APOLOGÉTICA EVIDENCIALISTA - POR NÉLIO CARNEIRO DA CUNHA


RESUMO
O presente artigo tem como finalidade mostrar que os evidencialistas insistem que a apologética não pode começar a partir do pressuposto do Deus da Bíblia. A epistemologia evidencialista, começa no mesmo lugar que a epistemologia do descrente. Ambas pressupõem que o universo pode ser interpretado pela mente humana sem se referi a Deus. Eles tentam raciocinar a partir de dados (a ordem no universo, a ressurreição) para os princípios metafísicos (a existência de Deus, a divindade de Cristo). A base da fé, Segundo os evidencialistas, a certeza absoluta é algo impossível. O melhor que se pode esperar é um alto grau de probabilidade. Eles dizem que entre as várias cosmovisões possíveis, o cristianismo é o mais provável, e por isto deve ser aceito. A grande problemática dos Evidencialistas e que, se o descrente pode descobrir a verdade e interpretar o universo sem Deus, então por que ele precisa de Deus? E como é que o evidencialista sabe que existe uma correspondência entre as percepções da sua mente e o mundo exterior? O evidencialismo pode ser muito útil, contanto que seja inserido num arcabouço de pressupostos suficientes para sustentá-lo. Somente o evidencialismo não basta para comprovar o cristianismo.
Palavras-Chaves: Evidencias ,Pressupostos,Aspectos Negativos,
INTRODUÇÂO
A Apologética Evidencialista, alega que as evidências materiais favorecem a validade do cristianismo. O evidencialista começa num ponto comum com os não-cristãos, presumindo que os sentidos e a inteligência são ferramentas útepara descobrir a verdade. Ele menciona registros históricos em favor da Bíblia, procurando demonstrar que:
             Apesar de suas partes mais recentes terem sido escritas há quase dois milênios, ela foi preservada por fiéis copistas, de modo que o sentido de seu texto permaneceu inalterado ao longo dos séculos, como nenhum outro livro antigo chega perto de ser;
             Ela contém profecias pontualmente cumpridas, que anteciparam eventos internacionais em dezenas ou centenas de anos;
Ela é harmoniosa do começo ao fim, formando um único pensamento, apesar de seus autores possuírem diversas formações e culturas, e, muitas vezes, não conhecerem os livros uns dos outros;
            Ela é precisa arqueologicamente, se referindo a detalhes que, por inexatidão científica, eram contestados pelos historiadores, até serem esclarecidos por escavações posteriores.
Então, quando a razão mostra-se limitada para encontrar respostas a questões que transcendem o campo da investigação, tais como o sentido da existência, o evidencialista recomenda a aceitação do cristianismo, pelas abundantes evidências acumuladas em favor dessa religião. Todas as palavras contidas na Bíblia são fiéis de Gênesis a Apocalipse.
O uso Correto das Evidencias na defesa da Fé Cristã            
O Dr. Greg Bahnsem, explica qual o uso correto das evidências na defesa da Fé Cristã.
Na crença popular, hoje, na escolha de um método apologético, um Cristão-Bíblico defronta-se entre argumentar pressuposicionalmente ou apelar para evidências histórica ou natural em favor do Cristianismo. Mas, isto é inteiramente errado. A Apologética Pressuposicional endossa e, até mesmo, encoraja o uso das evidências – mas não oferece as evidências da forma “tradicional”, como um recurso à autoridade da (alegadamente) razão autônoma do incrédulo. Incrédulos que estão autoconscientes em sua autonomia, geralmente lutarão com todas as suas forças contra os “fatos” que nós possamos utilizar a favor da veracidade da Bíblia.
O uso pressuposicional das evidências na apologética reconhece que, no final das contas, o conflito intelectual entre Crentes e Incrédulos é uma questão de Cosmovisões. Devemos mostrar que a Cosmovisão Incrédula, pelo qual ele deseja opor-se às reivindicações da fé, não apenas exclui os fatos da Escritura, mas exclui a completa inteligibilidade de quaisquer fatos sobre qualquer assunto. Por esta razão, Van Til não desistiu de que o apologista não cometesse o engano de pretender ser neutro ou autônomo no raciocínio, mas apresenta-se sua defesa fatual de modo correto e de modo claro ao Incrédulo. “Cristianismo, então, não precisa refugiar-se sob o teto de um método cientifico independente de si mesmo. De preferência, oferece-se como um teto para métodos que seriam científicos.”
Se a inteligibilidade do raciocínio indutivo, empírico usado pelo Incrédulo se opor à Fé faz algum sentido filosófico, o Incrédulo precisará afirmar a Fé Cristã como sua pressuposição ou cosmovisão! O esforço do dos Incrédulos devem ser voltados contra sua própria incredulidade. Isso é simplesmente a maneira pressuposicional de defender a fé e pressionar os argumentos evidenciais.
A força evidencial da ressurreição de Cristo é perdida quando o argumento da evidência para isto é apresentada ao incrédulo dentro do contexto das pressuposições bíblicas? De modo algum, a Apologética Pressuposicional convoca o Cristão e o Não-Cristão a colocarem suas cosmovisões lado a lado e a fazer um exame interno de ambas em suas respectivas “lógicas internas”. Em tal comparação, a força evidencial da ressurreição de Cristo é facilmente estabelecida.
