrados de Genebra insistiram no seu retorno. Calvino aceitou com a condição de que pudesse escrever a constituição da Igreja Reformada de Genebra. Essa importante obra, as Ordenanças Eclesiásticas, previa quatro categorias de oficiais: pastores, encarregados da pregação e dos sacramentos; doutores para o estudo e ensino da Bíblia; presbíteros, com funções disciplinares; e diáconos, encarregados da beneficência. Os pastores e os doutores formavam a Companhia dos Pastores; os pastores e os presbíteros integravam o Consistório, uma espécie de tribunal eclesiástico. Calvino teve um relacionamento tenso com as autoridades municipais até 1555. No final desse período, em 1553, o médico espanhol Miguel Serveto foi condenado e executado por heresia. Calvino teve uma participação nesse episódio, lamentada por seus herdeiros, o que não anula a sua grande obra como reformador, escritor, teólogo e líder eclesiástico. Em 1559, um ano especialmente significativo, o reformador tornou-se cidadão de Genebra, fundou a sua Academia, embrião da Universidade de Genebra, e publicou a última edição dasInstitutas.

A visão do reformador francês era tornar Genebra uma cidade-cristã-modelo através da reorganização da Igreja, de um ministério bem preparado, de leis que expressassem uma ética bíblica e de um sistema educacional completo e gratuito. O resultado foi que Genebra tornou-se um grande centro do protestantismo, preparando líderes reformados para toda a Europa e abrigando centenas de refugiados. O calvinismo veio a ser o mais completo sistema teológico protestante, tendo por princípio básico a soberania de Deus e suas implicações, soteriológicas e outras. Foi essa a origem das Igrejas reformadas (continente europeu) ou presbiterianas (Ilhas Britânicas). Os principais países em que se difundiu o movimento reformado foram, além da Suíça e da França, o sul da Alemanha, a Holanda, a Hungria e a Escócia.

Calvino também se notabilizou como um erudito bíblico. Escreveu comentários sobre quase todo o Novo Testamento e os principais livros do Antigo Testamento. Seus sermões e preleções também expuseram amplamente as Escrituras. Além disso, escreveu muitos opúsculos, tratados e cartas. Mas a maior das suas obras são as Institutas, nas quais ele expôs todos os aspectos da doutrina cristã, apelando às Escrituras e ao testemunho dos antigos pais da igreja. Em muitas de suas obras, se vê uma mão que sustenta um coração, e ao redor as palavras Cor meum tibi offero Domine, prompte et sincere (“O meu coração te ofereço, ó Senhor, de modo pronto e sincero”).

2.8 Implicações Práticas

Os reformadores não estavam buscando inovar, mas restaurar antigas verdades bíblicas que haviam sido esquecidas ou obscurecidas pelo tempo e pelas tradições humanas. Sua maior contribuição foi chamar a atenção das pessoas para a importância das Escrituras e seus grandes ensinos, especialmente no que diz respeito à salvação e à vida cristã. Para que as Igrejas Evangélicas atuais possam manter-se fiéis à sua vocação, é preciso que julguem tudo pelas Escrituras, acolhendo o que é bom e lançando fora o que é mau. Os reformadores nos mostraram que o critério da verdade não são os ensinos humanos, nem a experiência espiritual subjetiva, mas o Espírito Santo falando na Palavra e pela Palavra.

3. A Reforma Protestante  – 2ª Parte

3.1 A Reforma na Inglaterra

Vários fatores contribuíram para a introdução da Reforma Protestante na Inglaterra: o anticlericalismo de uma grande parcela do povo e dos governantes, as idéias do pré-reformador João Wycliff, a penetração de ensinos luteranos a partir de 1520, o Novo Testamento traduzido por William Tyndale (1525) e a atuação de refugiados que voltaram de Genebra. Todavia, quem deu o passo decisivo para que a Inglaterra começasse a tornar-se protestante foi o rei Henrique VIII.

Henrique VIII (1491-1547) começou a reinar em 1509. Sendo muito católico, em 1521 escreveu um folheto contra Lutero que lhe valeu o título de “defensor da fé”. Era casado com a princesa espanhola Catarina de Aragão, viúva do seu irmão, que não conseguiu dar-lhe um filho varão, mas somente uma filha, Maria. Henrique pediu ao papa Clemente VII que anulasse o seu casamento com Catarina para que pudesse casar-se com Ana Bolena (Anne Boleyn), mas o papa não pode atendê-lo nesse desejo. Uma das principais razões foi o fato de que Catarina era tia do sacro imperador germânico Carlos V. Em 1533, Thomas Cranmer (1489-1556) foi nomeado arcebispo de Cantuária e poucos meses depois declarou nulo o casamento do rei. Em 1534, o parlamento aprovou o Ato de Supremacia, pelo qual a Igreja Católica inglesa desvinculou-se de Roma e o rei foi declarado “Protetor e Único Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra.” O bispo John Fisher e o ex-chanceler Thomas More opuseram-se a essas medidas e foram executados (1535); os numerosos mosteiros do país foram extintos e suas propriedades confiscadas (1536-1539). Nos anos seguintes, Henrique ainda teria outras quatro esposas: Jane Seymour, Ana de Cleves, Catarina Howard e Catarina Parr.

Henrique morreu na fé católica e foi sucedido no trono por Eduardo VI (1547-1553), o filho que teve com Jane Seymour. Os tutores do jovem rei implantaram a Reforma na Inglaterra e puseram fim às perseguições contra os protestantes. Foram aprovados dois importantes documentos escritos pelo arcebispo Cranmer, o Livro de Oração Comum(1549; revisto em 1552) e os Quarenta e Dois Artigos (1553), uma síntese das teologias luterana e calvinista. Eduardo era doentio e morreu ainda jovem, sendo sucedido por sua irmã Maria Tudor (1553-1558), conhecida como “a sanguinária”, filha de Catarina de Aragão. Maria perseguiu os líderes protestantes e muitos foram levados à fogueira. Os mártires mais famosos foram Hugh Latimer, Nicholas Ridley e Thomas Cranmer. Muitos outros, os chamados “exilados marianos”, foram para Genebra, Estrasburgo e outras cidades protestantes.

Com a morte de Maria, subiu ao trono sua meio-irmã Elizabete I (1558-1603), filha de Ana Bolena, em cujo reinado a Inglaterra tornou-se definitivamente protestante. Em 1563, foi promulgado o Ato de Uniformidade, que aprovou os Trinta e Nove Artigos. O resultado foi o acordo anglicano, que reuniu elementos das principais teologias evangélicas, bem como traços católicos, especialmente na área da liturgia. Além dos anglicanos, havia outros grupos protestantes na Inglaterra, como os puritanos, presbiterianos e congregacionais. Os puritanos surgiram no reinado de Elizabete e foram assim chamados porque reivindicavam uma Igreja pura em sua doutrina, culto e forma de governo. Reprimidos na Inglaterra, muitos puritanos foram para a América do Norte, estabelecendo-se em Plymouth (1620) e Boston (1630), na Nova Inglaterra. Outro grupo protestante inglês foram os batistas, surgidos a partir de 1607 sob a liderança de John Smyth e Thomas Helwys. Este fundou em 1612 a primeira igreja batista geral.

No século 17, no contexto da guerra civil entre o rei Carlos I e um parlamento puritano, foi convocada a Assembléia de Westminster (1643-1649). Essa célebre assembléia elaborou uma série de documentos calvinistas para a Igreja da Inglaterra, entre os quais aConfissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve, que se tornaram os principais símbolos confessionais das Igrejas reformadas ou presbiterianas.

3.2 A Reforma na Escócia

O protestantismo começou a ser difundido na Escócia por homens como Patrick Hamilton e George Wishart, ambos martirizados. Todavia, o presbiterianismo foi introduzido graças aos esforços do reformador John Knox (†1572), um discípulo de Calvino que, após passar alguns anos em Genebra, retornou ao seu país em 1559. No ano seguinte, o parlamento escocês criou a Igreja da Escócia (presbiteriana). Knox fez oposição tenaz à rainha católica Maria Stuart (1542-1587), prima de Elizabete, que viveu na França (1548-1561) e voltou à Escócia para tomar posse do trono. A aceitação do protestantismo ocorreu no contexto da luta pela independência do domínio francês. Alguns anos mais tarde, Maria Stuart teve de fugir e buscar refúgio na Inglaterra, onde foi executada por ordem de Elizabete em 1587.

Foi na Escócia que surgiu o conceito político-religioso de “presbiterianismo”. Os reis ingleses e escoceses sempre foram firmes defensores do episcopalismo, ou seja, de uma Igreja governada por bispos. A razão disso é que, sendo os bispos nomeados pelos reis, a Igreja seria mais facilmente controlada pelo estado e serviria aos interesses do mesmo. À luz das Escrituras, os presbiterianos insistiram em uma Igreja governada por oficiais eleitos pela comunidade, os presbíteros, tornando assim a Igreja livre da tutela do Estado. Foi somente após um longo e tumultuado processo que o presbiterianismo implantou-se definitivamente na Escócia.

3.3 A Reforma na França

O movimento reformado francês surgiu na década de 1530. Inicialmente tolerante, o rei Francisco I (1515-1547) eventualmente mostrou-se hostil contra os reformados. Henrique II (1547-1559) foi ainda mais severo que o seu pai. Em 1559, reuniu-se o primeiro sínodo nacional da Igreja Reformada da França, que aprovou a Confissão Galicana. Em 1561, havia duas mil congregações reformadas no país, compostas de artesãos, comerciantes e até mesmo de algumas famílias nobres, como os Bourbon e os Montmorency. Os reformados franceses, conhecidos como huguenotes, estavam concentrados principalmente no oeste e sudoeste do país, e recebiam decidido apoio de Genebra. Ao norte e leste estava a facção ultracatólica liderada pela poderosa família Guise-Lorraine.

No reinado de Francisco II (1559-1560), os Guise controlaram o governo. Quando Carlos IX (1560-1574) tornou-se rei, sendo ainda menor, sua mãe Catarina de Médici assumiu a regência, mostrando-se inicialmente tolerante para com os huguenotes. Tentando conciliar as duas facções, ela promoveu um encontro de católicos e protestantes, o Colóquio de Poissy, em 1561. Com o fracasso desse encontro, houve um longo período de guerras religiosas (1562-1598), cujo episódio mais chocante foi o massacre do Dia de São Bartolomeu (24-08-1572). Centenas de huguenotes achavam-se em Paris para o casamento da filha de Catarina com o nobre protestante Henrique de Navarra. Na calada da noite, os huguenotes foram assassinados à traição enquanto dormiam, entre eles o seu principal líder, almirante Gaspard de Coligny. Nos dias seguintes, muitos milhares foram mortos no interior da França. Mais tarde, quando o nobre huguenote tornou-se rei, com o título de Henrique IV, ele promulgou em favor dos seus correligionários o Edito de Nantes (1598), concedendo-lhes uma tolerância limitada. Esse edito seria revogado pelo rei Luís XIV em 1685, dando início a um novo período de duras provações para os reformados franceses.

3.4 A Reforma nos Países Baixos

Os Países Baixos eram parte do Sacro Império Germânico e depois ficaram sob o domínio da Espanha. Durante o reinado do imperador Carlos V, surgiram naquela região luteranos, anabatistas e principalmente calvinistas, por volta de 1540. Desde o início foram objeto de intensas perseguições, tendo a repressão aumentado sob o rei Filipe II (1555) e o governador Duque de Alba (1567). A revolta contra a tirania espanhola foi liderada pelo alemão Guilherme de Orange, grande defensor da plena liberdade religiosa, que seria assassinado em 1584. Eventualmente, os Países Baixos dividiram-se em três nações: Bélgica e Luxemburgo (católicas) e Holanda (protestante).

A Igreja Reformada Holandesa foi organizada na década de 1570. No início do século 17, surgiu uma forte controvérsia por causa das idéias de Tiago Armínio. O Sínodo de Dort (1618-1619) rejeitou as idéias de Armínio e afirmou os chamados “cinco pontos do calvinismo”, cujas iniciais formam em inglês a palavra “tulip” (tulipa): Depravação total ( Total depravity), Eleição incondicional (Unconditional election), Expiação limitada (Limited atonement), Graça irresistível (Irresistible Grace) e Perseverança dos santos (Perseverance of the saints).

3.5 A Contra-Reforma

Ao analisarem as ações da Igreja Católica Romana após o surgimento do protestantismo, os historiadores falam em dois aspectos: Contra-Reforma e Reforma Católica. O primeiro foi o esforço da Igreja Romana para reorganizar-se e lutar contra o protestantismo. Essa reação ocorreu tanto no plano dogmático quanto político-militar. Já a Reforma Católica revelou a preocupação de corrigir certos problemas internos do catolicismo em resposta às críticas dos protestantes e de outros grupos.

Foram vários os elementos dessa reação. Na Espanha, houve notáveis manifestações de uma rica espiritualidade mística, cujos representantes mais destacados foram Teresa de Ávila e João da Cruz. Além do misticismo espanhol, outro sinal da revitalização católica foi o surgimento de várias ordens religiosas, das quais a mais importante foi a Sociedade de Jesus, fundada pelo espanhol Inácio de Loiola (1491-1556) e oficializada pelo papa em 1540. Além dos votos usuais de pobreza, castidade e obediência aos superiores, os jesuítas faziam um voto adicional de submissão incondicional ao papa. Seu objetivo era a expansão e o fortalecimento da fé católica através de missões, educação e combate à heresia. Os jesuítas exerceram forte influência sobre governantes e contribuíram decisivamente para a supressão do protestantismo em várias regiões da Europa, como a Espanha e a Polônia.