Mas alguém poderia perguntar-se: “se os pressupostos já requerem que a Bíblia seja verdade e, portanto, que Cristo já ressuscitou dentre os mortos, como poderia a evidência ser exercer influência?” Bem, depois que a buzina apita após a bola ser lançada na cesta, o apito torna-se uma questão do passado e nós, mesmo sabendo o resultado do jogo, ainda estamos estarrecidos pelo arremesso e podemos assistir impressionados quando observamos o replay do jogo. O arremesso é ainda impressionante, mesmo quando você sabe o contexto e o resultado.
E a ressurreição do nosso Senhor é muito mais impressionante, mesmo quando a abordamos dentro do contexto das verdades pressupostas pela Bíblia. Os Cristãos prontamente diriam aos Incrédulos: “Dentro de nossa cosmovisão, as evidências mostram que Deus ressuscitou Cristo dentre os mortos; ainda mais surpreendente, Ele o fez por amor para salvar pecadores como nós” – sua cosmovisão não tem nada tão impressionante como isto, mas, realmente, causa absurdo dentro da história, ciência e raciocínio.” A escolha deveria ser óbvia.
Aspectos Negativos da Apologética Evidencialista.
A apologética evidencialista apresenta três fraquezas principais, segundo Vicente Cheung, senão vejamos.
“Primeiro, biblicamente falando, o evidencialismo é infiel. Suas suposições, raciocínios e intenções não refletem o que a Escritura diz sobre Deus, o homem, a verdade e o pecado. Mas visto, que estamos fazendo apologética para defender a fé da Escritura, essa abordagem mina seu próprio propósito professo desde o início. E se a Bíblia é uma revelação da verdade, então algo que a contradiga deve ser falso.
Segundo, racionalmente falando ele é impossível. Ele começa e prossegue com os mesmos primeiros princípios, a mesma base irracional, que os incrédulos afirmam. O não-cristão confia em sua própria sensação, mas não pode fornecer uma justificativa para o empirismo. Ele apela para a sua intuição, mas não pode mostrar que a mesma reflete outra coisa que não seu preconceito subjetivo. Ele confia no seu raciocínio indutivo, mas não pode demonstrar sua validade racional. Ele pratica o método científico, que além de formalmente falacioso, depende da indução, sensação e frequentemente da intuição também.
Terceiro, falando de maneira prática, o evidencialismo não pode ser usado. Mesmo que ignoremos a primeira e a segunda série de problemas com o evidencialismo, na prática sua eficácia depende da credulidade do oponente. Essa abordagem pode fazer afirmações e alegações sobre “evidências”, que apoiam essas afirmações, mas não pode apresentar essas evidências no momento do debate. Os dados científicos relevantes, os fragmentos de manuscritos, os artefatos antigos, e assim por diante, não estão prontamente disponíveis ou portáveis para que a pessoa possa prontamente mostrá-los ao oponente como argumentos que são feitos sobre a base dessa evidência.”
Em conexão com isso, notemos que as três críticas contra o evidencialismo são de fato direcionadas para o método de raciocínio não-cristão. O fato é que o evidencialismo simplesmente adotou a abordagem não-cristã. Este sendo o caso, essas três críticas contra o evidencialismo também destroem os argumentos que os incrédulos empregam contra a fé cristã.
Além do mais, devido as inúmeras premissas dos argumentos evidenciais, e a complexidade envolvida em estabelecer cada premissa em quase cada argumento usado no evidencialismo. Sem dúvida, em quase todos os casos, o incrédulo nunca concordará. E visto que essas premissas dependem de métodos irracionais (sensação, intuição, indução, ciência, etc) para serem estabelecidos, o evidencialismo permite que o incrédulo obstinado mantenha indefinidamente sua resistência.
Portanto, ao menos que o oponente creia cegamente no cristão com respeito a essas evidências ou ao menos que a partir da exposição anterior, ele já tenha sido convencido delas. O melhor que o evidencialista pode esperar contra um incrédulo cético, segundo Vicente Cheng seria um empate.
CONCLUSÃO
Quando incrédulos resistirem aos argumentos fatuais que o apologista pode e deve prontamente colocar diante deles para confirmar ou defender a posição Cristã, Van Til diz que devemos, então, entender e levar seriamente que “a batalha não é primariamente sobre este ou aquele fato. A batalha é, basicamente, à respeito da filosofia dos fatos.... Ninguém pode ser um cientista de maneira inteligente sem ao mesmo tempo ter uma filosofia da realidade como um todo” .
Portanto, não penso que a apologética é necessária para que a fé cristã seja garantida e justificada. Mas não se segue daí que a apologética cristã seja, portanto, inútil ou não tenha nenhum beneficio em garantir e justificar a fé cristã. Se os argumentos da teologia natural e das evidências cristãs são bem sucedidos, a crença cristã é garantida por tais argumentos e evidências para a pessoa que os compreende, mesmo se ainda assim essa pessoa estivesse garantida na ausência de tais argumentos. Tal pessoa é duplamente garantida e justificada em sua crença cristã, já que dispõe de duas fontes de garantia e justificação racional.
FONTES
·         Eis Nosso Tempo!: Apologética Evidencialista: O Caminho Certo, disponível em http//www.Profgaspardesouza.blogspot.com.br./2010/02/há-uma-crítica-aos-apologistas.html, capturado em 18/09/14.
·         http//www.apologeticastpn.blogspot.com/2013/09/pressuposicionalism x evidencialismo. Capturado em 18/09/14.
·         http://www.monergismo.com/textos/apologetica/pressuposicionalismo-evidencialismo _cheung.pdf
·         Answered, Bible Questions, o que é Apologética ?, disponível em  http// www.gotquestions.org/português/apologética/.cristã.html, capturado em 15/09/14.