O instrumento mais eficaz tanto da Contra-Reforma quanto da Reforma Católica foi o Concílio de Trento, que se reuniu em três séries de sessões entre 1545 e 1563. Seus decretos rejeitaram explicitamente as doutrinas protestantes e oficializaram o tomismo (a teologia de Tomás de Aquino), a Vulgata Latina e os livros denominados apócrifos ou deuterocanônicos. Outros instrumentos da Contra-Reforma foram o Índice de Livros Proibidos (Index Librorum Prohibitorum, 1559) e a Inquisição, especialmente em suas versões espanhola e romana. Como expressão do dinamismo católico nesse período, as ordens dos franciscanos, dominicanos e jesuítas realizaram uma grande obra missionária no Oriente e nas Américas.

No território do Sacro Império, os conflitos entre católicos e protestantes continuaram por muitas décadas, atingindo o seu auge na tenebrosa Guerra dos Trinta Anos, que envolveu metade do continente europeu. Essa guerra terminou com a Paz de Westfália (1648), que fixou definitivamente as fronteiras político-religiosas da Europa e marcou o final do período da Reforma.

3.6 Implicações Práticas

A história da Reforma nem sempre é agradável e inspiradora. Por causa das profundas conexões entre elementos religiosos e políticos, esse período foi marcado por muita violência em nome da fé. Porque a religião é uma coisa muito importante para as pessoas, as paixões que desperta podem se tornar terrivelmente destrutivas. Os erros cometidos nessa área por diferentes grupos nos séculos 16 e 17 nos servem de advertência e de estímulo para a prática da caridade cristã e da tolerância, conforme o exemplo de Cristo. Podemos, sem abrir mão de nossas convicções, respeitar os que pensam diferente de nós.

Ao mesmo tempo, nos impressionamos com o heroísmo de tantos irmãos nossos da época da Reforma, que por causa de sua fé enfrentaram muitas provações e até mesmo mortes cruéis. O evangelho já não exige esse tipo de sacrifício da maioria dos cristãos do Ocidente, mas isso não significa que estamos livres de grandes desafios. São outras as maneiras pelas quais a nossa fé é testada no tempo presente. Viver de acordo com os princípios e os valores do Reino de Deus continua sendo uma prova difícil, mas necessária, para todos os cristãos.

Referências Bibliográficas

Como fontes para estudos e pesquisas complementares, sugerimos as seguintes obras, em português:

BETTENSON, Henry, Documentos da igreja cristã (São Paulo: ASTE, 1967); 3ª ed. revista, corrigida e atualizada (São Paulo: ASTE/Simpósio, 1998). Uma ótima coletânea de fontes primárias dos diferentes períodos da história da igreja.

CAIRNS, Earle E., O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã (São Paulo: Vida Nova, 1988). Uma das melhores histórias da igreja em um só volume disponíveis em português.

CLOUSE, Robert G., PIERARD, Richard V. e YAMAUCHI, Edwin M. Dois reinos: a igreja e a cultura interagindo ao longo dos séculos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003 (1993). Obra de grande envergadura, com quase 600 p. no texto principal. Narrativa rica e abrangente.

DOWLEY, Tim, ed., Atlas Vida Nova da Bíblia e da história do cristianismo (São Paulo: Vida Nova, 1997). Belíssima edição em cores, com excepcional qualidade gráfica. Útil também para o estudo da história bíblica (Antigo e Novo Testamento).

GONZÁLEZ, Justo L., Uma história ilustrada do cristianismo, 10 vols. (São Paulo: Vida Nova). Os dois volumes da edição em inglês foram transformados em dez pequenos volumes na edição portuguesa. Agradável de ler e, como diz o título, fartamente ilustrada.

MATOS, Alderi Souza de., A caminhada cristã na história: a Bíblia, a igreja e a sociedade ontem e hoje (Viçosa, MG: Ultimato, 2005). Coletânea de textos breves sobre temas variados da história da igreja.

NEILL, Stephen, História das missões (São Paulo: Vida Nova, 1989). Uma das melhores abordagens de um aspecto específico da história da igreja. O autor foi missionário na Índia e na África.

NICHOLS, Robert H., História da igreja cristã, 11ª ed. rev. (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000). Obra mais modesta que as anteriores, mas ótima para quem está começando a estudar a história da igreja. O autor é presbiteriano.

NOLL, Mark A., Momentos decisivos na história do cristianismo, trad. Alderi S. Matos (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000). Ao abordar doze eventos especialmente significativos, o autor acaba por incluir boa parte dos tópicos mais importantes da história da igreja. Contém um apêndice sobre o Brasil, escrito pelo tradutor.

WALKER, W., História da igreja cristã, 2 vols. (São Paulo: ASTE, 1967). Obra excelente, mas um tanto desatualizada. A edição mais recente em inglês, revista por três outros autores (Norris, Lotz e Handy) e lançada em 1985, ainda não foi publicada em português.

WALTON, Robert C., História da igreja em quadros (São Paulo: Editora Vida, 2000). As tabelas e esboços proporcionam um instrumento simples e agradável para estudar a história da igreja.

WILLIAMS, Terri, Cronologia da história eclesiástica em gráficos e mapas (São Paulo: Vida Nova, 1993). Os ótimos gráficos permitem visualizar facilmente alguns dos temas mais importantes da história da igreja.

A DESCENDÊNCIA DE ADÃO E EVA PÓS QUEDA, DENTRE OS QUAIS SE DESTACA CAIM E ABEL



Sua dúvida diz respeito a Gênesis 4:16, 17: “Retirou-se Caim da presença do SENHOR e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden. E coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho.”
É certo que as Escrituras não mencionam o nome da mulher de Caim e nem a sua procedência. Porém, devemos nos lembrar que a Terra já tinha começado a ser povoada quando ele se casou. Com certeza, naquela altura dos acontecimentos, havia muito mais do que apenas 5 pessoas, inclusive outras mulheres além de Eva. Notemos os seguintes pontos antes de chegarmos a uma conclusão:
1. Em Gênesis são mencionados pelos nomes os filhos de Caim e depois os de Sete, que seria o patriarca da segunda geração, nascido quando Adão tinha 130 anos (Gênesis 5:3). E o Livro Santo afirma ainda que Adão, além de Sete, “gerou filhos e filhas” (Gênesis 5:4). Não sendo importantes tais detalhes, não foram mencionados os nomes e nem a quantidade de filhos e filhas que Adão e Eva tiveram, mas, é certo que a bênção de Deus ao casal, registrada em Gênesis 1:28, já estava se cumprindo: “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra…” E, num tempo em que a vida humana se media em séculos, a descendência de Adão já deveria ser numerosa. Portando, uma dessas filhas de Adão, irmã de Caim, poderia ter sido sua esposa.
2. Caim cometeu o brutal homicídio em idade já madura. Diz Gênesis 4:3: “Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.”
Isso mostra o transcorrer de um período considerável de tempo. A tradução de Matos Soares e de Figueiredo diz: “Passados muitos anos…”. E, o “Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia” também admite esta hipótese: “ao fim de muitos dias denota um período indefinido e considerável de tempo transcorrido. Ora, a esta altura dos acontecimentos, já a prole de Adão estaria numerosíssima”.
3. Alguns acreditam que a mulher de Caim até poderia ter sido uma sobrinha dele, filha de Sete. Baseiam-se no fato de ter decorrido muito temo o exílio de Caim na terra de Node, (Gênesis 4:16) e o seu casamento relatado no verso 17. E o verso 25 afirma que Adão e Eva tiveram outro filho para substituir o justo Abel assassinado. Esse era Sete, e também ele “gerou filhos e filhas”. Gênesis 5:7. A terra de Node, para onde Caim foi, era conhecida com esse nome no tempo de Moisés, (em que ele estava escrevendo o Livro!) que relatou por inspiração divina a história de Caim. É bem provável que no tempo de Caim o lugar não tinha nome. Também é importante considerarmos que o relato da vida de Adão foi feito por Moisés talvez milênios depois dos acontecimentos. Este é o motivo de se dizer que Caim fundou uma cidade (Gênesis 4:17), quando talvez se tenha fundado com o alastramento de sua própria prole.
4. Há ainda comentaristas que admitem que no espaço de 300 anos, o número de filhas e filhos de Adão era superior a 50 e mais de 20 os filhos de Sete.
5. A dificuldade geral parece estar no capítulo 4 verso 17, onde diz que Caim conheceu sua mulher. Mas o texto não diz que ele a conheceu de vista pela primeira vez. Afirma que ele a conheceu e ela concebeu um filho. O seu conhecimento quanto à sua mulher não foi no sentido de a ver pela primeira vez, mas sim de gerar um filho. É comum na Bíblia usar o termo “conhecer” para se referir à relação sexual (ver Mateus 1:25).

Podemos concluir que tanto Caim quanto Sete e todos os demais filhos de Adão e Eva casavam-se ou com uma irmã sua ou com uma sobrinha (naquele tempo os homens não se casavam tão prematuramente como nos nossos dias). E, ao tempo em que Caim pensara em casar-se, havia muitas irmãs e muitas sobrinhas, o que não lhe trouxe dificuldades para encontrar uma esposa.
*Autor desconhecido. A resposta foi editada pelo jornalista e consultor bíblico Leandro Quadros.
Equipe Biblia Online

ARQUEOLOGOS ENCONTRAM O QUE PODE SER AS MINAS DO REI SALOMÃO




A velha briga para determinar o que é fato e o que é lenda nos textos bíblicos acaba de passar por mais uma reviravolta - e quem saiu ganhando foi o glorioso reino de Salomão, filho de Davi, que teria governado os israelitas há 3.000 anos. Escavações na Jordânia sugerem que a extração de cobre em escala industrial no antigo reino de Edom - região que, segundo a Bíblia, teria sido vassala dos reis de Israel - coincide, em seu auge, com a época do filho de Davi. Em outras palavras: as célebres "minas do rei Salomão" podem ter existido do outro lado do rio Jordão.


A pesquisa, coordenada pelo arqueólogo Thomas E. Levy, da Universidade da Califórnia em San Diego, está na edição desta semana da prestigiosa revista científica americana PNAS, e bate de frente com os que duvidam da existência de uma monarquia poderosa em Jerusalém durante o século 10 a.C. Segundo esses pesquisadores, como Israel Finkelstein [ele é um arqueólogo ateu, figura sempre presente nas páginas da Superinteressante e da Galileu], da Universidade de Tel Aviv, tanto a região de Jerusalém quanto a área de Edom, onde as minas foram encontradas, eram habitadas por uns poucos aldeões e pastores nômades nessa época. O surgimento de reinos politicamente bem organizados e capazes de empreendimentos de larga escala só teria sido possível por ali cerca de 200 anos depois.


Levy discorda. "O que nós mostramos de forma definitiva é a produção de metal em larga escala e a presença de sociedades complexas, que podemos chamar de reino ou Estado arcaico, nos séculos 10 a.C. e 9 a.C. em Edom. Trabalhos anteriores afirmavam que o que a Bíblia dizia a respeito disso era um mito. Nossos dados simplesmente mostram que a história de Edom no começo da Idade do Ferro precisa ser reinvestigada usando ferramentas científicas", declarou o arqueólogo ao G1. 


A região escavada por Levy e seus colegas na Jordânia é uma velha suspeita de ter abrigado as famosas minas salomônicas. Nos anos 1940, o arqueólogo americano Nelson Glueck já tinha defendido a idéia. No entanto, foi só com as escavações em larga escala no sítio de Khirbat en-Nahas (em árabe, "as ruínas de cobre"), ao sul do Mar Morto, que o tamanho da atividade mineradora ali ficou claro. Estima-se que, só em sobras da extração do minério, existam no local entre 50 mil e 60 mil toneladas de detritos. 


Numa escavação iniciada em 2006, Levy e seus colegas desceram pouco mais de 6 m e montaram um quadro em alta resolução da história de Khirbat en-Nahas. A ocupação começa com uma estrutura retangular de pedra, com protuberâncias ou "chifres". "Pode ter sido um altar", conta o arqueólogo - esses "chifres" eram usados como plataforma para besuntar o sangue dos animais sacrificados na antiga Palestina. Acima dessa estrutura, ao menos duas grandes fases de extração de cobre estão documentadas, com paredes de pedra que serviam como instalação industrial. 


Uma das formas de datar a atividade mineradora é a presença de artefatos egípcios - um escaravelho e um colar - que aparentemente datam da época dos faraós Siamun e Shesonq (chamado de Sisac na Bíblia) - o século 10 a.C. Mas os pesquisadores também usaram o método do carbono 14 para estimar diretamente a idade de restos de madeira usados para derreter o minério e extrair o cobre. O veredicto? O mais provável é que a atividade industrial na área tenha começado em 950 a.C., data equivalente ao auge do reinado de Salomão, e terminado em torno de 840 a.C. 


E não é só isso: escavações numa fortaleza próxima também sugerem uma construção na era salomônica, durante o século 10 a.C. Segundo o relato bíblico, Salomão usou vastas quantidades de bronze (cuja matéria-prima, ao lado do estanho, era o cobre) na construção do templo de Jerusalém. Também teria continuado o domínio estabelecido por seu pai Davi sobre Edom e financiado uma frota de navios mercantes que saíam do litoral edomita em busca de produtos de luxo. 


Levy diz que os dados obtidos em Khirbat en-Nahas são compatíveis com o quadro do Antigo Testamento, mas mostra cautela. "Se as atividades lá podem ser atribuídas ao controle da produção de metal pela Monarquia Unida israelita, pelos edomitas ou por uma combinação de ambos, ou até por um outro grupo, é algo que nossa equipe na Jordânia ainda está investigando", ressalta ele. 


A pedido do G1, o arqueólogo Israel Finkelstein comentou o estudo na PNAS e fez pesadas críticas [o que se podia esperar dele?]. Para começar, Finkelstein não reconhece a região de Khirbat en-Nahas como parte do antigo reino de Edom, porque o sítio fica nas terras baixas jordanianas, e não no planalto do além-Jordão.


"Na época em que Nahas está ativa, não há um único sítio arqueológico no platô de Edom, que só passa a ser ocupado nos séculos 8 a.C. e 7 a.C.", diz o pesquisador israelense. "A mineração em Nahas não tem a ver com o povoamento de Edom, mas com o do vale de Bersabéia [parte do reino israelita de Judá], que fica a oeste, ao longo das estradas pelas quais o cobre era transportado até o Mediterrâneo", afirma.


Finkelstein também critica o fato de Levy e seus colegas teram usado os rejeitos de mineração como base para sua estratigrafia, ou seja, as camadas que ajudam a datar o sítio arqueológico, porque eles formariam estratos naturalmente "bagunçados" de terra. E afirma que a fortaleza estudada pelos pesquisadores também é posterior ao século 10 a.C.


"Aceitar literalmente a descrição bíblica do rei Salomão equivale a ignorar dois séculos de pesquisa bíblica. Embora possa existir algum fundo histórico nesse material, grande parte dele reflete a ideologia e a teologia da época em que saiu da tradição oral e foi escrito, por volta dos séculos 8 a.C. e 7 a.C. Os dados de Nahas são importantes, mas não vejo ligação entre eles e o material bíblico sobre Salomão", arremata Finkelstein. [Não vê ou não quer ver?]


Levy preferiu não responder diretamente as críticas do israelense, embora um artigo anterior de sua lavra aponte que, ao contrário do que diz Finkelstein, há ligação cultural entre os habitantes das terras baixas e os edomitas do planalto. "Suponho que, toda vez que há uma interface entre textos sagrados e dados arqueológicos, é natural que o debate se torne emocional", diz ele. [Bingo!]


MODERNIDADE E IDENTIDADE CRISTÃ



INTRODUÇÃO

A igreja cristã está diante de um mundo cada vez mais envolvente e tentador. O progresso e a conseqüente modernidade tem afetado direto e indiretamente a igreja brasileira de um modo geral. Esse envolvimento é percebido através do comportamento de jovens e adultos. O mundo exterior  está se introduzindo no seio da comunidade cristã, a cada dia atingindo a toda igreja  independentemente de idade e sexo.
A sociedade está caminhando a passos largos por um caminho que não sabe onde vai dar. Só as gerações futuras saberão o que a sociedade os outorgou. Nos parece, que não receberão hereditariamente uma herança digna, que possa expressar todo o valor do ser humano feito à imagem e semelhança de Deus.
Os valores éticos e morais foram abalados e estão sendo deixados de lado. Nada mais significam, e o que é pior, há uma acentuada inversão de valores em curso na sociedade moderna. Dentro deste contexto, observamos que práticas erradas e pecaminosas, estão sendo absorvidas sutilmente pela igreja, sem questionamento e sem molestação ou sem serem criticadas à luz do conhecimento da Palavra de Deus.
É como se fosse um modismo natural ou comum, que pouco a pouco vai sendo incorporado aos costumes e hábitos cristãos. Não há nenhum outro evangelho ou revelação além do que está exposto na Bíblia Sagrada. Nada podemos acrescentar para mudarmos as regras do jogo ou virarmos a mesa, como é mais comum nos meios esportivos ou darmos o famoso jeitinho brasileiro, que se adequa a todos os seguimentos da sociedade, como se pudéssemos mudar a revelação de Deus que está em Cristo Jesus.
Estas idéias e práticas, estão sendo inseridas em nossa cultura em doses homeopáticas. No do dia a dia entre estudantes e professores nas escolas e universidades, no convívio e companheirismo nas amizades de rua. Com os vizinhos, por intermédio dos próprios pais e principalmente pela televisão, pelo rádio, cinema, jornais, revistas, serviços de sexo via telefone e ultimamente via Internet.
A igreja não tem se dado conta de que está havendo uma mudança nos hábitos e modos de vida das pessoas, como conseqüência do modelo sócio-cultural em que fomos mergulhados pela sociedade moderna.
Vamos abordar as questões básicas desse envolvimento, sem desejarmos esgotar este assunto, e veremos então como ele se dá na sociedade em que vivemos e o modo como poderemos superar todo o envolvimento da igreja com o mundo.
Devemos ter empatia e devemos nos identificar com o mundo em seus problemas, suas aflições, suas angústias e suas ansiedades, sem contudo compartilharmos com ele de seus pecados e das abominações de Canaã, porque sabemos que está reservado para o fogo eterno porque tem se esquecido de Deus. Na oração que Jesus fez por seus discípulos, pediu ao Pai que não tirasse os discípulos do mundo, mas que os livrasse do mal. E o mal é esse que está estampado aos nossos olhos e aos nossos ouvidos. Há um perigo constante que nos cerca e há tentações que nos rodeiam. Embora estejamos debaixo da graça ela não nos basta, porque o mundanismo está atingindo a todos sem clemência, crianças, adolescentes e jovens neófitos, estão ficando à margem da comunhão com Deus e da benção que Ele prometeu a Abraão quando disse: - “... em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gen 12:3).
Não vamos dar ouvido à serpente e sermos enganados por ela assim como fez com Eva no jardim do Éden, dizendo: - "É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?" (Gen 3:1). Não, isto não é verdade, não foi assim que Deus disse, logo havia uma exceção. A mesma que ainda existe hoje à luz do Novo Testamento “Rogo-te que não o tires do mundo, mas os livre do mal”. E, mais, “...posso todas as coisas mais nem tudo me convém”, disse o apóstolo Paulo.
É esse equilíbrio, e é essa a maturidade que Jesus espera de sua igreja, para que possa vencer o mundo, do mesmo modo como Ele venceu, crescendo a cada dia até atingir a meta e o objetivo maior que é tornar-se perfeita à estatura de varão perfeito que foi Cristo, “Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5:27).   

MORAL E ÉTICA

As relações entre pais e filhos estão tumultuadas, já não existe mais respeito, nossos filhos disputam a autoridade tanto quanto nós mesmos. Por mais que eu tenha lutado e por mais que eu tenha me esforçado não consegui proteger meus filhos das influências externas. Isto nos trás um sentimento de culpa, por pensar que falhamos quando isso não é verdade.
Nos sentimos impotentes, porque apesar dos esforços não conseguimos evitar a contaminação com o meio exterior. É verdade que nem tudo está perdido. No seio da família existem lutas e aborrecimentos constantes, mas em função da Palavra de Deus as coisas ainda são suportáveis.
E o que é que a igreja de Cristo tem feito para intervir na sociedade de modo que possa rever suas posições?. Onde estão os nossos profetas? Será que já não temos mais quem fale aos nossos governantes e às autoridades constituídas?. Muitas vezes estamos dizendo vamos orar, vamos orar, mas nada mais é feito senão orar. E se o Senhor estiver dizendo como o fez com Moisés: Moisés o que estás esperando diz ao povo que marche.
Os que detêm o poder para questionar toda a miséria e o lixo que prolifera nada fazem e nada podem fazer, porque são habitantes vizinhos de Canaã. A nossa justiça já não existe mais no sentido original da palavra, porque é parcial, é alienada e impotente, busca satisfazer os desejos do sistema e dos poderosos.
Todos estes fatores tem levado nossa pátria por um caminho em que parece só existir a ida. O caminho pelo qual a nossa sociedade se embrenhou parece que não tem retorno. Parece com as estórias de saci-pererê, que fazem parte da cultura mística e de ocultismo de grande maioria de brasileiros, onde se conta que, - “as pessoas que vão caçar nas matas entram por caminhos e depois se perdem, não encontrando a saída,  porque todo o mato se fecha atrás do caçador que não percebe que foi envolvido pelo engodo do tal saci-pererê”.
Similarmente a estória do caçador, não seria um caso parecido com o que está ocorrendo com a nossa sociedade?. Não estaria ela indo à caça de modernidade? e não estaria ela se perdendo por um caminho, em que cada vez mais que se embrenha no mato ele se fecha atrás. Bem que podemos atribuir ambas situações ao saci-pererê, príncipe deste mundo como disse Jesus. 
Todos nós estamos expostos e vulneráveis à modernidade que veio para ficar e que cresce a cada dia em escala cada vez maior, deixando à igreja contaminada com o vírus do fim dos tempos ameaçando a sua natureza e o seu significado diante do mundo.
Jesus advertiu: - ”...Quando porém vir o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Luc 18:8). Precisamos de líderes autênticos e totalmente comprometidos com o ensino da Palavra de Deus, para que possamos encarar todos estes problemas de frente e de cabeça erguida. Mas o que temos visto muitas vezes são líderes perplexos e ao mesmo tempo impotentes, para apontar caminhos para pastos verdejantes e águas frescas para o rebanho de Cristo, que está cada vez mais faminto e sedento de palavras que possam alimentar a sua fome e matar a sua sede, encorajando-os diante de um mundo cada vez mais envolvedor. 
A modernidade trás em seu bojo uma infinidade de propostas que inicialmente envolvem os mais descuidados e os mais ingênuos. Estes se tornam presa fácil, de novos conceitos e idéias que não tem compromissos com a verdade e não estão respaldadas na Palavra de Deus.
O autor da Epístola aos Hebreus diz que a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração (Heb 4:12). Por que não buscamos o dom do discernimento através do conhecimento de Deus e de Sua Palavra?
Eu creio que uma das formas de enfrentarmos a modernidade é fazendo com que a igreja se torne tão forte quanto foi idealizada por Jesus, que profetizou dizendo para Pedro: - ”Pois eu também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mat 16:18).
O envolvimento da igreja com a modernidade acabou por desestabilizá-la tanto na Europa como nos Estados Unidos. Foi mais uma questão de apostasia de grande parte dos cristãos, mas estou certo de que uma boa parte desta igreja se manteve fiel aos preceitos do Senhor, do contrário teria sido em vão todo o propósito de Cristo na cruz. E, Jesus não comprou uma igreja com dinheiro, nem com prata, nem com ouro, que são valores do nosso relacionamento humano. Mas, comprou com o seu próprio sangue para Deus. Diz o Apocalipse de João: - “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestidos brancos e com palmas na suas mãos” (Apoc 7:9) Jesus prometeu estar com a igreja até a consumação dos séculos (Mat 28:20).
O problema está com parte dos seguidores de Cristo que não querem compromisso maior com Ele. É então, uma questão de infidelidade à pessoa de Jesus que deu a sua vida por todos nós.
Devíamos pregar mais sobre o testemunho e o exemplo de Daniel que não se corrompeu, nem se contaminou com as delícias do cativeiro, antes fez um voto, ele e seus amigos de se manterem fiéis ao Senhor. Foi atirado na cova dos Leões mais Deus o salvou, contudo jamais deixou de se prostrar para orar ao Deus de Israel. Dentre os cativos de Israel há o exemplo de Daniel e de outros cativos hebreus que jamais se corromperam. Devemos pregar sobre Éster. Ela não aceitou a derrota, nem o extermínio de seu povo. Antes conclamou um jejum e Deus deu-lhe a vitória. Devíamos pregar mais sobre José que não se deixou levar pela cantada da mulher do Oficial Egípcio e não se deitou com ela. Foi duramente provado, mas foi aprovado por Deus que lhe deu vitória.
Devemos pregar mais sobre o domínio e a posse de Canaã, principalmente sobre a orientação que o Senhor deu a Moisés quando disse que os filhos de Israel não deviam se contaminar com as abominações dos vizinhos de Canaã. “Guarda-te, para que não esqueças o Senhor, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão. O Senhor teu Deus temerás, a ele servirás, e pelo seu nome jurarás. Não seguirás outros deuses, nenhum dos deuses dos povos que houver à roda de ti” (Deut 6:12-14).  
  O que nos consola é que existem líderes cristãos que tem se preocupado com essas mudanças que tem afetado a igreja de Cristo. As igrejas estão se tornando frias. As pessoas estão cada vez mais isoladas, não querem compromissos com Deus, não oram, não lêem a Bíblia, não fazem visitas, não participam dos cultos, não vão à igreja e boa parte dela está se deixando levar por todo vento de doutrina que aparece.
O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo advertiu: -”Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrina de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência” (I Tim 4:1). Estes tem sido na verdade como a moinha que o vento espalha. Em torno de Canaã tem muita ventania, tem muitos furacões, e olhe que o Senhor avisou através de Moisés, mesmo assim as pessoas se deixaram ventilar. É como diria o nosso Elias Brito Sobrinho, - “me engana que eu gosto e assim enganado foram indo cada vez mais longe, até se embaraçarem completamente, de modo que o castigo da dispersão e o cativeiro por mais de uma vez, se tornaram remédio e foram métodos usados por Deus para corrigir o Seu povo. Isso os devia levar à reflexão e a pensar, e foi o que por certo o fizeram, senão vejamos o Salmo 137: - “Junto aos rios de Babilônia nos assentamos e choramos lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros, que há no meio dela penduramos as nossas harpas. Porquanto aqueles que nos levaram cativos, nos pediam uma canção, e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. Mas como cantaremos o cântico do Senhor em terra estranha? Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se à minha destra da sua destreza. Apegue-se-me a língua ao paladar se me não lembrar de ti, se não preferir Jerusalém à minha maior alegria”.
Creio que o primeiro passo que a igreja deve dar para enfrentar a modernidade, é traçar o diagnostico e se conscientizar de que o problema existe. Quer dizer: o paciente deve se conscientizar ou deve estar consciente de que está doente e que precisa do atendimento médico. Sem esta conscientização dificilmente o paciente vai se expor a um tratamento que restituirá a sua saúde. Deste modo devemos trabalhar no sentido de conscientizarmos as nossas igrejas, para o perigo da modernidade a que estamos todos expostos e que é preciso a conscientização e o arrependimento, para que seja restaurada a aliança do primeiro amor com Deus o nosso Pai.
A pluralização, a privatização e a secularização tem sido os instrumentos envolvedores da modernidade, que já atingiu gravemente o cristianismo no continente Europeu e igualmente devastou os Estados Unidos da América.
Nestes dois mil anos do Evangelho, nada atingiu a igreja cristã tão acintosamente como o envolvimento com a modernidade. As pessoas têm uma gama de ofertas para escolher à vontade em todos os seguimentos de atividades comerciais, sociais, culturais e religiosas. Existem igrejas para todos os gostos.
A mídia por sua vez tem dado lavagem cerebral de massa, que é medida através das pesquisas do Ibope. Quando o Ibope dá alto significa que a maioria dos telespectadores estiveram expostos a esta lavagem cerebral.
O produto da nossa mídia tem sido a corrupção generalizada, que dizer: corrupção moral, ética, social, econômica, incutindo nas mentes desavisadas novos valores que invertem os valores antigos, provocando o que chamamos de inversão de valores.
Deste modo caminha a nossa sociedade. As novelas são um apelo constante a promiscuidade, ao homo-sexualismo, ao adultério, à mentira, ao engodo, à desmoralização da religião cristã, aos ensinos do ocultismo, do espiritismo, da bruxaria, da desobediência generalizada, da separação dos casais e consequentemente a desagregação da família e de uma porção de porcarias que passam todos os dias a qualquer hora e em qualquer canal. 
Nossos lares são invadidos diariamente pela mídia sem a nossa permissão, porque não temos direito à escolha. Nossos filhos menores não respondem por si perante à justiça, não são menores no entanto para lhes ser ensinado toda a corrupção do ser humano que passa todo dia pela TV.
Quem vai exercer a censura dentro de nossos lares se nós nem sempre vamos estar lá, mas o certo é que nossos filhos lá estarão. Os filmes tem mostrado a sexualidade com cenas explícitas em plenas tardes brasileiras de verão à inverno de outono a primavera, e ainda tem os especiais das férias para as crianças e adolescentes em frente às nossas tevês. Nunca se viu tantos filmes violentos com assassinatos hediondos e torpes de toda a ordem.
As vezes me detenho a passar canais de tevê procurando algum programa que possa assistir e não raras vezes encontro filmes violentos em que alguém sempre vai estar com uma arma em punho pronto para matar. Muitas vezes isto acontece em mais de um canal ao mesmo tempo. Se alguém tiver dúvida que experimente fazer a mesma coisa passando canais. É simplesmente uma afronta, um horror, violência, armas, sangue, morte minuto a minuto, e isto em mais de um canal. Os filmes eróticos estão também associados à violência. Outros apelam ao ocultismo, a vampiragem e ao terror.
Como estão sendo formados os homens e mulheres do futuro? emergidos de filmes de terror, de filmes de violência, de magia, ocultismo e vampiros. De cenas de sexo explícito que crianças e adolescentes muito prematuramente têm que encarar, sem mesmo saber do que se trata e se sabem do que se trata, não sabem como fazê-lo, nem porque fazê-lo, nem reúnem condições para fazê-lo, nem calculam os riscos que correm. As cenas de sexo tem sido um apelo aos jovens, que tem se atirado a ele como quem se dirige para uma miragem no deserto.
A ansiedade é uma doença emergente da modernidade tendo no sexo um de seus grandes aliados, porque o apelo é feito a todo o momento tanto em programas como em comerciais. Até mesmo na música popular, onde se ouve aquele som típico de casais apaixonados na cama.
O sexo sempre teve e vai sempre ter o seu devido lugar para todos os homens e mulheres, com exceção dos que fizeram voto de castidade ou de celibato, e os que ficam para a titia como se diz na linguagem popular. Os jovens vêem coisas que são fantasias ou ficção, havendo na verdade um grande caminho a percorrer entre o apelo e a concretização do fato; entre o conhecimento teórico e a sua concretização na prática.
As coisas não acontecem assim tão fácil. Não se compra um homem ou uma mulher enrolado em papel de presente. Há muita coisa que deve ser observada. Há uma ética, uma moral e uma geração para ser zelada por nós, que somos a Igreja de Cristo, porque a sociedade não está nem aí para o que está acontecendo com o povo. É assim que os jovens se precipitam e caem no abismo.
Minha filha mais nova, de 13 anos que estuda em uma Escola Classe na Asa Norte, nos contou que dentre as suas colegas de sala, existem duas garotas que estão grávidas e uma terceira que foi estuprada por um parente. Isto só em uma sala de aula; imagine nas demais salas de aula desta escola; imagine nas demais escolas do Distrito Federal, e como não deve estar as nossas Faculdades, e a nossa Pátria como um todo.
Isso é simplesmente alarmante. Nossas adolescentes estão se tornando mães de filhos bastardos cujos pais são adolescentes inexperientes ou imaturos. Ou são vítimas de criminosos em potencial, aproveitadores, estupradores e maníacos sexuais. E nessa corrida para o sexo, muitas mães, nem mesmo sabem quem são os verdadeiros pais de seus filhos. Por outro lado a Aids não estar perdoando mesmo. Todos estão propensos a se tornarem aidéticos em potencial, fora outras doenças também transmissíveis por causa da falta de higiene e da ignorância. E o que dizer da crise psicológica que envolve todos eles para o resto de suas vidas. O que dizer das seqüelas que ficam como cicatrizes de feridas que nunca se apagam.
O que dizermos da campanha contra a Aids do Ministério da Saúde, quando um sujeito conversa como seu próprio sexo. Na verdade esta campanha tem sido grande motivadora para a promiscuidade, do tipo tem uma aqui e tem outra ali me olhando, e se você for brincar lá atrás não se esqueça da camisinha... e mais você vai ter que encarar umas tantas mulheres, etc e etc. É um absurdo!, porque não se faz campanha para o povo parar de adulterar. No carnaval são distribuídas milhares e milhares de camisinhas para o pessoal transar à vontade. Há pessoas que estão se prostituindo e adulterando só para ver como é usada a camisinha. Ou porque se acha seguro de que não ficará grávida. Ou, porque perdeu o temor de pegar Aids.
Só tem uma coisa, o Ministério da Saúde não avisa que de vez em quando a camisinha estoura e o caldo entorna, e lá se vai a segurança para o brejo. Mesmo se tivesse toda esta garantia a contaminação sempre poderá acontecer e será eminente. Os cuidados terminam ficando de lado e o contato ou contágio acaba por se estabelecer.
E, os avós coitados, que se tornam pais de filhos bastardos, que se entregam ao sexo prematuramente, sem nenhuma maturidade e compromisso para com a família, acabam também por se tornarem avós de netos bastardos, cujos pais não tem condições de criá-los, ou elas entram pelo caminho do aborto, ou entregam os seus filhos para doação, ou a uma creche para criá-los.
A mídia brasileira tem sido instrumento de desagregação da família nacional, em todos os sentidos. É o maior poder do país, tira presidente e põe presidente. Antes os poderes eram o executivo, o judiciário e o legislativo. Agora temos um maior que estes três que é o poder da comunicação o poder da mídia. A mídia tem acesso a todos os cantos e recantos de nossa pátria, tem feito denúncias tremendas, tem derrubado presidente e ministros, políticos do tipo Ricupero que era sem escrúpulos, que o diga Monfort, que está aí bem na dele, contudo a alguns meses atrás foi instrumento de queda deste Ministro. Que o diga os anões do orçamento. Só que nunca acontece nada com eles.
Esta mesma mídia que por um lado é moralista por outro prisma é totalmente imoral. Parece o tipo do homossexual que se denomina de gilete porque usa os dois lados. Assim diríamos que a mídia brasileira, é homossexual, lésbica, criminosa, traidora, infiel, profana, ladrona, assassina, prostituta, mentirosa e outros pecados mais, porque tem ensinado todas essas práticas à toda sociedade, entra dia sai dia, em todas as horas e em todos os momentos, abertamente e ninguém faz nada.
E o que será da nova geração, que está sendo criada nas creches por pessoas que por mais que se esforcem para satisfazer as crianças, jamais poderão substituir as suas mães e dedicar-lhes todo o carinho e o amor que só a mães podem dar.
E o que diremos de uma geração que já não conta com os pais no ambiente familiar. Filhos de pais separados que vivem ora com as mães ora com os pais. O que esperamos de uma geração que foi criada por enteados e enteadas. Vi um caso recente muito interessante. Uma mulher separada tinhas duas filhas e casou-se ou amancebou-se com um homem que por sua vez tinha dois meninos, assim quatro irmãos de pais e mães diferentes, convivendo no mesmo lar. Estes irmãos por parte de pai ou mãe podem até se casar se quiserem. Nada tem a ver uns irmãos com os outros, porque não são consangüíneos. Isso é, se chegarem ao casamento. Porque podem até levar uma vida de total promiscuidade porque estão todos vivendo no mesmo lar, no mesmo quarto ou até mesmo na mesma cama sem o devido acompanhamento por parte dos pais de criação. Qual o compromisso desse que agora está no lugar de pai para quatro filhos, se as meninas por exemplo não são suas filhas. Da mesma forma a mãe nada tem a ver com os meninos, desse modo poderão no futuro manter relações íntimas da mesma sorte. A verdade é que nada se espera de um lar deste tipo, que devia ser um lugar de aconchego, de paz de amor fraterno, de equilíbrio emocional e espiritual. 
E o que serão destas crianças ainda que superem os problemas a que estão propensos como citamos. Creio que serão crianças, adolescentes, jovens e adultos, órfãos por toda à vida. Os valores de família são insubstituíveis.
E o que dizer da separação dos casais, que se tornou algo tão comum e vulgar em nossos dias.
Perdi meu pai aos 15 anos de idade, e desde que ele se foi ceifado pela morte sinto a sua falta. A família é a célula máter da sociedade. Os pais são instrumentos do Senhor para dar o equilíbrio necessário para toda a existência humana, e os filhos são herança do Senhor. Mas o que a sociedade está fazendo com a herança do Senhor?
E, o que diremos dessa geração que está sendo criada pela televisão que tem sido a babá incondicional. Crianças e mais crianças aos milhares são diariamente entregues aos cuidados dos canais de televisão, sem controle e sem censura, tornando-se cada vez mais violentos, rebeldes, desobedientes, irresponsáveis e irreconciliáveis. 
É muito triste dizer mais as profecias do apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo estão se cumprindo literalmente: - “Sabe porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães ingratos, profanos. Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te, porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscência; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade” (II Tim 3:1-7).
Não seriam estas profecias para os nossos dias? E esta carta não está implicitamente dirigida a nós. - “E ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolo: Que faremos, varões irmãos? (Atos 2:37)”. Será que o mundo não estaria diante da igreja também a fazer a mesma pergunta?. Que faremos varões irmãos?. Assustado pelos fatos que acontecem todos os dias, e em face da degeneração e da desagregação da nossa sociedade, não estaria olhando para a Igreja de Cristo como a única esperança, como uma luz no fundo do túnel, sendo na verdade o sal da terra e a luz do mundo?. Será que a igreja não estaria pronta para responder esta pergunta?. Se a igreja não está pronta para responder. Vamos levar adiante a nossa bandeira. Vamos clamar ao Senhor. Para que Ele nos capacite para a sua boa obra, porque se não somos o sal da terra, para que serviremos nós, como Jesus mesmo disse, somente para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.  
E os homens já não estão nos pisando? A Igreja de Cristo poderá ser envolvida pela modernidade, assim como se envolveu durante toda a sua existência com problemas de ordem social, cultural, política, econômica, religiosa e principalmente nas questões teológicas, com Reis, Imperadores, e governantes de toda a ordem, mas uma coisa nos consola e conforta. Ela  jamais será vencida, como nunca foi vencida e como nunca foi exterminada.
Pode ocorrer de muitos perecerem no deserto neste êxodo do Egito por causa do pecado e das abominações ao Senhor. Mas, lembremos que uma multidão entrou em na terra prometida, em Canaã, isto porque nem todos pecaram, nem todos cometeram abominações no deserto. Moisés que foi o grande líder do Senhor não entrou por causa do pecado. Ora, se muitos entraram foi porque não pecaram contra o Senhor. Não agiria o Senhor com a mesma justiça que agiu com Moisés? Assim, há um sem número como João viu em sua visão apocalíptica: “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graça” (Apoc 5:11).  

CONCLUSÃO:

O único meio de vencermos a modernidade é através da Palavra. Que deve ser ensinada sob a orientação do Espírito Santo de Deus, do mesmo modo que Deus ordenou a Moisés que ensinasse aos filhos de Israel antes de entrarem em Canaã. “Houve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás pois o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as intimarás a teus filhos, e delas falarás assentado à tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levando-te. Também se atarás por sinal na tua mão e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas” (Deut 6:4-9). A igreja precisa gozar de santa comunhão com Deus, na leitura da Palavra, na oração, no jejum, e no sacrifício vivo de louvor, dando ao Senhor toda honra, toda glória e todo o louvor, e finalizo com o texto de Romanos 8:37, que diz: - “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou”.

Augusto Bello de Souza Filho
Bel em Teologia